XXVI

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📚ANNABETH📚

— Você não tem mais moral para negar nada, Annabeth Chase — Piper diz assim que entramos em casa.

Jason apenas nos deixara na porta, indo para a sua, em seguida. Piper não havia dito nada sobre Percy e eu durante todo o caminho e eu me perguntava exatamente porquê. Isso foi revelado quando ela entrou em casa e seguiu direto para a cozinha para pegar um pote de sorvete aue estava guardado no congelador.

— E o que te faz assumir isso? — Perguntei me juntando a ela na mesa com uma colher.

— Eu vi toda aquela interação. Como vocês estavam na cozinha e como vocês sumiram depois. Eu não sou burra, Annie — ela respondeu e eu só pude rir.

— Okay, agora não se pode ter uma amizade com um garoto — a questionei.

Não é que eu não fosse contar para Piper sobre Percy e eu. Não se acontecesse de novo. Tinha algo que me fazia sentir que ele não seria só um caso de uma festa. Tinha mais entre nós, pelo menos da minha parte. Mas algo no que acontecera naquela praia me fazia indagar se não havia algo vindo dele também, uma atração que fosse. E isso me fazia imaginar quais proporções aquilo poderia tomar. Dessa forma, eu preferia esperar para ter certeza do que quer que fosse antes de contar a Thalia e Piper. Se eu fosse ouvir "Eu te avisei!" que fosse por algo mais que um simples beijo.

— É claro que pode — Piper bufou, se jogando no sofá.

— Ótimo — respondi. — Então assunto encerrado — ela abriu a boca para contestar, mas provavelmente pensou que não valeria a pena, então logo a fechou — e eu vou tomar meu banho — concluí indo em direção ao banheiro.

Assim que entrei no meu quarto ponderei entre estudar e adiantar alguns trabalhos ou dormir. Como eu estava cansada da festa do dia anterior e da tarde daquele dia, acabei me jogando na cama. Acordei por volta das dez da noite, comi algo e logo voltei a dormir.

Na primeira aula do dia, fui lembrada que a primeira parte do trabalho do Sr. D. deveria ser entregue na semana seguinte. O que me fez surtar um pouco uma vez que eu não tinha quase nada. Eu teria que tirar na sorte o tema do meu trabalho e preparar a introdução para segunda. Além de começar a estudar para as provas. Suspirei, no final da aula, saindo da sala. Aquele realmente parecia uma prova de fogo, e ainda nem era o final da faculdade. Que os deuses me ajudem a sobreviver aos últimos semestres.

Nem mesmo o clima da Milk Shakespeare me acalmou. Meu notebook estava aberto na página em branco do Word e, diferente dos outros dias, não era a falta de criatividade para uma história. A caneta batia freneticamente no caderno aberto na, agora pequena, lista de temas para o meu trabalho. Eu precisava de algo. O milk shake que eu pedira estava quase intocado. Não conseguia beber, não quando tudo o que eu pensava era em como eu entregaria algo para o meu professor se eu não tinha nem ideia do que escrever. Eu provavelmente deveria parecer realmente nervosa, uma vez que Percy não parava de me lançar olhares, parecendo preocupado. Em certo momento, ele puxou uma cadeira, se sentando ao meu lado. Desviei meu olhar da tela branca e soltei a caneta, o encarando. De repente, ao olhar aqueles olhos, tudo o que eu queria fazer era chorar. Chorar pelas várias histórias abandonadas no meu computador. Chorar pelo trabalho da faculdade que parecia tomar toda a minha mente. Chorar pela faculdade, que parecia me desgastar e não ser a certa. Mas por alguma razão, eu apenas suspirei fundo, sem conseguir derramar nenhuma lágrima.

— O que houve? — Ele me perguntou.

— O trabalho do Sr. D. — suspirei. — Eu não consigo fazer nada e preciso entregar a primeira parte semana que vem — ele apenas assentiu.

— Já pensou que às vezes é porque você está pensando muito sobre isso? — Ele me questionou e eu encarei-o confusa — Apenas pense em um tema que você ache interessante. Não pesquise sobre, não faça sorteios. Apenas pense sobre isso e sinta que aquele é o tema certo para esse trabalho — ele deu de ombros e eu assenti.

Fazia sentido o que ele dizia. E eu sabia que havia algo que estava me falando a mesma coisa desde que eu começara aquele trabalho. Eu tinha a estranha mania de complicar as coisas. Na maior parte das vezes, isso tornava as resoluções mais fáceis para mim, mas em outros momentos, como aquele, só dificultava. E eu sabia que eu deveria apenas para um pouco e respirar.

Percy me deixou sozinha ma mesa e voltou a trabalhar. Eu encarei o notebook e o caderno por um tempo. Então, terminei de tomar meu milk shake, paguei, me despedi de Percy com um beijo ma boca e segui meu caminho para casa. Eu ia, depois de um bom tempo relaxar de verdade.

Milk ShakespeareOnde histórias criam vida. Descubra agora