A jornada contida neste escrito se passa em Eingsfyre, o país que detém para si o poderio militar dos reinos do ocidente. Embora ainda sendo um reino, o domínio deste não está contido nas mãos de seu monarca, mas sim nas da Igreja, pois foi esta que...
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– A conteceu umas duas semanas e alguns dias atrás. Um grupo de pouco mais que cinquenta cavaleiros da Ordem foi enviado até as proximidades de Ignosvel para investigar relatos sobre um bando de amaldiçoados e hereges foragidos que se escondiam nas matas à sudeste da cidade, e que de tempos em tempos adentravam no território civil em pequenos grupos para venda de mercadorias e compra de mantimentos. – Contava o General cabisbaixo, sentado em sua cama de clara madeira desgastada, com os antebraços repousados sobre os joelhos. – Liderando o grupo de cavaleiros estava o Coronel Thenus Lein. Ele e seus homens conseguiram rastrear o dito bando de foragidos e seus comparsas... Uma luta sangrenta se sucedeu dentro do acampamento herege, situado nas margens de um pequeno lago. Nossos soldados não estavam em maior número, mas tinham boas armas e o treinamento necessário para encarar aquela situação. Os perseguidos foram pegos de surpresa... Fora isso, a maioria dos inimigos eram mulheres, crianças e velhos maltrapilhos... Apenas alguns realmente eram portadores da magia... Mas apenas esses alguns ainda levaram vinte dos nossos para suas covas. Depois do que eu presenciei ontem, prefiro nem saber o que se sucedeu das mulheres, crianças e velhos... Logo após o fim do confronto, um reforço de dez soldados da Cruz Azul foi enviado de seu posto em Ignosvel para garantirem a segurança dos outros irmãos juramentados. Três informantes foram despachados da entrada das matas para cá na intenção de relatarem o sucesso da operação. Eles disseram que apenas dois dos revoltosos foram capturados com vida, ambos amaldiçoados extremamente perigosos que haviam matado vários dos nossos soldados... Os informantes disseram que estes eram líderes do grande grupo de foragidos, e este era o único motivo de ainda estarem vivos, pois podiam deter preciosas informações sobre o paradeiro de outros grupos escondidos de hereges e amaldiçoados. A decisão de capturá-los vivos para interrogatório foi então tomada pelo Grande Mestre. Nossos cavaleiros informantes retornaram para entregar ao grupo a ordem de trazer os cativos para a capital. Mas ao chegarem lá... Encontraram o acampamento em cinzas e brasas. Disseram que corpos carbonizados dos nossos irmãos estavam espalhados por todo o lugar... A contagem foi feita. Exatamente quarenta corpos puderam ser numerados. Dois estavam faltando. O Coronel Lein foi identificado como uma das vítimas. – Concluiu o repasse da informação sigilosa. Um jovem soldado da Ordem escutava atenciosamente cada palavra da explanação, perplexo com o que ouvia. Seu nome era Donnan, um dos Tenentes. Por sorte era também um grande amigo do General, a quem ele respeitava muito, tomando-o como tutor e exemplo de inspiração, de certo modo.
– Meu Deus... Como foi que nenhum de nós ficou sabendo de uma tragédia assim?! Principalmente sendo tão recente? – Perguntou o confuso Tenente.
–Acho que isso nem cobre a superfície dos segredos que são mantidos dentro dessas espessas paredes acinzentadas... Nós estamos vivendo em um tempo de paz neste reino... Desconsiderando as constantes revoltas populares contra os altos impostos inquiridos pela Igreja e Coroa, claro... Mas não nos metemos em algo realmente sério como uma guerra já faz sete anos. Uma centelha de desordem como uma revolta herética denegrindo a imponência da Igreja poderia desencadear um sério tumulto popular. Por isso decidimos tentar confinar a informação desse último incidente dentro do círculo de superintendentes. Apenas o Grande Mestre, Arstan, eu e os outros dois Generais sabemos dessa ocorrência... Bem, e você agora... Melhor manter o bico calado, então, se não quiser entrar em encrenca.
