XXXV

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🌊PERCY🌊

— Como seus pais reagiram? — Thalia perguntou quando fomos para a sala.

Eu ficara chocado que durante a noite ninguém havia comentado nada sobre meu sumiço e de Annabeth e nem feito piada. Mas é claro que Thalia não deixaria a oportunidade passar em branco.

— Não reagiram — eu disse.

— Não contamos nada para eles — Annabeth completou.

Todas as atenções estavam em nós agora. E é claro que sabíamos o porquê. Nossos pais não tinham, nem de longe, uma boa relação. Era algo bem parecido com ódio, mas eu acreditava que até ódio era algo grande demais para ter entre os dois. Agora seus dois filhos estavam em algum tipo de relacionamento. Bem, isso era um tanto similar a Romeu e Julieta, só que com os sentimentos menos à flor da pele. E com um final feliz, eu esperava.

— Vocês vão esperar estarem casados para contar? — Jason questionou.

— Nós não tivemos a chance — Annabeth revirou os olhos. — Eles nos apresentaram e começaram a trocar farpas.

— Então a gente foi dançar e eles pareceram um pouco chocados — completei.

Thalia e Jason eram os que mais entendiam o que estavam se passando ali. Eles escutavam as histórias de mim, de Annie e do pai. Poseidon e Athena não se davam bem. Mas aí teve eu e Annie, que nos damos muito bem. Eu não achava que meu pai me proibiria de ter um relacionamento com a Chase se isso viesse a acontecer. Ele sabia diferenciar as coisas e eu sabia disso. Eu só esperava que Athena também soubesse.

Nós ficamos mais um tempo conversando na sala. Fomos embora quase no final da tarde. Como havíamos ido para a festa com Jason, o mesmo nos levou de volta, deixando primeiro Annabeth e Piper na casa delas. O loiro desceu do carro para se despedir da namorada e Annie esperou perto da porta do carro.

— Te vejo amanhã? — Perguntei a loira.

— Para a sua sorte, eu consigo editar meu trabalho na Milk Shakespeare — ela respondeu.

— Luke não sabe fazer isso? — Thalia questionou, fazendo a amiga revirar os olhos.

— Ele não quis fazer para mim — respondeu.

Piper e Jason terminaram de se despedir e as garotas entraram, enquanto Grace seguia o caminho para a minha casa. Nos despedimos do loiro e entramos. Grover estava com Júniper na sala. Eu tinha certeza que, agora que já havíamos conhecido a garota, eu começaria a vê-la com mais frequência por ali. Cumprimentei os dois e fui tomar meu banho, antes de me trancar no meu quarto até o dia seguinte.

A surpresa da minha segunda foi meu pai ter aparecido no meu trabalho quase no final da tarde. Era segunda e a movimentação não era tão grande. Annie estava sentada no balcão — ela realmente havia trocado a mesa agora — enquanto conversávamos quando Poseidon entrou pela porta. Ele logo me viu e seguiu até a minha direção, me cumprimentando e a Annabeth.

— Percy, está ocupado essa noite? — Ele me perguntou, se sentando ao lado da loira.

— Não, pai, por quê? — Questionei.

— Queria jantar com você, quero colocar o papo em dia e... eu preciso te contar algumas coisas — ele parecia sério e eu assenti.

— Meu turno não vai demorar a acabar — disse e ele decidiu me esperar, enquanto tomava algo.

Mais alguns poucos clientes apareceram por lá e não demorou até que meu expediente terminasse. Annie também saiu junto com nós dois e nós nos despedimos na porta, apenas com um aceno. Ela seguiu seu caminho para o metrô e eu fui com meu pai até seu carro. O caminho foi silencioso até em casa, onde paramos para que eu me arrumasse e então seguimos para um restaurante que gostávamos à beira-mar. Nós escolhemos uma mesa e um garçom chegou com o menu, entregando um para mim e um para Poseidon. Ficamos alguns segundos em silêncio, lendo quais eram os pratos.

— Você e a Chase se conhecem, então — ele foi o primeiro a falar.

— Ela frequenta a Milk Shakespeare e também é melhor amiga da Thalia — expliquei. — Acho até estranho não termos nos encontrado antes.

— Vocês parecem se dar bem — ele continuou e eu apenas assenti.

Meu pai chamou o garçom e fizemos nossos pedidos. Ele agora parecia sério e me encarava como se precisasse contar algo.

— Percy, tem algo que você precisa saber — ele começou e eu o encarei, também sério. — Há alguns anos, depois de ter me separado da sua mãe, eu me envovi com uma outra mulher. E eu tive um outro filho. Só que eu só fiquei sabendo dele recentemente. Eu o conheci há alguns meses e eu tenho tentado recuperar o tempo que eu não tive com ele. Mas eu queria que você também o conhecesse. Não se sinta na obrigação só porque eu estou te pedindo ou porque vocês tem uma ligação a partir de mim...

— Está tudo bem, pai — interrompi-o, segurando sua mão que estava por sobre a mesa —, eu gostaria de conhcê-lo. Me fale quando eu posso e seria maravilhoso — sorri e ele retribui.

— Tudo bem — ele assentiu. — Eu vou falar com a mãe dele e combinamos um dia só de nós três? — Perguntou e eu confirmei com a cabeça.

Passamos o resto do jantar falando sobre o meu meio-irmão. Descobri que seu nome era Tyson, ele tinha 15 anos e era autista. Meu pais me contara que ele era supercarinhoso e inteligente e algumas coisas que acontecera entre os dois nos encontros que eles tiveram. Não havia contado sobre mim para ele ainda, tanto a pedido da mãe quanto por escolha própria, já que ele não sabia como eu reagiria a notícia. Depois do jantar ele me levou de volta para casa, já que eu ainda teria aula no dia seguinte.

Milk ShakespeareOnde histórias criam vida. Descubra agora