Queenstrial - [Kim Taehyung]

I promise I'll be a good man

1 – T A E H Y U N G

As últimas semanas no palácio tinham sido uma loucura.

Desde o anúncio da Seleção para as Casas, estavam sendo feitos preparativos para acomodar as quinze moças que passassem no Queenstrial, a Prova Real. Ao menos, com essa condição, eu não seria obrigado a conhecer trinta e cinco moças e eliminar uma por uma até que restasse a futura rainha. Ainda assim, quinze delas parecia tão assustador quanto.

Sou o príncipe herdeiro, lembrei-me. Posso fazer isso. Posso fazer o que eu quiser. Futuros reis não se assustam nem recuam perante um desafio. Se eu tivesse que passar por isso para conseguir reinar, que fosse.

Eu não imaginava encontrar amor. Não, longe disso. As meninas inscritas eram representantes de suas Casas e tinham o mero objetivo de conseguir a coroa. Reinarem. E, claro, poder contribuir gerando um herdeiro mais poderoso que os próprios pais, para que um legado forte pudesse continuar. Era assim há gerações.

Tudo bem, meus pais se apaixonaram. Mas gosto de acreditar que fora apenas uma bênção do destino, porque a chance desse tipo de coisa acontecer é uma em um milhão. Definitivamente não sou a 'uma'. E não espero por isso. Não quero encontrar amor.

Amor nos deixa fracos. E um rei pode ser tudo, menos fraco.

— Taehyungie? – Minha mãe diz com uma voz suave, ao mesmo tempo que coloca sua cabeça para dentro de meu quarto. Dispenso os criados com um gesto e termino de ajeitar minhas abotoaduras. Sorrio para ela.

— Olá, mãe. Como está? – Pergunto.

Seu vestido é amarelo, repleto de detalhes em renda, e possui uma fenda na lateral direita. Ela tem um colar de diamantes no pescoço que cai com drapeados bonitos e combina perfeitamente com a coroa. A cor representa sua casa, Laris.

— Eu estou ótima. Mas quero saber de você, querido. – Ela se aproxima e para em minha frente. Eu abaixo a cabeça, mas suas mãos seguram minhas bochechas e me obrigam a olhá-la.

— Eu estou bem. – Digo. Sua sobrancelha arqueia, e sei que não acreditou em mim. – De verdade, mãe. Vou sobreviver.

— Pelo menos tente, Taehyung. Você pode encontrar algo que nunca imaginou estar procurando.

— Amor? – Bufo e me desvencilho de seu toque. Suas mãos caem ao lado do corpo. – Não sou como papai e você. Não acredito nisso.

— Taehyung...

— Não! – Corto-a.

Pela sua expressão, tenho certeza de que a magoei. Acabo fazendo isso sem querer, e é por essa razão que gosto de me manter afastado e me concentrar nas tarefas burocráticas e militares. Coisas lógicas são mais fáceis de se lidar.

Prometo que serei um bom homem, mamãe. Serei um bom rei.

— Não mais. – Digo.

Ela toma minhas palavras como um aviso para parar de falar e insistir nesse assunto. Agradeço por isso. Não gosto de conversar e me abrir com as pessoas. Não gosto que sintam pena.

— Tudo bem. – Diz, com a voz baixa. – Termine de se arrumar. Estamos te esperando para começar a Prova Real.

Faço o que ela diz. Dou uma última conferida no espelho e respiro fundo; no mínimo dez vezes. Não fique nervoso, digo para mim mesmo. Caminho com passos firmes pelo corredor e não dirijo a palavra a ninguém.

A Arena toma minha visão e procuro minha família no camarote, que possibilita uma boa visão da demonstração dos poderes. Força e poder, meu mantra novamente ressoa. É só isso que preciso procurar. Uma nobre digna, poderosa e que possa dar um herdeiro para continuar a linhagem dos Kim.

Tomo meu lugar na cadeira. E sei que estou prestes a assinar minha sentença de morte.