IV

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📚ANNABETH📚

— Aparentemente você é famoso entre os novos amigos da Thalia — eu disse entrando no apartamento e encontrando o loiro jogado no sofá. — Infelizmente, não de uma boa maneira.

— E você esperava diferente? — Luke sorriu, mas eu sabia que ele estava triste com o fato.

Mas pode ser que ela já não tenha tanta raiva de você — tentei apaziguar a situação. — Percy me disse que ela já não fala de você há bastante tempo, então... E é a Thalia, não dá para dizer ao certo como ela está lidando com tudo hoje em dia — me joguei ao seu lado no sofá, deitando minha cabeça em seu ombro e procurando meu celular, que começara a tocar, na mochila.

— Alô?

— Noite da pizza, esta sexta — Thalia disse assim que eu atendi.

— Na sexta? — Olhei para Luke. Tínhamos combinado de ir no cinema na sexta, já que ele estava doido para ver o filme do Pikachu.

— Tudo bem — ele fez o movimento com os lábios sem emitir som.

Distanciei o aparelho do rosto e tampei o microfone, a fim de não deixar Thalia escutar.

— Tem certeza? — Disse baixo.

— Claro, ela está aqui e quer passar um tempo com você, aproveite por mim — vi seu semblante triste e suspirei. Droga de chantagem emocional.

— Ótimo, noite da pizza esta sexta! — Disse a Thalia, voltando com o celular a orelha.

— Isso! Peça o Percy depois o endereço dele, vai ser aqui... Ou melhor, você pode vir com ele na sexta depois do expediente! — Ela realmente parecia animada com aquilo, o que me fez ri.

— Tudo bem, a gente combina depois — sorri, me despedindo dela.

Olhei para Luke ao guardar o celular no bolso e ele me deu um sorriso triste. Beijei sua testa e fui para meu quarto, eu teria que adiantar alguns trabalhos até sexta. Eu me lembrava de como era as noites de pizza de Thalia, então havia uma grande chance de eu não voltar para casa no mesmo dia.

***

— Então... Thalia te chamou para a noite da pizza — Percy comentou colocando meu milk shake sobre minha mesa.

— É claro, eu e ela inventamos a noite da pizza! — Disse sorrindo — Claro que as melhores partes foram ideias dela — dei de ombros —, mas ainda me sinto ofendida de pelo visto você saber como é a noite da pizza, isso quer dizer que vocês já tiveram noites da pizza.

— Oh, não acho que qualquer coisa que tenhamos feito seja algo comparado às histórias que Thalia conta das noites com você, são realmente incríveis.

— Fico lisonjeada — fiz uma leve reverência com a cabeça. — A propósito... Thalia disse que seria na sua casa...

— Oh, sim, ela comentou sobre isso. Se você quiser, meu expediente acaba as 18h30, você pode ir comigo — ele sugere.

— Seria bom, obrigada — sorrio e ele se vira para voltar ao trabalho, enquanto eu volto para a minha história.

Incrivelmente eu estava tendo inspiração para os acontecimentos do livro, como eu não tinha há tempos. Era estranho ter meus dedos correndo apressadamente pelas teclas, mas era tão bom ouvir o barulho das batidas, ver as palavras se formando na tela a minha frente, perceber que eu criava um mundo novo, cheio de possibilidades, histórias... Tudo aquilo era mais do que palavras para mim, eram vidas que eu estava criando. E ver aquele mundo criando forma era maravilhoso, ver a interação entre os personagens, sentir tudo o que eles sentiam, seus pensamentos... Eu estava tão imersa na historia que, assim como na primeira vez em que entrara na Milk Shakespeare, só fui embora quando a sorveteria estava fechando.

— Lamento, Annabeth, mas a sorveteria tem uma política sobre ninguém dormir na loja, algo sobre tomar sorvete de madrugada — Percy disse dando de ombros.

Olhei as horas e só então tive noção do quão entretida eu havia ficado. O desenrolar dos problemas de Sofia estava indo tão bem, e eu sabia que aquilo era apenas o começo, a história estava longe de acabar, tinha tanta coisa para acontecer...

— Meus deuses, eu fiquei tão imersa nisso que nem notei o tempo passar — ri, desligando o computador.

— Acho que nunca te vi tão compenetrada em algo — ele comentou enquanto saíamos da Milk Shakespeare e eu o encarei. — Falando assim parece que eu fico analisando tudo o que você faz — ele coçou a nuca embaraçado e eu sorri, achando o gesto fofo.

— Bem, não é sua culpa eu vir aqui todos os dias, na mesma hora, fazer a mesma coisa e pedir o mesmo milkshake — respondi e algo em mim gritou que aquilo não era totalmente verdade. — Na verdade, falando assim, até parece que eu sou a maníaca complexada por aqui — rimos e então notamos que havíamos chegado ao metrô. — Acho que é aqui que nos separamos, então.

— Até amanhã? — Ele perguntou e eu sorri.

— Até amanhã — e então cada um seguiu seu caminho para casa.

Milk ShakespeareOnde histórias criam vida. Descubra agora