Deadly Winter

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10 – K A T H E R I NE

Conforme as duas garotas que lutaram recentemente se dirigem à enfermaria, em uma bagunça de sangue e suor, Lord Provos retoma sua postura pétrea e chama pelas próximas competidoras. Yoon-soo e Safira irão se enfrentar, e não posso deixar de sentir um desconforto no fundo do meu estômago por saber que estou perto. Estou muito perto de batalhar.

E sei que não quero fazer isso.

Não gosto de violência. Tive que ficar em silêncio por muitos anos, impotente, enquanto apenas usava minha inteligência para sobreviver e tentar escapar da realidade miserável na qual eu estava inserida.

O tremor na minha espinha volta, e se aloja na coluna. Não quero me lembrar. Quero ser feliz e seguir em frente, mas as cicatrizes parecem serem incapazes de segurar os pontos que eu tanto demorei para dar. São recentes demais. Elas ainda doem e ardem, mas, felizmente, não tanto como antes.

Volto a prestar atenção na batalha, e as meninas já estão posicionadas na espera do sinal. Quando ele vem, Safira começa se aquecendo, clamando por uma tempestade que logo atingirá a arena, mesmo que o teto nos proteja. Ela absorve a energia dos raios que envolvem as competidoras e as separam do restante, e Yoon-soo observa tudo com um olhar sereno no rosto, sem pressa, sem medo. Ela tem um porte forte e decidido que me dá inveja.

O primeiro relâmpago atinge o chão na frente da Provos, mas ao invés de recuar, Yoon-soo dá um passo à frente. Ela manipula as coisas ao seu redor e retira fragmentos do chão e da parede, lançando-os na adversária. Safira é colocada para correr e não tem tempo de se concentrar nos raios, a não ser que queira tomar uma na cara.

A asiática aproveita essa oportunidade para encurralar a oponente e dá uma rasteira em Safira, que cai com o queixo no chão. Yoon-soo sobe por cima e soca seu rosto e estômago, dando com o cotovelo na mandíbula e descendo-o com tudo no ombro.

O estalo foi tão grande que me arrepiei dos pés à cabeça. O osso da clavícula tinha se partido, com certeza.

Mas de alguma forma, a Nolle conseguiu tirar a outra de cima de si e acertar-lhe um raio vindo do escudo. Entretanto, a dor de seu ombro estava forte demais e ela acabou caindo antes que pudesse continuar qualquer coisa. Yoon-soo foi dada como vencedora.

— Katherine Petrova e Helena Jonhson.

Eu novamente sinto as mãos suando e o coração batendo a mil quilômetros por hora, como se quisesse explodir. Eu estava com medo. Aterrorizada! Por mais que pudesse ser curada depois, a ideia de lutar, me machucar e machucar outra pessoa era pesado demais para que eu pudesse lidar.

Eu não gostava de ferir; meu desejo era remediar.

Eu não gostava de ser bruta; eu queria ser gentil.

Em um mundo lotado de ódio, isso é assim tão errado?

— O que há de errado, Lad...Katherine? – Ouço aquela voz que se tornara familiar. Taehyung senta ao meu lado e observa meu corpo rijo que não quer se mexer.

— Não quero fazer isso. – Admito baixinho, como se confessasse um pecado. Tenho tantos que não seria capaz de me purificar nem com mil anos de confissões e pedidos de perdão. – Por que tenho que lutar, Alteza?

— É apenas um símbolo de força. Não se preocupe tanto assim, tudo bem? Os curandeiros te ajudarão depois da batalha.

— Não é esse o problema! – Digo um pouco mais alto, assustando-o. – Por que tem que haver uma demonstração de força?!

Queenstrial  -  [Kim Taehyung]Onde histórias criam vida. Descubra agora