A jornada contida neste escrito se passa em Eingsfyre, o país que detém para si o poderio militar dos reinos do ocidente. Embora ainda sendo um reino, o domínio deste não está contido nas mãos de seu monarca, mas sim nas da Igreja, pois foi esta que...
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O aroma de carne e pão amanteigado assado estava a pairar pelo salão da taberna. Tochas e uma grande lareira, juntamente com um bom vinho ajudavam a manter afastados os frios ventos do inverno, cujas neves cobriam os telhados das casas e as ruas de Heartfall. O trigésimo sexto grupo ativo de recrutas tinha escolhido um local diferente para comemorar a vindoura promoção para soldado da Ordem. Todos estavam a conversar em uma atmosfera amigável, a melodia e o canto de uma habilidosa harpista ajudava a alegrar o ambiente. Até o solitário Artoges havia se enturmado mais, embora ainda continuasse um tanto relutante a respeito de formar algo que poderia ser chamado de uma grande amizade com os colegas ali presentes, pois ele temia que quando a guerra chegasse, esta amizade poderia ser destruída com o simples balançar de um machado, com uma ponta de uma lança ou uma flecha perdida. Ainda se lembrava bem das faces sem vida dos colegas da guarda de Balmon que o acompanharam até a fronteira da capital. Apesar de tudo, o rapaz havia se soltado um pouco mais, haviam colegas com os quais ele adorava falar, como Jatch o Baixo, que ganhou o apelido por possuir a menor estatura do grupo. Também gostava de interagir com Ruphus o Tonto, pouca explicação era necessária para o deste, mas seu melhor camarada dentro do grupo era Grorgan, o Escuro, que era um dos poucos membros de pele escura da Ordem. Na verdade, quase todos ali tinham ganhado apelidos, o dele era Artoges, o Estrela, por ter se espalhado a história de sua vinda para a capital, na qual ele derrotou Drakaro, o Bruto e inclusive o General Varymir. Até mesmo Huston o Mudo conseguira se aproximar deles.
Arstan Swan havia finalmente retornado à base após mais de meio ano de compromissos ao redor do reino. As notícias que trouxe consigo foram inquietantes. Os naares estavam se tornando mais ousados a cada dia, atacavam vilarejos e pilhavam pequenas cidades com agravante frequência, sempre desaparecendo na sombra das florestas em seguida. Até já haviam sido avistados batedores analisando as fronteiras da capital. Seu líder era um homem que se proclamava ''reconquistador'', alegando que procurava devolver as terras do reino aos seus donos de direito, os povos nativos de Eingsfyre. Um tal de Strovski.
Os olhos dos recrutas, além de voltados para a boa comida e bebida, estavam também focados nas serventes da estalagem. Aquilo não era de se admirar depois da surpresa que tomaram no dia em que o General Druncain contou-lhes como era a cerimônia de consagração do título de soldado da Ordem. Para se tornar membro do Exército Sagrado era preciso selar um compromisso de vida e alma em serviço ao reino e à Igreja. A missão divina de um guerreiro da Santa Catedral só se encerrava quando sua vida acabasse. A parte mais incômoda naquele juramento era a necessidade de realizar um voto de castidade em decorrência dos demais votos sagrados. Tamanha informação era mantida em sigilo durante as excursões de recrutamento para tentar não afugentar futuros voluntários. A maioria dos recrutas procurava por oportunidades de se despedirem da vida sem juramentos antes da cerimônia de formação. Artoges nunca tivera jeito com as mulheres, mas nem por isto conseguia deixar de reparar em algumas das moças do estabelecimento, mas pelo restante daquela noite, preferiu dar mais atenção à sua comida, que era algo muito mais fácil de se compreender.
