XXIX

3.5K 335 93
                                    

🌊PERCY🌊

Eu notara os olhares de Thalia durante toda a noite. E assim que me despedira de Annie e entrara no carro, estava preparado para as perguntas e brincadeiras.

— E como foi o trabalho — a ironia em sua voz era palpável.

— Bom — me fiz de desentendido. — A Annie é muito inteligente, fez bastante coisa, eu fiquei mais encarregado de corrigi alguns erros — expliquei.

— E demoraram a tarde toda nisso? — Ela questionou.

Thalia era inteligente o suficiente para perceber o que estava acontecendo. Eu sabia disso. Mas se fosse para ela realmente saber, Annabeth já a teria contado e eu sabia que as duas já haviam tido muitas chances de conversar sobre isso.

— Eu também a expliquei sobre as próximas etapas, e não foi um trabalho pequeno — disse por fim.

Ela me encarou por alguns instantes e então voltou a sua atenção para o trânsito, deixando o resto do percurso em silêncio. Quando chegamos em casa, Grover estava no chão sobre uma cartolina branca, tintas, pincéis e lápis espalhados por ali. Para alguém que convivia com ele há um bom tempo, eu sabia que ele estava fazendo um cartaz para algum protesto. Não era necessário perguntar para o que era aquilo, as grandes letras desenhadas a lápis no papel já indicavam que ele estava lutando pela preservação dos animais do Central Park. Thalia apenas encarou o trabalho do garoto enquanto eu só seguia para o meu quarto. Eu poderia aturar as piadinhas depois.

O sol estava prestes a se pôr e, encarando a vista da janela, decidi ir surfar um pouco, ao menos até a lua aparecer no céu. Grover e Thalia estava na sala quando voltei do mar.

— Imagino que o trabalho tenha sido bom — Grover me disse sem desviar os olhos da tela da TV.

Assim como a de Thalia, sua voz pingava ironia.

— Foi ótimo — respondi apenas, seguindo para o banho.

Pude ouvir as risadas dos dois e sabia que teria que aguentar aquilo por um bom tempo. Mas eu tentaria não me preocupar tanto com isso.

***

A Milk Shakespeare estava vazia naquela sexta-feira, fazendo com que os atendentes ficassem apenas sentados por aí, fazendo coisas aleatórias. Annabeth nao demorou a chegar. O sino em cima da porta tocou e a vi olhar ao redor, parecendo procurar um lugar para sentar. Então ela se dirigiu até onde eu estava, se sentando a minha frente no balcão.

— Um pequeno hoje — disse e eu assenti, indo fazer o seu pedido.

Logo coloquei o copo com seu milk shake de morango a sua frente e ela tomou um gole.

— Entreguei a introdução hoje — ela disse. — Eu estou nervosa — sorri.

— Você deveria relaxar — eu disse.

— Da última vez que eu segui seus conselhos eu fiz ioga e meditação — me encarou, cruzando os braços, me fazendo rir.

— Eu não disse para fazer ioga e meditação — retruquei. — Thalia me falou que eu tinha te quebrado — ela deu de ombros, tomando mais um gole da bebida.

Ficamos conversando durante a tarde enquanto ela rabiscava o que, para mim, eram apenas coisas aleatórias. Como em todos os outros dias, fomos juntos para a estação, entretanto, em algum momento, nós demos as mãos. Eu apenas notei quando chegamos no metrô, onde teríamos que nos separar. Eu gostava do seu toque, era reconfortante. Annabeth se virou para mim, selando rapidamente nossos lábios e indo em direção ao seu trem. Me deixando sozinho ali.

Quando cheguei em casa, Grover ainda não tinha voltado de sua manifestação. Eu sabia que ele poderia voltar apenas no dia seguinte, mesmo assim, mandei uma mensagem para saber como ele estava. Thalia não saíra do celular em momento algum e eu apenas fui para o meu quarto a fim de estudar para as provas que começavam a se aproximar. Eu apenas vira Grover na manhã seguinte, quando eu estava saindo, e ele chegando. Eu apenas o encarei antes de continuar meu caminho. Eu com certeza iria querer saber o que havia acontecido no dia anterior, mas naquele momento eu nao tinha tempo. Eu precisava passar na biblioteca da escola para pegar um livro para a minha primeira aula. Mas eu não fora o único que parecera pensar em passar no local mais cedo. Entre algumas prateleiras, estava Annabeth, que parecia extremamente concentrada na escolha dos livros.

— Eu estou estranhamente surpreso em te encontrar aqui — eu disse, anunciando minha presença, fazendo-a se voltar para mim, abrindo um sorriso logo em seguida.

— Justo a pessoa de quem eu precisava — ela diz me puxando pelo braço. — É para o trabalho do sr. D., eu decidi dar uma pesquisada antes da minha próxima visita ao aquário — ela disse pegando alguns livros da estante. — Qual deles você acha que seria melhor?

A encarei um pouco chocado. Eu mesmo mal pegava aqueles livros. As poucas vezes que eu entrava na biblioteca era porque o professor falara que a leitura de um determinado livro era importante. Em geral, eu sempre contava com a internet para esse tipo de coisa. É claro que eu falei aquilo para Annabeth, que revirou os olhos no mesmo momento.

— Ou seja, você também não me serve de nada — ela disse e eu ri.

— Hey, também não é assim,  sabidinha — ela arqueou a sobrancelha com a minha defesa. — Segundo o que eu devo te mostrar no aquário e com base na nossa introdução... — eu disse analisando os livros em suas mãos — Acredito que esse seja o mais indicado — disse pegando um deles.

Ela me encarou, sorrindo e logo guardou os outros no lugar. Eu procurei o que eu precisava, e saímos juntos do prédio, nos separamos logo em seguida devido a nossas aulas em áreas diferentes da faculdade.

Milk ShakespeareOnde histórias criam vida. Descubra agora