Prólogo

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Estava a iniciar-se o dia

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Estava a iniciar-se o dia. Os primeiros raios de luz da manhã já trespassavam as folhas das elevadas copas esverdeadas dos pinheiros da floresta que forrava a margem oeste do grande rio Unisteirn. Estes mesmos raios de luz eram refletidos na água de uma pequena lagoa próxima. É pleno verão, o clima está quente e abafado em meio à mata fechada. Os paredões de rocha que cercam aquela região montanhosa dificultam ainda mais a passagem de ar frio vindo do mar Carmídium.

Os sons de galhos e folhas secas se quebrando sob passos de ágeis pés denotavam de maneira quase indiscernível um movimento em meio aos demais sons da natureza. Três figuras misteriosas se esgueiravam ligeiramente por entre volumosos arbustos que brotavam do fértil solo de terra negra no qual se enraizavam as coníferas, evitavam assim a recém-chegada claridade, para se tornarem ainda menos perceptíveis. Todos os três tinham armas à disposição e não aparentavam portá-las com as melhores das intenções. Pela maneira como se movimentavam bem agachados e olhavam de soslaio entre rápidas espiadas por cima da vegetação que os acobertava, pareciam estar perseguindo alguma coisa ou alguém. Haviam logo abeirado uma clareira, que dava de frente para o resquício de água do rio corrente que atribuía nome àquela região, reunida ali por conta do período de estiagem. Então lá cessaram movimento, se escondendo por detrás dos largos troncos de pinheiros do rei.

– Estão vendo ele? – Perguntou sussurrando um dos homens aos outros dois. Era alto, forte e com expressão confiante no sorridente rosto barbudo, tinha os castanhos cabelos de comprimento mediano amarrados em um curto rabo de cavalo e trajava uma enlameada capa escura, revestida com a pele de um lobo negro que ele mesmo abatera em uma de suas caçadas anteriores. Na perseguição atual, caçava algo rumorado como mais perigoso e imprevisível que um lobo, segundo o que havia escutado. Por isso trazia consigo companhia.

– Sim chefe, estamos vendo o maldito. – Respondeu em timbre igualmente baixo o caçador de cabelo rente e cicatriz de corte em diagonal na testa, ao dar uma rápida espiada por cima de um farto arbusto esverdeado. Na mão direita carregava uma espada curta e na esquerda tinha uma adaga, ambas muito bem amoladas para retalharem carne com facilidade. Vestia uma couraça de couro fervido por debaixo de roupas com costuras ornadas por pelugens negras.

– Ótimo... Vai ser o seguinte... Roffger irá fazer as honras de nos apresentar ao alvo, lembre-se que precisamos capturá-lo ainda vivo para que possamos nos dar bem, então procure pegar leve, entendido? – Perguntou ao último membro do trio, acrescentando um teor de seriedade ao seu tom de voz.

– Entendido, caçador. – Assentiu Roffger. Strizzer era um grande arqueiro, mas era um espadachim melhor ainda, o melhor dos três. Por isso decidiu deixar a tarefa de ataque à longa distância com o mercenário de nome Roffger, que quase sempre acertava seus distantes alvos. Poucos se comparavam a ele em quesito de precisão com o arco, mas era com sua besta que ele realmente brilhava, por isso já se encontrava a encaixar uma das dez setas que levava consigo na aljava a tiracolo.

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