XV

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🌊PERCY🌊

Eu acordei antes do despertador. Eu estava ansioso. Aula com Quíron. Em um aquário. Vendo que tinha um certo tempo livre, decidi tomar um banho rápido. Logo que vesti minha roupa, segui para a cozinha preparar meu café. Não demorou muito para Thalia e Grover se juntarem a mim. A morena estava com sua cotidiana cara de sono, ainda nem havia trocado de roupa. Enquanto Grover já estava mais acordado e pronto para sair.

— Uhm, alguém está animado hoje — Thalia comentou. — Até tomou banho! Não me lembro da Annie ou de você terem comentado de algum encontro...

— Não vou sair com a Annabeth — revirei os olhos. — A aula do Quíron hoje é no aquário, acordei cedo por conta da ansiedade e decidir tomar um banho — dei de ombros.

Logo que eu terminei de comer, me despedi dos dois. Thalia fora trocar de roupa, Grover sempre ia para os lugares de bicicleta, em prol do meio ambiente, e eu segui para o Half-Blood Aquarium. A faculdade mandara um e-mail com as informações, então eu já sabia para onde eu deveria ir. Infelizmente, era do outro lado da cidade. Já na entrada do Aquário encontrei Frank, ele estudava Ecologia, mas sempre acabava pegando algumas aulas iguais a minha, ou pelo curso ou porque ele achava que seria interessante ter um conhecimento a mais sobre os animais. Nos cumprimentamos assim que nos vimos e entramos no local. Fomos direcionados para um lugar específico, onde encontramos o nosso professor, alguns outros alunos e, descobrimos mais tarde, nossa orientadora. Nesse primeiro dia, apenas fizemos um tour pelo aquário, a sra. Anfitrite nos explicou como era o funcionamento do local, como eram tratados cada espécie, entre outras coisas. No final, cada um recebeu uma camiseta laranja do Aquário e um crachá com o nome e fomos dispensados. Como ainda faltava algum tempo, Quíron liberou que ficássemos a vontade para exploramos mais o local, então o grupo se dispersou, enquanto o professor conversava com a instrutora.

O aquário ficava próximo ao mar, principalmente por conta da área de preservação da qual eles cuidavam, então aproveitei para pôr meus pés na areia por um tempo. Não muito longe dali, havia uma área cercada por estacas e faixas e com uma bandeira vermelha ao centro. Chegando mais perto, você conseguia notar a placa informando sobre ali estar localizado ninhos de tartarugas. Eu achava curioso o modo como as tartarugas nasciam e iam sozinhas para o mar encontrar a família. Fiquei imaginando quanto tempo ainda os ovos demorariam a eclodir, se eu teria a possibilidade de vê-los. Rodei a área um pouco e decidi voltar por um caminho diferente para conhecer mais o lugar.

Quando a aula acabou, fui direto para o trabalho, já que eu não conseguiria passar em casa como normalmente fazia. Annabeth não demorou a chegar, e logo estava com seu notebook aberto e o milk shake ao lado. O que estava se tornando novo era o caderno do outro lado, onde ela anotava sobre o trabalho da faculdade. Sexta-feira era um dia cheio, um dia que os jovens decidiam sair juntos antes do final de semana. Mas quando meu expediente acabou, ela também estava indo embora, o que permitiu que conversássemos um pouco até a estação de metrô, onde nos separamos.

Thalia estava sentada no chão da sala quando cheguei. A mesa de centro baixa estava cheia de papéis e cadernos e a morena estava debruçada sobre eles.

— Acho que nunca te vi estudando — comentei me jogando no sofá e ela me encarou.

— Eu tenho prova semana que vem e não entendo uma linha sequer disso — ela disse, parecendo frustrada. — Isso é praticamente um revisional do ensino médio e eu não consigo me lembrar de nada. Como eu passei de ano? — Rir com a pergunta retórica.

— Eu me pergunto o que você tinha na cabeça quando decidiu entrar para a faculdade e fazer física!

— Eu também não sei — ela fez um gesto com as mãos e voltou para toda aquela papelada, enquanto eu decidi ir tomar um banho.

Eu tinha alguns trabalhos para fazer e achei que seria bom começar a estudar, as provas não deveriam estar muito longe. Portanto, depois de comer, me tranquei em meu quarto durante o resto da noite.

Se tinha uma coisa que eu amava nos finais de semanas era o fato de poder apreciar o nascer do sol sem me preocupar com a faculdade e a primeira aula. Eu ficava um bom tempo em cima da prancha sentindo o vento que soprava as águas e via o céu clareando. Assim como o crepúsculo, aquilo me dava uma sensação de paz. Mas como eu fora dormir tarde naquela sexta, não acordara a tempo para isso. Já era por volta das oito e meia quando me levantei. Thalia estava deitada no sofá, passando os canais da TV, e Grover estava fazendo sua meditação semanal do lado de fora da casa. Depois de várias reclamações minhas e da Thalia, ele finalmente tirar a os incensos de dentro da casa enquanto meditava e passara a fazer isso ao ar livre, de forma que o cheiro dos palitinhos não incomodasse Thalia ou a mim. Eu decidira que, mesmo sem ver o nascer do sol, eu prepararia minhas amadas panquecas azuis. Como eu sabia que Thalia não gostava delas, principalmente por causa da cor, e Grover comia apenas comida veganas, eu não perguntara se eles queriam, aproveitando para comer toda aquela pilha. Depois de terminado meu café da manhã, me joguei ao lado de Thalia, mas fiquei mexendo no celular. Não demorou muito para a morena reclamar de tédio.

— Você não tinha uma prova essa semana da qual não estava entendendo uma linha da matéria? — Questionei, encarando-a.

— Eu ficar enfiada com a cara no livro não me fará entender — a garota respondeu.

— Seus pais moram na cidade — Grover disse sorrindo enquanto entrava em casa.

— Claro, ótimo final se semana. Passo.

— Você não tem outros amigos além da gente por aqui não? — Questionei e ela logo pegou o telefone.

Não fazia ideia de pra quem ela ligaria, até a pessoa do outro lado da linha atender e ela dizer "Annie!". Claro que não demorou para ela pedir a loira que sugerisse algo para as duas fazerem. Thalia ficou em silêncio por um tempo até que exclamou: "Em um sábado, Annabeth?". Um breve minuto de silencio novamente e logo eu tive mais uma informação de um dos lados da conversa. "E Piper? Está em casa?". Silêncio. "Sabe para onde eles foram?". Silêncio novamente. "Okay", ela disse meio manhosa e as duas se despediram, fazendo com que Thalia desligasse o celular.

— Eu realmente estava achando que você iria ligar para alguém diferente — Grover comentou.

— Pra quem mais eu ligaria? — Ela questionou digitando algo no aparelho em suas mãos.

— Thalia, você entrou na faculdade, não conheceu ninguém novo? — Questionei.

— Tem uma garota... — ela começou e logo abriu um sorrisinho. — Mas fica ora próxima, já arrumei companhia — então se levantou, indo para seu quarto.

Não demorou muito para ela voltar para sala. Mas apenas passou pelo cômodo, dando tchau e saindo, deixando Grover e eu sozinhos em casa naquele sábado.

Milk ShakespeareOnde histórias criam vida. Descubra agora