3 – M I N N A R INão acreditei quando bateram na porta de casa.
Era uma manhã de domingo quando Somin gritou e interrompeu meu sono. No início, pensei que era mais um de seus surtos pela unha estragada. Porém, depois de ser forçada a sair da cama por Irene, percebi que estava muito errada. E enrascada.
Quando, em um milhão de anos, eu seria escolhida para competir pelo príncipe? Haviam trinta e quatro garotas mais fortes, talentosas e bonitas que eu no meio daquela arena do Jardim Espiral. O príncipe não devia nem ter se preocupado com uma curandeira de sangue como eu.
E, ainda sim, eu estava ali. Prestes a ser levada para o palácio.
O emissário real foi muito gentil. Ele percebeu que eu estava descrente e um pouco assustada, então tratou de deixar as coisas mais leves e até expulsou Somin da sala quando esta tentou se meter demais nas minhas respostas. Entretanto, ela tentou novamente interferir ao jogar uma tonelada de roupas provocantes na minha mala.
Após ter dado um longo abraço em Irene, a mulher que cuidou de mim desde que eu nasci e era como minha mãe, desci a escadaria de minha casa e encontrei o resto da família. Meu pai pareceu feliz e me dirigiu um sorriso orgulhoso. Isso bastou para deixar meu dia melhor, pois tudo o que eu desejava era orgulhá-lo. Eu faria isso. Iria para o palácio. Despedi-me com um abraço, dei outro em Somin – ainda que contra a minha vontade – e saí de casa, prestes a lutar por algo que não queria.
— Senhorita Min? – O emissário chamou, percebendo que eu estava distraída. –Você irá voar junto com algumas outras selecionadas até o palácio e lá será recebida pela instrutora de etiqueta, Lady Arven.
Lady Arven?, questionei a mim mesma, incrédula. Ela era famosíssima dentre os membros da Casa Blonos, mas rumores diziam que sua personalidade era péssima. Não sabia se devia ficar feliz ou com medo, mas agradeci. Ao menos, eu conseguiria conhecer outras selecionadas e, quem sabe, fazer novas amigas.
— Essa geringonça vai nos levar até Seul?
Retiro meu último pensamento quando escuto a voz estridente de uma garota. Viro-me com cautela para encarar seus olhos azuis gélidos. Ela usa um vestido magnífico, quase tão bonito quanto o da Prova Real. Lembro-me de sua feição e seus poderes destrutivos: Melissa Gliacon. É uma calafrio.
— Isso não é uma geringonça, querida. Tenho certeza que é muito mais do que você já viu.
Eu rio sem perceber. Melissa não gosta de minha atitude e lança um olhar feio, o qual prefiro ignorar, mas a garota da Casa Provos que a enfrentou se aproxima de mim e se introduz.
— Park Yoon-Soo. – Ela estende a mão para mim. Eu aperto e sorrio.
— Min Nari.
— Casa Blonos, não é?
— Sim. E você é da Provos. – Soa mais como uma afirmação. Ela dá uma risadinha por conta de minha inocência.
Yoon-Soo é linda, e me sinto diminuída perto dela. Possui traços marcantes e delicados, e sua cabeleira castanha na altura dos ombros faz uma moldura perfeita em seu rosto. Ela usa bastante maquiagem, mas não é algo que fica exagerado; pelo contrário, ressalta tudo o que tem de bom e esconde o que não tem.
Entretanto, seu olhar é afiado. Ela parece pronta para degolar alguém, e me pergunto se é apenas apreensão ou se sua personalidade é realmente assim. Será que é o tipo de pessoa que esconde seu verdadeiro jeito? Eu duvidada que conseguisse descobrir. De qualquer maneira, ela é mais gentil que a Gliacon, que ignorou todo mundo e entrou no avião de cara emburrada.
Nós conversamos durante o trajeto, e me sinto ansiosa a cada minuto que passa. Tento me distrair, mas parece impossível. Contudo, mantenho o sorriso e sou educada, apesar de crer que não seremos assim tão próximas.
Quando o avião pousa e descemos no aeroporto de Incheon, há centenas de pessoas lá esperando por nós. Vermelhos segurando cartazes e torcendo, em sua maioria; ainda que haja alguns nobres prateados no meio para mostrar apoio. Uma onda de boas energias me atinge e dessa vez dou um sorriso sincero, mas me sinto mil vezes mais nervosa.
O palácio não é nada como imaginei. É muito mais. Exuberante, grandioso, esbanjando riqueza e cores vermelhas como a da Casa Calore, que vêm reinando há gerações. Não posso deixar de escancarar a boca. Nunca sonhei em estar aqui.
— Finalmente! As últimas chegaram.
O tom de voz de Lady Arven já me passa nojo, mas ela parece amaciar ao me ver. De qualquer forma, não gosto do modo como grita e nos conduz para dentro de uma sala, que tem mais doze garotas. Somos quinze no total e sei que a competição é acirrada. Vou em direção ao meu lugar na fila de moças, e a instrutora começa a falar.
— Senhoritas, vocês foram as escolhidas para continuar na competição pela mão do príncipe Taehyung. Ele se juntará a nós em breve. – Vejo que algumas se animam com isso. – Primeiro, vocês conhecerão seus aposentos, onde ficarão pelas próximas semanas. E cada uma terá três criadas, que farão tudo para vocês, desde preparar o banho até confeccionar os vestidos.
"Eu ficarei responsável pelas aulas de etiqueta. Não só isso, como o treinamento para os duelos e toda a administração das coisas. Estou aqui para garantir a ordem e evitar qualquer problema que possa comprometer a Família Real ou afetar nossas relações com as Casas ou outros países.
Espero que todas estejam cientes de que existem regras aqui dentro. Primeiro: só o príncipe pode dispensá-las. Se isso acontecer, vocês terão toda a estrutura necessária para voltar para casa. Segundo: sempre que estiverem conversando com ele, não se esqueçam que estão falando com a realeza. Só dispensem a formalidade se ele autorizar, porém nunca elevem a voz. Terceiro: violência contra as outras selecionadas ou contra o príncipe ou qualquer membro da Família Real acarretará na desclassificação imediata da candidata. É uma atitude inaceitável."
Ela dita mais algumas regras e minha cabeça já começa a doer com tanta informação para processar de uma só vez. Algumas garotas estão na mesma situação que eu, incomodadas; outras prestam tanta atenção que é como se sua vida dependesse daquilo. Quando ela finalmente termina o discurso, suspiro de alívio. Era quase como se sua fala pudesse pressionar meus pulmões.
Então tudo para, e as portas na nossa frente se abrem sem aviso.
O príncipe entra.
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Queenstrial - [Kim Taehyung]
FanfictionO príncipe Kim Taehyung era um homem frio, e em sua cabeça, apenas duas coisas importavam no mundo: força e poder. Ele faria de tudo para conseguir sua coroa. Por essa razão, o rapaz aceita a proposta dos seus pais de realizar a Seleção, na qual tr...