Queenstrial - [Kim Taehyung]

It's like a piece of what I lost came back

12 – S E O    D A – Y E O N G

Aria Iral tinha se recuperado completamente da batalha contra Melissa. Não é necessário dizer que todos estavam evitando contato com a Gliacon, é? Bom, isso era exatamente o que estava acontecendo. Os acontecimentos eram muito recentes, e quatro dias não são tempo suficiente para fazer alguém esquecer de um trauma ou uma cena muito chocante.

E ver Melissa congelar os nervos da silfo, de dentro para fora, era muito mais do que chocante.

Por falar nas lutas, eu havia perdido a minha. Não era um grande problema para mim, visto que eu pressentia que seria chutada daqui a qualquer momento. Ademais, perder para alguém talentosa como Aria era um ato honroso. De qualquer maneira, eu não ligaria de ir embora. Estava aqui porque meus pais haviam me obrigado. Foco na coroa, Da-Yeong. Queremos a coroa.

Eu não entendia essa obsessão pela realeza. A Família Kim, apesar de ser boa como governante, ainda tinha seus problemas. Eles não davam a devida atenção ao povo vermelho, por exemplo, e isso desencadeava diversos problemas sociais, como falta de emprego por conta do preconceito. E Taehyung, céus! Este sim era perturbado. Eu duvidava que seria um bom rei. Ele sequer era um bom ser humano...

Mas algo dentro de mim dardejava e me levava em direção ao príncipe. Não era nenhum tipo de interesse romântico ou sexual, apenas uma necessidade de ouvi-lo, de ajudá-lo. Eu tinha certeza que ele precisava descarregar algum peso que levava com tanto afinco em seu coração.

Droga, eu odiava ser tão bondosa.

Hoje, em comemoração à recuperação de Aria, teremos um baile. Por conta disso, o palácio está lotado de serviçais de sangue vermelho, organizando coisas para lá e para cá. Minhas criadas já haviam trazido o vestido que eu usaria; e agradeci a todos os céus por ver que ele não era branco. Eu já não suportava usar branco.

Na realidade, ele era amarelo. A saia era bufante e repleta de tules, como tudo o que a nobreza usava, e o corpete era encrustado com pequenas pedras douradas. Combinava com a minha pele e contrastava com meu cabelo escuro. Eu me sentia bonita, ainda que um pouco insegura para usar algo como aquilo.

— A senhorita está muito bela. – Esmie, a criada mais nova, comenta.

— Obrigada. – Agradeço entorpecida, ciente de que meu rosto está vermelho. Nunca soube como reagir a elogios.

Meus saltos ecoam conforme me dirijo ao salão onde o baile está sendo feito. As garotas estão comigo e formamos uma fila repleta de beldades a serem desfiladas por aí. Estranhamente, não vejo Aylla ou Helena. Será que foram embora?, me pergunto. Mas rapidamente volto a prestar atenção no que interessa. O príncipe Taehyung está na frente, e abrirá nossa entrada. Apesar de tudo, é a atração principal da noite.

Meu queixo cai no momento em que as portas se abrem. É esplêndido. Suntuoso. Magnífico. Realmente não consigo achar outros adjetivos para descrever a magnitude da decoração do salão. É um luxo inimaginável.

Há cristais e ouro espalhados pelo local, que se mesclam como uma dança harmoniosa. Cortinas de seda em tom de marfim cobrem pilares, se embrenham no gesso do teto e descem pelas janelas de forma graciosa que só a realeza é capaz de ter. E não menos importante, nobres de todos os cantos da Nova Ásia – assim como de outras partes do mundo, suponho – compõem os convidados.

Taehyung socializa com todos na maior facilidade. A maioria, entretanto, com um falso entusiasmo. As únicas pessoas com as quais ele parece ter mais apreço são seis garotos, todos por volta da mesma idade; muito bem vestidos e bonitos. Silenciosamente me pergunto quem são, e continuo a observá-los antes de ter minha atenção capturada por Hee-sun.