I don't need help

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6 – J U S T I N E    E V A N S

É estranho sentar na mesa do café da manhã sabendo que, duas semanas atrás, eu que preparava todos esses doces que agora enfeitam a mesa. O bolo de mel tem uma textura fofinha que só Eunha consegue fazer. Os pães são feitos a mão pelas gêmeas Tinger, da Casa Jacos, e a pavlova maravilhosa só pode ser obra de George. Aqui, nesse momento, me sinto em casa.

O clima da mesa é descontraído. A maioria das selecionadas conversam entre si, com exceção de algumas, como eu. Fico no meu lugar, quietinha, apenas observando os arredores. A sensação de estar no palácio, não como uma funcionária, mas como uma convidada, dá um arrepio em minha pele fria.

— Lady Evans? – Paro de mastigar quando ouço meu nome, e percebo que é a garota da Blonos que me chama. – Por que está tão quieta?

— Acho que ainda estou tentando processar que estou aqui. – Confesso baixinho, rindo de leve. Ela abre um sorriso também, como se concordasse.

— Está nervosa? Com toda essa história de competição, quero dizer.

— Um pouco. Tenho medo dos duelos, principalmente.

Ela me olha como se estranhasse.

— Você é uma Samos. Por que teme?

— A Gliacon. – Aponto com o queixo para a loira, que parecia querer congelar o café. – Os poderes dela são mais destrutivos que os meus, tenho certeza.

A garota (cujo nome descubro ser Min Nari) concorda.

— Ela parece pronta para destroçar alguém. – Afirma. – Não duvido que use métodos sujos para tentar ganhar. – Eu assinto. – De qualquer forma, acho que podemos ser amigas. Nos apoiar, e tal. O que acha?

— Acho uma ótima ideia. – Sorrio.

— Senhoritas? – O príncipe levanta de súbito, e minha conversa com Nari para. – Gostaria de conversar um pouquinho com cada uma de vocês, a fim de conhecê-las melhor. Peço que venham até o sofá quando seu nome for chamado.

Minha espinha gela, e sei que estou começando a suar que nem um porco. As palavras 'conversar' e 'conhecer melhor' já são assustadoras por si só, mas juntando à palavra 'príncipe', isso fica dez milhões de vezes pior. Respiro curto, curtinho, sentindo que irei desmaiar. Tomo um longo gole de água para ver se evito essa tragédia. Seria vergonhoso ser mandada embora no primeiro dia por conta de um desmaio.

— Lady Iral.

A morena de pele negra levanta, e sua graciosidade é tão impressionante que me sinto diminuída. Ela tem traços exuberantes e um porte de realeza que a segue por onde quer que vá. O príncipe Taehyung parece descontraído perto dela, e percebo que algumas meninas ficam com uma pontinha de inveja. Será que já se conhecem?

— Ela é bonita. – Nari comenta, e eu concordo sem pensar. – Você também tem isso de se sentir pequena perto das outras?

— Nossa, demais! – Respondo rápido, sem nem medir minhas palavras. – Em um momento, sinto uma confiança em mim, mas ela se rui quando vejo pessoas como Lady Aria.

— Sei exatamente como se sente. – A Blonos diz, tristonha.

— Ah, por favor. Parem de se menosprezar desse jeito! – Afirma uma outra garota, sentada à minha frente, que se intromete na conversa. – Sou Hee-sun, a propósito.

Hee-sun é uma Welle, mas não usa vestimentas floridas repletas de galhos, como já vi acontecer. Ela traja um vestido rosado com caimento nos ombros e mangas compridas. O rosto é marcado com lápis de olho e um batom vermelho, e, apesar de não ser de uma Casa tão poderosa, aparenta ser. É uma das lições que sempre ouvi pelos corredores do palácio: parecer poderoso é ser poderoso.

Queenstrial  -  [Kim Taehyung]Onde histórias criam vida. Descubra agora