Frustração

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Os raios de sol da manhã se esgueiram pelas frestas da cortina e silenciosamente Meliodas escolhe a roupa que irá usar.

Para sua insatisfação, uma parte de seu closet foi usada completamente para colocar a grande quantidade de ternos. Parecia que Chandler tinha dedicado muitas horas de seu pouco tempo - como sempre diz -, para escolher minuciosamente todos os ternos que o sobrinho iria usar.

Se fosse pela preferência de vestuário do loiro, seu closet seria repleto de camisas de manga curta, regatas, calças jeans, calças de moletom, bermudas e também roupas de inverno. Odiava ter que se vestir tão formalmente. Usar um terno lembrava-o, - mesmo que de forma não intencional - o enterro de seus pais.

Viver com seu tio tinha sido sem dúvidas a parte mais estressante de sua vida. Já que cresceu ouvindo Chandler dizer: " Um dia você irá ter o controle total da empresa que seu pai e eu batalhamos tanto para fazer o que ela é hoje." 

Talvez fora por isso que seus planos eram outros, apenas para mostrar ao tio que ele não faria o que Chandler tanto almejava. Que ele tem poder para decidir o que fará da sua vida.

Encarando seu reflexo no espelho do closet, Meliodas termina de abotoar sua camisa social perfeitamente passada e puxa a gaveta onde uma quantidade absurda de gravatas estão, ele desliza os dedos por algumas delas e escolhe a gravata preta. Sem muita prática para fazer o nó confuso e complicado, Meliodas tem que refazê-lo duas vezes até finalmente concluí-lo de maneira correta, ele calça os sapatos sociais e empurra o cabelo de forma mais apresentável que os fios rebeldes possam ficar.

Saíndo do quarto Meliodas encara a porta em frente a seu quarto e abre a mesma sem cerimônia.

- Já estou saindo - Zeldris resmunga terminando de amarrar o cadarço de seu tênis e em seguida se levanta da beirada da cama.

O moreno pega a mochila que já havia deixado preparada na noite anterior e passa uma das alças em seu ombro, usando a mão livre para terminar de arrumar seu cabelo.

- Vai comer alguma coisa? - Meliodas questiona ao parar na cozinha olhando em volta, a procura de seu celular perdido.

- Não.

O loiro concorda e pega o aparelho celular que estava carregando.

- Vamos então.

Em silêncio ambos saem do apartamento e chegam no estacionamento em poucos minutos, Zeldris abre a porta do passageiro e entra colocando sua mochila no carpete preto do carro ao contrário de Meliodas que joga sua pasta nos bancos de trás e se ajeita resmungando sobre o quão ruim é usar terno.

O trajeto feito do estacionamento do apartamento até o colégio onde o caçula irá estudar é feito em silêncio de ambas as partes, Zeldris por estar dormindo sentado e Meliodas apenas porque não está a fim de fazer barulho tão cedo assim.

- Valeu pela carona - O moreno resmunga ao abrir a porta do carro e com facilidade desde com a mochila em mãos.

- Tem dinheiro? 

 A pergunta feita pelo outro deixa Zeldris confuso.

- Não, por que?

- Pegue, não sei se já vou ter escapado das garras do Chandler quando você sair da escola.

- Uhm, obrigado - Ele agradece após pegar as cédulas que Meliodas tira de sua carteira - Boa sorte com o tio.

Zeldris bate a porta do carro e se vira para encarar o prédio gigante do colégio em que seu irmão o matriculou.

Ótimo, um colégio cheio de gente insuportável.

Revirando as orbes negras o moreno enfia as mãos nos bolsos de seu moletom escuro e caminha em passos lentos pra dentro da escola. Ser encarado por quase todos os os alunos era, novamente, a experiência mais desagradável que ele estava passando pela terceira vez, junto com os cochichos afobados  de algumas garotas pelo corredor.

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