Por minha culpa

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Ainda envolvida na névoa causada pelo sono, Elizabeth puxa o cobertor sobre o ombro até então descoberto e se encolhe tentando aproveitar ao máximo o calor agradável da cama. Virando-se de lado Elizabeth estranha ao sentir alguma coisa bloqueando sua liberdade de rolar pelo colchão macio, ela ergue a cabeça e olha o quarto em que está em completa confusão.

Em silêncio ela observa o cômodo espaçoso e a cama com o jogo de lençol de cetim preto que contrasta perfeitamente com seu cabelo espalhado pela fronha.

Lentamente Elizabeth se lembra de ter  assistido televisão com os irmãos mais novos de Meliodas e como o loiro estava demorando para chegar ela se deitou no sofá e acabou por dormir. Então um dos irmãos deve tê-la trazido para este quarto.

Com a cabeça doendo ela se arruma novamente na cama e abraça o travesseiro macio que está usando. O sono da albina some em questão de segundos assim que sente um abraço envolver sua cintura sob o cobertor, com a respiração presa na garganta Elizabeth se vira devagar e arregala os olhos ao ver Meliodas dormindo pesadamente a sua frente.

Não, de novo não.

Com o lábio inferior preso entre os dentes, a Liones ergue o cobertor e aliviada constata que ambos estão devidamente vestidos. As orbes azuis claras voltam-se para a face adormecida de Meliodas e Elizabeth solta o ar lentamente, travando uma batalha interna consigo mesma se continua deitada na cama ou simplesmente vai embora.

A segunda idéia é prontamente descartada já que, provavelmente, Estarossa a traria a força novamente para que a conversa que ambos - Elizabeth e Meliodas -, aconteça.

Ela permanece mais alguns minutos encarando o amigo adormecido e dando-se por vencida pelo sono, fecha os olhos virando-se de costas para o loiro que ainda têm o braço apoiado na cintura dela.

Eles já dividiram a mesma cama muitas vezes durante os longos anos de amizade, entretanto esta vez era diferente e até estranha para Elizabeth.

Era a primeira vez que dividiam a cama desde aquela noite.

A tranquilidade no quarto contribuí para que o sono da albina volte e vagarosamente ela volta ao estado adormecido.

~×~

A primeira coisa que Meliodas notou ao acordar na manhã seguinte, foi a grande quantidade de cabelo branco prateado em seu rosto e a segunda coisa, Elizabeth estava segurando a mão dele enquanto dormia de costas para si. Cuidadosamente ele puxa a mão que Elizabeth segurava e se senta na cama coçando os olhos que ardiam depois de ter bocejado.

Ele empurra para trás parte de seu cabelo que tinha caído sobre os olhos e apóia o cotovelo direito sobre o joelho, virando a cabeça para o lado esquerdo Meliodas observa a albina dormir e sorri quando ela se estica procurando por um travesseiro para abraçar.

Virando-se para olhar o horário em seu celular carregando sobre o criado-mudo, Meliodas agradece aos céus que é sábado ou estaria muito, muito atrasado para ir a empresa. 

Elizabeth deitada ao seu lado espirra e resmunga abrindo os olhos, dando de cara com as costas do loiro sentado na cama. Preguiçosamente ela também se senta e arruma o cobertor em suas pernas antes de tombar a cabeça no ombro do outro.

- Sua cama é muito confortável... - Ela murmura e esconde um bocejo com as mãos  - Bom dia.

- Bom dia - Meliodas responde baixo e assiste de esgelha a albina se jogar de costas puxando-o junto, suas reclamações morrem na garganta quando ele nota a forma séria que as orbes azuis lhe encaram.

- Você não fez nada contra o Arthur, não é?

O loiro grunhe irritado que a primeira pergunta feita pela outra seja a respeito daquele garoto e sem vontade nenhuma de respondê-la ele se vira pronto para sair da cama, porém se surpreende ao ser segurado com força pelo pulso.

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