O coração do reino

7 0 0
                                    

Com o passar do tempo, as árvores dos bosques foram deixadas para trás e logo vieram aparecendo os longínquos campos, com pequenos casebres decorando o horizonte

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Com o passar do tempo, as árvores dos bosques foram deixadas para trás e logo vieram aparecendo os longínquos campos, com pequenos casebres decorando o horizonte. Neles os pacatos camponeses dos grandes anéis agrícolas residiam. Mais alguns quilômetros adiante e a paisagem se modificou novamente. Apenas as estradas continuaram seguindo, todas com suas bifurcações que rumavam para as mais variadas partes do país, e logo ao final da trilha principal, se via à distância uma grande aglomeração de pessoas, barracas, alimentos dos mais variados tipos, especiarias, peças de artesanato e animais de carga para carregar tudo aquilo e muito mais. Os novatos se fascinaram ao se depararem com as grandes bestas que nunca antes viram em suas vidas, criaturas robustas com pernas da grossura de árvores, grandes orelhas e presas, com narinas que se projetavam de um longo tubo flexível. Em suas costas carregavam montanhas de produtos para venda. Tudo aquilo formava um enorme mercado que cercava as altas muralhas de pedra clara de Heartfall, Capital de Eingsfyre.

A comitiva passou lentamente pela congestionada passagem entre os enormes portões de madeira reforçados com ferro, enquanto os guardas armados com arcos longos e bestas observavam das ameias no topo da muralha a multidão ir e vir. A cidade era tão imensa que apenas um portão principal não era o suficiente para manter o fluxo constante de pessoas e animais de carga, havia três deles. As muralhas exteriores que subiam alto até alcançarem a marca dos vinte metros de altura se projetavam em forma de seta, o maior dos portões se encontrava na ponta da estrutura por onde o grupo entrava. Havia mais um na lateral esquerda e outro na direita. A muralha oeste brotava de um enorme paredão de rocha que se estendia até o mar, nomeado como Escudo Real. A do leste parava de se alongar quando alcançava certa profundidade das águas, dobrando pela costa e seguindo pelo redor do porto, decorada por faróis visíveis à distância. Grandes torres com catapultas e balistas também as adornavam. Diziam que estas fortificações eram capazes de afundar uma frota inimiga inteira antes que adentrasse o território costeiro. Um grupo de sacerdotes do Grande Templo ungia os grandes blocos base da barreira protetora com água sacra, que era salpicada por colheres prateadas contra a rocha sólida. Eles entoavam cânticos sagrados em enosiano, com suas batinas brancas esvoaçando conforme avançavam pela extensiva edificação. Um dos cavaleiros explicou aos novatos que aquilo era feito para purificar a rocha, mantê-la afastada dos maus presságios, pois era de conhecimento hereditário que tamanha obra só fora completa com auxílio de feitiçaria, centenas de anos atrás, antes do início da Era Sangrenta. Tudo aquilo era muito impressionante, parecia que os recrutas haviam entrado em um novo mundo. A movimentação se tornava mais fácil conforme avançavam cidade adentro. Além da muralha exterior se encontravam as casas aonde os cidadãos mais humildes viviam, também havia mais barracas de comércio, grandes e pequenas casas de múltiplos andares e outros variados tipos de edificações. Era possível avistar uma boa quantidade de guardas em patrulha para evitar tumulto, alguns deles eram servos do Grande Templo.

Adiante, após mais que uma hora a trote, se depararam com as muralhas internas, ainda mais altas que as últimas. Rodeavam a menor parte da cidade, dentro delas se encontravam as casas das famílias nobres, museus, teatros, bibliotecas, universidades e igrejas, com destaque para a Santa Catedral, morada do Papa e dos bispos de maior renome. Lá também se localizava o quartel general da Ordem da Cruz Azul. Ainda tiveram que percorrer alguns quilômetros para finalmente alcançarem o destino. A base militar mais parecia uma enorme fortaleza, tinha muros que saiam das laterais de suas altas torres de vigia e se fechavam por trás, em união com outras torres que serviam de vértices para formarem uma estrutura octogonal. As flâmulas brancas estampadas com a cruz azulada símbolo da Ordem ondulavam de hastes presas às ameias das suas alturas. Era quase uma cidade dentro de uma cidade.

Fardos de Batalha (Em Andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora