XXXIX

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🌊PERCY🌊

Eu estava me acostumando a dormir com Annabeth ao meu lado. E acordar com ela ali. Aquela era a melhor parte, com certeza. Principalmente quando eu acordava primeiro e podia vê-la tão serena quanto ela ficava. E os pequenos sorrisos que ela dava vez ou outra. Mas naquele sábado, ela havia acordado ao meu lado como minha namorada. Ela havia me pedido em namoro na noite anterior. E eu me sentia completo. Ela estava com o rosto em meu peito e o braço atravessado sobre a minha barriga. Eu afastei uma mecha de seu cabelo que caia sobre seu rosto, com cuidado para não acordá-la e fiquei olhando-a dormir, sem coragem para levantar e atrapalhá-la. Entretanto, Annie não demorou a despertar. Ela ainda estava com um olhar sonolento quando lhe dei um selinho, lhe desejando bom dia. Vi o sorriso surgir em seu rosto e ela me retribuir o gesto. Pouco depois estávamos levantando e indo para a cozinha. Ainda estava cedo e minhas coisas arrumadas para quando o meu pai chegasse, então não me importei com o horário.

- Queria que você não tivesse que ir agora - ela disse enquanto timava seu chá (ela passou a comprar e deixar algumas caixinhas no armário para quando ela fosse para a minha casa).

- Não sabia que você ficaria tão manhosa quando a gente começasse a namorar - respondi, sem conseguir conter o sorriso ao dizer o título do nosso relacionamento.

Ela me mostrou a língua e eu lhe dei um rápido beijinho. Meu celular tocou e eu rapidamente atendi, ouvindo a voz de meu pai do outro lado, avisando que já estava chegando. Eu busquei minhas coisas e me despedia de Annie quando ouvi a buzina do carro. Eu levava apenas uma mochila grande e logo saí com a mesma em direção ao carro. Eu me sentei no banco do carona, meu pai me cumprimentou e me apresentou ao garoto no banco de trás, Tyson, meu irmão. Ele sorriu, assim como eu. Mas eu tinha certeza que ele não estava tão apavorado quanto eu sobre isso. Eu sempre quisera ter um irmão, e agora eu tinha dois. Uma menina por parte da minha mãe e um menino por parte do meu pai. Mas por alguma razão, eu estava mais apavorado com essa questão com Tyson. Provavelmente porque ele já era crescido e ele deveria ter escutado algumas coisas sobre mim de nosso pai, assim como eu escutei dele. Mas em ambas as situações, eu esperava não decepcionar meus irmãos e, por hora, Tyson era o que mais entendia esse sentimento, visto que Estelle ainda era apenas um bebê.

Eu havia contado toda essa história para minja mãe, óbvio. Ela não ficou tão chocada com o fato de Poseidon ter um filho perdido por aí, mas achava legal ele ter assumido a responsabilidade e não apenas deixá-lo de lado. Minha mãe estava na Austrália agora. Estelle com Paul, meu padrasto, no norte de Nova Iorque. A conversa com a minha mãe me lembrou aue fazia tempo que eu não via a minha irmã, e que eu tinha que visitar. Sally também sabia sobre Annabeth, não que ela era filha de Athena, mas que eu estava ficando com ela e que eu pretendia levar isso a um relacionamento sério. Ainda não havia contado a ela que Annie me pedira em namoro, não queria contar por mensagem, então teria que tirar um tempo para ligar para ela.

Durante toda a viagem meu pai, Tyson e eu ficamos conversando sobre coisas aleatórias. Tyson me contava sobre a sua escola e eu lhe falava sobre a minha faculdade. Era incrível ver o olhar fascinado dele quando eu falava das criaturas marinhas com as quais eu estava trabalhando no aquário. E meu pai parecia bastante orgulhoso do que estava acontecendo ali. Aquilo me fez ficar um pouco mais relaxado quanto eu estar fazendo aquilo certo.

Fomos acampar em um parque à noroeste do estado, onde ficamos em uma cabana. Chegamos na hora do almoço e fizemos comida na casa para comermos. Durante a tarde, andamos pelo parque e fizemos um piquenique em uma clareira que tinha lá. Voltamos para casa e descansamos um pouco. Meu pai avisou que à noite iríamos em um restaurante que ele vira na estrada e eu avisei sobre esse plano à Annie, que logo me perguntou sobre o horário em que iríamos. É claro que eu não sabia, uma vez que se tratava de meu pai e ele não funcionava sob horários. Quase começamos uma pequena discussão por esse ser um dos tópicos que Athena reclamava sobre Poseidon, mas logo Annie sugeriu que nós nunca entrássemos no assunto sobre o que acontecia entre nossos pais, e eu prontamente concordei. Me despedi dela e decidi dormir um pouco. À noite, quando estávamos começando a nos arrumar, mandei mensagem para Annabeth, dando uma previsão de saída de uma hora. Ela apenas falou que me avisaria quando chegasse no restaurante com a mãe.

Meu pai foi o último a ficar pronto, enquanto isso, Tyson e eu ficamos na sala conversando um pouco e falando sobre como nosso pai demorava. Quando ele finalmente ficou pronto, saímos de casa. Annie chegou no restaurante com a mãe pouco antes de nós. Nos sentamos em uma mesa e pedimos nossos pratos. Ficamos conversando enquanto isso e eu mandei mensagem para Annabeth, avisando que contaria para meu pai. Esperei a confirmação dela antes de bloquear o celular e colocá-lo de volta no bolso.

- Pai - chamei, atraindo a sua atenção, que estava em uma história que ele contava para Tyson. - Então, aconteceu algo ontem que eu queria te contar - eu vi sua feição se tornar preocupada e pigarreei. - Eu estou namorando - ele abriu o sorriso. - E, bem, a garota em questão é a Annie, filha da Athena - ele parecia confuso e então eu contei como aquilo havia acontecido.

Ele ficou um tempo em silêncio depois do final da história. O que me deixou um pouco apreensivo. Eu sempre achara meu pai tranquilo em relação a esse tipo de coisa. Eu lembro de um época que ele achou que eu estava namorando o Jason, porque nós dois vivíamos grudados, e ele fora super compreensível, me chamou para conversar e falou que não tinha problema algum se eu fosse gay. Eu só consegui rir é claro, mas eu ficara muito aliviado de saber que, não importasse a minha escolha ele estaria ali comigo. Mas eu estava lidando com a filha da mulher que ele menos gostava na face da Terra. Todos sabiam da grande richa entre Poseidon e Athena e eu me sentia o próprio Romeo. Eu só esperava viver no final dessa história.

- Você gosta dela? - Ele perguntou e eu assenti, sem nem hesitar. - E acredita que ela goste de você? - Novamente confirmei. - Então acredito que está tudo bem - ele abriu um sorriso e eu também, aliviado. - Athena já sabe? - Ele questionou.

- Annie está contando para ela agora mesmo, achamos melhor que vocês soubessem no mesmo momento - ele assentiu.

Como se fosse combinado, meu celular tocou, mostrando o nome de Annie na tela. Eu encarei meu pai e ele falou que não teria problemas se eu atendesse. Então eu logo me levantei, atendendo, e fui para um lugar mais afastado.

- Então, como foi? - Perguntei à Annie.

Milk ShakespeareOnde histórias criam vida. Descubra agora