Era um dia qualquer na cidade de Balmon, comerciantes entravam e saiam do mercado central transportando dos mais variados produtos. Crianças pobres tentavam arrecadar o mínimo possível da multidão, nas docas ocorria o mesmo, mas o cheiro de peixe lá era mais forte. No centro daquilo tudo ficava a prefeitura, logo ao lado, o quartel da guarda da cidade, com o dragão dourado a esvoaçar na bandeira de fundo verde, o símbolo da guarda de Balmon.
No pátio de treinamento, homens se revezavam entre pares para as lutas, usavam espadas, lanças e machados de torneio naqueles exercícios, todas sem gumes para evitar acidentes graves. O capitão da guarda andava por entre as fileiras, observando os movimentos dos homens e dando conselhos sobre os mesmos, os indivíduos que ali estavam esperavam os respectivos turnos de vigia e patrulha. Outros ainda não estavam na condição de guardas, ainda terminavam seus treinamentos, o mais jovem ali tinha dez anos e o mais velho beirava os cinquenta. O capitão deveria ter de quarenta e cinco a quarenta e oito, já apresentava algumas marcas da idade, como rugas abaixo das pálpebras e curtos cabelos grisalhos, mas ainda mantinha seu aspecto vigoroso.
– Mais em cima! ... Fique sempre de lado enquanto enfrenta um oponente único, você se torna um alvo menor... Proteja da sua coxa ao pescoço com a droga do escudo! É pra isso que ele serve, não é de enfeite... Sempre mantenha distância se estiver usando uma lança contra um espadachim, ele pode mudar a maré da luta com um único movimento... Mais rápido! – Eram os conselhos do homem aos seus discípulos, por vezes ele se aproximava para corrigir posturas ou fazer demonstrações. – Não, não, dobre essas pernas, você tá parecendo uma estátua!
Cerca de cinquenta homens e jovens treinavam ali naquele horário, cinquenta dos oitocentos e tantos guardas que dispunham. Embora Balmon não fosse a maior cidade portuária de Eingsfyre, ainda possuía uma boa população de aproximadamente quinze mil. Apesar disso tudo, era um lugar calmo, boa parte disso se devia à eficiência da guarda, que agora servia apenas para acalmar tumultos, prender alguns ladrões e contrabandistas. Mas às vezes alguns dos homens eram convocados para se unirem ao exército nacional, era aí que aquele treinamento realmente entrava em uso. Ultimamente os números de convocações havia aumentado drasticamente devido às constantes invasões dos povos do leste e aos ataques de nativos revoltosos. Um terço do contingente de guardas se encontrava ausente.
Os integrantes estavam quase terminando os treinos da manhã quando a trombeta do quartel foi assoprada, indicando o retorno de outros guardas de missões exteriores ou a visita de homens do exército.
– Muito bem pessoal, é tudo por hoje, dispensados. – Avisou batendo palmas o capitão, após reconhecer que não se tratava de um chamado de urgência. Alguns se retiram para dentro do quartel e outros permaneceram lá, descansando e conversando com os colegas. Então os homens que tinham sido anunciados pelo soar do berrante adentraram o pátio, todos montados a cavalo e quase todos de armadura reluzente. Um deles portava um estandarte branco com uma cruz azulada no meio, indicando a que exército eles pertenciam.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Fardos de Batalha (Em Andamento)
FantasíaA jornada contida neste escrito se passa em Eingsfyre, o país que detém para si o poderio militar dos reinos do ocidente. Embora ainda sendo um reino, o domínio deste não está contido nas mãos de seu monarca, mas sim nas da Igreja, pois foi esta que...