14 – T A E H Y U N G
TRINTA MINUTOS ANTES DO BAILE
— Desgraçada! – gritei alto quando entrei no meu quarto, batendo a porta com tanta força que ela estremeceu. – Desgraçada, cínica!
Chutei a mesa mais próxima da onde eu estava, fazendo a peça de carvalho se estatelar no chão. Corri os dedos pela cômoda com brutalidade, derrubando meus itens de decoração que ali jaziam: a câmera fotográfica, os livros de arquitetura, um vasinho de planta inútil que eu não sei porque eu insistia em manter – a porra da planta estava morta há dias! Morta! – e um porta retrato. Em meio aos meus gritos e as lamurias engasgadas que eu insistia em guardar lá dentro, quebrei o espelho com meu punho.
Rasguei almofadas em pedaços; baguncei meus edredons pesados; puxei as cortinas até que elas se desprendessem do trilho. E gritei. Gritei muito, tão alto que minha garganta já estava dolorida. E mesmo que as paredes fossem a prova de som, eu duvidava que alguém não soubesse o que se passava ali dentro, ali no meu mundo. Todos que me conheciam sabiam que eu finalmente (e novamente) desabava.
— Maldita Melissa Gliacon! Maldito Arthur Merandus! Maldito cargo de herdeiro que só me trouxe maldições!
E o fogo se espalhava pelo cômodo, consumindo os restos de madeira com avidez e sagacidade. Ele carbonizava o carpete caro importado da Áustria e ameaçava engolir outros móveis, outras coisas. Eu só queria que me engolisse, mas eu não morria pelas chamas, apenas pelo meu próprio coração. O eco é o único amigo que tenho.
— Tae...
E novamente Eun Jin estava parada na porta, preocupada e aterrorizada. Ridículo, eu penso. Sou patético. Sou fraco e covarde.
— Saia daqui! – Eu brando com todos os meus pulmões. Mas Jinnie se aproxima e me abraça com força, mesmo com todas as minhas cotoveladas que tentam empurrá-la. Sua força de vontade parece ser maior que a minha vontade de lutar contra tudo que está ao meu redor desde que ela se foi.
— Não vou embora, Taehyung-ah. – Ela sussurrou bem baixinho, acariciando meus cabelos, enquanto meus joelhos cediam e íamos ao chão. – Rosalie pode ter ido, mas eu estou aqui com você.
E eu choro feito um bebê abandonado pela mãe.
— Ela sabe, Jinnie. Melissa sabe de algo, e eu tenho certeza que boa coisa daí não vem.
— Vamos resolver isso, irmão. Você será rei da Nova Ásia, se lembra? Pode colocar ela num pelotão de fuzilamento se quiser.
— Não sem provas. – rebati.
— Então vamos achá-las. – Ela sorri debochada.
Soluço, abraçando Eun Jin com mais força. Só percebo que está bruto demais quando meus dedos se tornam brancos e ela dá um pequeno gemido de dor. A solto rapidamente, suavizando meu entorno. Meus olhos estão inchados, mas a maquiagem cobrirá. Por enquanto, estou vulnerável e nu na frente de minha irmã.
— Eu sinto tanto a falta dela. – sentencio aquilo que pesou-me por tanto tempo.
E ela assente, pois sabe. Esteve lá.
— Eu sei, irmão. – Ela me abraça mais uma vez. – Eu sei.
º º º
A música clássica toca e entretêm centenas de convidados. A bebida foi a forma que achei de fugir daquela dor de cabeça chamada Melissa Gliacon e todo o meu conturbado passado. Eu deveria saber que o maldito do pai dela, Heitor, ficaria sabendo da verdadeira história. Ele sempre achava um jeito de arrancar uma informação.
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Queenstrial - [Kim Taehyung]
FanfictionO príncipe Kim Taehyung era um homem frio, e em sua cabeça, apenas duas coisas importavam no mundo: força e poder. Ele faria de tudo para conseguir sua coroa. Por essa razão, o rapaz aceita a proposta dos seus pais de realizar a Seleção, na qual tr...