Eu odeio

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- Nós ainda temos que resolver algumas pendência entre nós.

Elizabeth concorda e olha o amigo nos olhos.

As coisas realmente haviam mudado entre eles?

~×~

O silêncio recaí entre ambos de forma desconfortável e Meliodas é o primeiro a desviar o olhar para um ponto aleatório na parede atrás da garota.

Se fosse antes, eles se entenderiam apenas com um rápido olhar. Conseguiam comunicar entre si sem a necessidade de palavras, porém no momento Elizabeth sentia como se estivesse olhando para um estranho. As lágrimas novamente picaram seus olhos e a mesma se amaldiçoou enquanto apertava as pálpebras, escondendo da melhor forma que podia suas lágrimas, não queria chorar, não na frente dele.

Meliodas suspirou pesadamente ao ver os ombros da garota tremer levemente, pelo visto não era somente ele que tinha se magoado com o que acontecera. A única diferença é que ele tinha encontrado outra forma de extravasar, discutindo e bebendo.

Fez careta pelos pensamentos, se não tivesse bebido tanto lembraria-se perfeitamente de ter ido para a cama com sua ex, maldito álcool.

- Droga Elizabeth, não chore, não sei lidar com lágrimas - Ele diz baixo ainda agachado a sua frente sem saber ao certo como agir.

Era raro ver Elizabeth chorar. Durante os longos anos de amizade, tinha visto a albina chorar apenas quatro vezes. Quando Caroline, sua mãe, morrera; Quando descobriu de uma forma não agradável que era adotada, poucos dias depois da morte da mãe, ela também chorara bastante quando seu cachorrinho morrera atropelado. A última vez que Meliodas presenciara seu choro, foi quando ambos tinham quatorze anos e a menina nutria uma paixonite por um garoto do colégio que freqüentavam, o mesmo fizera questão de quebrar o coração da, então, adolescente, que chorou por horas sendo consolada pelo loiro.

Internamente ele jurou que iria fazer o garoto se arrepender por magoar Elizabeth, que se surpreendera ao ver o garoto chegar no colégio no dia seguinte com o maxilar machucado e um supercílio costurado.

Aquela tinha sido a primeira vez que Meliodas se metera em uma briga por causa dela, mesmo que até hoje ela não soubesse que ele havia dado a surra no garoto.

As outras vezes que a viu chorar, foi fruto de gargalhadas alegres, detestava ver as íris azuis destacadas pelas escleras vermelhas graças as lágrimas.

Seu peito apertou-se ao perceber que agora o pranto de Elizabeth, era por sua causa, pelo que eles haviam feito.

Por que toda raiva e frustração tinha se reduzido a uma coisa insignificante ao estar perto dela? Tinha tanto a falar, precisava dizer sobre sua mágoa ao ser deixado de lado após aquela noite, precisava perguntar a ela o porquê tinha consentido em dormir com ele para no dia seguinte fugir daquela forma, tudo estava entalado na garganta e ele estava deixando de lado, mais uma vez, para colocá-la como prioridade.

Era um trouxa.

Mordeu o lábio inferior com força ao mesmo tempo que puxou a albina para si, a abraçando. Respirou fundo, inalando o cheiro do shampoo dela enquanto a mesma escondia o rosto em seu ombro, ele já sentia aquela parte de sua camisa umidecer pelas lágrimas.

Novamente ele seria apenas o ombro amigo, que a iria consolar e tudo ficaria bem.

Por que o gosto ruim da frustração subia a sua boca?

O loiro sorriu amargo e perdeu o equilíbrio ao ser abraçado com força pela outra, caindo de costas no tapete macio da sala e consequentemente trazendo Elizabeth junto, a mesma nem sequer incomodou-se já que ainda soluçava baixinho em meio as lágrimas, apenas se acomodou ao lado dele abraçando o mais forte que podia.

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