A jornada contida neste escrito se passa em Eingsfyre, o país que detém para si o poderio militar dos reinos do ocidente. Embora ainda sendo um reino, o domínio deste não está contido nas mãos de seu monarca, mas sim nas da Igreja, pois foi esta que...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Soaram três vezes através da rumorosa noite os sinos da Santa Catedral, anunciando que mais um grupo de cavaleiros sagrados estava se formando. Não mais recrutas, mas sim soldados da mais poderosa infantaria de Eingsfyre. Estavam presentes cerca de dois terços dos homens que um dia foram apresentados ao rígido treinamento de Kraston, que também se encontrava lá, juntamente com os Generais Druncain e Varymir. Também podia se ver o Marechal Swan e até o caolho Grande Mestre, apoiado em sua trêmula bengala. Todos os recrutas estavam trajando elegantes vestes brancas e azuis, concebidas pela Igreja para celebrar a consagração. Encontravam-se ajoelhados ao centro do longo transepto da Catedral. O verão havia passado e o clima agradável de outono estava pairando pelos ares. Uma boa quantidade de pessoas assistia a cerimônia dos bancos da ampla nave, em sua maioria eram conhecidos e parentes. Outros ali se reuniam apenas para contemplarem a ilustríssima presença de Vossa Santidade, assim como os demais membros do clero, que o acompanhavam enquanto conduzia a cerimônia.
O interior do edifício era de extrema magnificência. O piso e as colunas que sustentavam a estrutura eram feitos em clara pedra polida. Arabescos e demais ornamentações de ouro maciço eram encontradas através das paredes e dos arcos do teto abobadado, principalmente nas imediações do altar, que tinha uma grande haste em chamas dourada o coroando. A superfície côncava da abóbada central era recoberta por nobres pinturas angelicais de Santos e dos passados Celestiais. Um longo tapete vermelho percorria toda a extensão do edifício, desde sua entrada, até a base do altar.
Após Arstan ler de um pergaminho os nomes dos ingressantes ali reunidos, Coratheus se aproximou do grupo desembainhando sua espada, cuja guarda e cabo a conferiam, juntamente com sua lâmina, o formato de uma cruz. Dali ele iniciou seu pronunciamento.
– Estamos aqui presentes neste dia especial para consagrar estes valentes guerreiros, que após várias provações mostraram que estão aptos a cumprir com a tarefa sagrada de proteger o reino de qualquer ameaça. Daqui em diante, suas vidas serão dedicadas para que esta tarefa seja bem desempenhada, até o fim de seus dias. Caso algum de vocês ainda carregue algum tipo de dúvida quanto a veracidade deste pacto, que saia daqui agora, pois não haverá mais volta. – Ninguém se levantou em resposta ao apontamento do Grande Mestre, a determinação era ao menos visível naquele derradeiro momento. – Então que assim seja. – Proclamou, dando um leve baque com a extremidade da bengala contra o piso. Logo em seguida, começou a passar pelos ajoelhados, tocando seus ombros com a extremidade desprovida de ponta da lâmina. – A espada representa a formatura militar, mostra que seus corpos encontram-se moldados para desempenhar esta função. A partir de agora eles servirão exclusivamente para este glorificado fim. – Após o velho Mestre ter passado por todos os quarenta e sete comparecentes, foi a vez do Celestial se apresentar.
– Assim como a espada representa o condicionamento do corpo, a água sacra representa a pureza da alma. Saibam que antes de tudo, o serviço divino que vocês exercerão é exclusivamente em glória ao nosso soberano Criador, para que sua vontade no mundo seja cumprida. – Proclamou a Vossa Santidade, enquanto jogava a água abençoada com uma colher de prata sobre as cabeças dos aprendizes, retirada de uma urna dourada que levava ao braço. O líder religioso trajava uma suntuosa batina branca com ornamentos religiosos tecidos em fio de ouro. A peça mais chamativa daquele vestuário era a mitra que levava à cabeça, trabalhada em ouro, safiras e esmeraldas, com a haste sagrada cravejada em rubis no seu centro. O Grande Mestre concluiu o pronunciamento logo em seguida.
