XLII

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📚ANNABETH📚

Minha mãe havia sugerido um jantar com Poseidon. Eu não poderia imaginar algo mais provável de dar errado. Eu já tinha feito uma lista de coisas que poderia acontecer nesse jantar. A maior parte dela — e o que tinha mais chances de acontecer — não tinha um cenário bonito. Mesmo assim eu concordei e combinei com Percy.

Quando eu estava começando a me arrumar, no sábado, mandei mensagem para Percy para saber como estavam as coisas com ele e Poseidon, já que eu sabia que meu sogro não era muito preocupado com horário, diferente da minha mãe. Então eu decidi que faria os dois chegarem o mais próximo possível do horário marcado para não criar uma situação de briga já no início do jantar. Eu estava me arrumando na casa da minha mãe, de forma que, assim que eu fiquei pronta, já estávamos saindo de casa. Mandei uma nova mensagem para Percy, querendo saber se eles já estavam prontos ou quase, mas não recebi resposta dele, o que me deixou um pouco preocupada. Entretanto, quando chegamos no restaurante, os dois já estavam nos esperando. Meu namorado sorriu vitorioso para mim, enquanto nos aproximávamos. O cumprimentei com um selinho, falando o quão surpresa eu estava e então cumprimentei Poseidon com um abraço, enquanto Percy apertava a mão da minha mãe. Eu sentei ao lado de Percy, de modo que Poseidon e Athena ficassem um do lado do outro. Eu esperava que aquilo não fosse um problema. Nenhum dos dois comentaram sobre o fato de Poseidon ter chegado primeiro e eu agradeci por isso. Minha mãe foi a primeira a falar alguma coisa, perguntando Percy sobre a faculdade.

— Eu pretendo ser pesquisador — ele respondeu. — Pesquisar sobre problemas marinhos e como resolvê-los. Quero ter esse contato com as espécies aquáticas.

— Então, você não pensa em seguir carreira de surfista, como seu pai? — Ela questionou e fiquei meio apreensiva, sabendo que aquela era uma alfinetada.

Antes que Poseidon falasse algo, Percy riu.

— Não, senhora — ele respondeu. — Eu amo surfar, tanto quanto amo o mar, mas é um hobbie, algo que gosto de fazer no final do dia para relaxar e me conectar com a água — minha mãe sorriu e tomou um pouco do vinho que haviam servido, sabia que ele havia surpreendido-a.

Conversamos um pouco sobre o que cada um de nós dois faríamos depois da faculdade e então o assunto passou para nossos amigos. Fizemos nossos pedidos e comemos, trocando algumas poucas palavras. Eu já havia cortado alguns itens da minha lista de coisas que possivelmente dariam erradas nesse jantar. E quando ambos acabaram de comer eu cortei um falso acidente por garfo ou faca. Sem descartar a colher ainda. Minha mãe então perguntou da criação de Percy, uma vez que Poseidon estava sempre viajando. Eu já chamaria a atenção dela, uma vez que eu também nao tive muito sua presença quando eu crescia, mas Percy, respondeu calmamente a pergunta.

— Minha mãe me criou. Sozinha. Meu pai ajudou em vários momentos, mas a minha criação foi por conta dela e eu não nego isso.

— Sally sempre foi uma mulher incrível e forte, não me surpreende — Poseidon disse.

— E como ela está agora, com você na faculdade? Ela mora sozinha? — Minha mãe questionou.

— Ah, não — Percy sorriu. — Depois de alguns anos, ela encontrou o Paul, eles estão juntos e eu tenho uma irmã mais nova. Minha mãe se tornou escritora e nesse momento está em turnê mundial com o novo livro dela, volta em alguns dias.

Por sorte, estávamos acabando a sobremesa. Logo aquilo se encerraria e cada um estaria em sua casa, deixando toda aquela rincha para os tabloides. Poseidon, então perguntou sobre mim.

— Bem, minha criação ficou bem dividida na verdade — comecei. — Apesar de meu pai estar presente, ele sempre deu mais atenção para a esposa e os gêmeos. Nem todo mundo tem a sorte de ter uma nova família legal quanto o Percy. Era meio complicado lá em San Francisco, então sempre que a minha mãe ia passar um tempo na cidade, eu ficava com ela ou viaja nas férias. Mas acho que isso foi bom, de certa forma, me formou uma visão de mundo diferente e eu pude ver várias coisas enquanto crescia.

Eu senti que os dois quiseram falar mais alguma coisa, mas ambos ficaram quietos.

— Quando a Thalia volta para Seattle? — Minha mãe perguntou.

Ótimo, um assunto neutro. Eu duvidava que eles poderiam arrumar um jeito de brigar falando sobre outra pessoa.

— Acho que no final dessa semana — respondi. — Ela tem que terminar algumas coisas com a faculdade e falou que quer resolver uma outra coisa.

— Com o Luke, certo? — Eu apenas assenti. — Ridículo o que esse garoto fez, não sei como você o perdoou, querida — ela revirou os olhos.

— Claramente ela não é rancorosa como você, Athena — Poseidon falou e eu e Percy nos entreolhanos.

Eu estava tão enganada.

— É claro que você vai entrar a favor dele, nem sabe o que aconteceu, Poseidon — minha mãe respondeu.

— Pai — Percy o chamou.

— Mãe — eu a chamei, no mesmo momento.

Ambos estávamos com um olhar de advertência e eles apenas suspiraram.  Concordando que a noite poderia acabar ali. Eles dividiram a conta e saímos do restaurante. Eu tinha combinado com Thalia de ir para a casa do Percy depois do jantar e minha mãe sugeriu em levar nós dois. Mas então Poseidon disse que era caminho para ele e que poderia fazer isso. Antes que eles começassem uma nova discussão, eu sugeri de Percy e eu irmos de metrô e eles iriam direto para suas casas. Todos concordaram e nos despedimos, cada um seguiu o seu caminho.

Percy e eu andávamos de mãos dadas e eu estava preocupada. Aquela noite mostrou que, por mais que eles tentassem, as brigas seriam constantes. E eu fiquei imaginando como seriam nas próximas vezes que eles se encontrassem. Porque teriam outras vezes. Outras festas e outros eventos.

— Hey — Percy me chamou, me despertando —, o que está havendo?

— Você acha que isso vai dar certo? — Perguntei e ele me olhou confuso — Esse lance dos nossos pais, nós dois no meio... Eu sei que a gente combinou de não se meter, mas às vezes a gente vai ter que tomar um lado... — Ele levou a minha mão que estava segurando até a boca e beijou o dorso, com ela ainda entrelaçada na sua.

— Vai ficar tudo bem, Sabidinha — ele disse, sereno. — Não acho que deveríamos nos preocupar com isso agora. Apesar de tudo, o jantar deu certo e em outras ocasiões, podemos apenas deixá-los bem longe um do outro ou ficarmos bem longe deles. E eu tenho certeza de que você vai achar um solução quando esses problemas aparecerem.

Ele não desviou os olhos dos meus nem por um segundo. E foi difícil não acreditar em cada palavra que ele disse. Mesmo que uma parte de mim insistisse em continuar pensando naquilo, eu apenas entrelacei meus braços em seu pescoço, abraçando. Seus braços rodearam minha cintura e ele beijou o topo da minha cabeça. Era incrível que como ele me fazia sentir bem. E eu não queria sair nunca daquele abraço.

Milk ShakespeareOnde histórias criam vida. Descubra agora