I am selfish

861 101 16
                                    




11 – T A E H Y U N G

Minhas costas já doíam de tanto ficar sentado na cadeira. Vez ou outra, eu levantava para ver as outras meninas que ainda estavam se recuperando na enfermaria, apesar de Katherine me preocupar mais. Ela estava em um estado péssimo, e uma pequena pressão de culpa envolvia meu coração. Ela não queria lutar, penso. Eu a obriguei. Eu a incentivei, e... e....

— Rápido, tragam-na aqui!

E meu pensamento é cortado, pois um grupo de quatro pessoas entra abruptamente na enfermaria carregando Aria nos braços.

Meu sangue gela.

Consigo sentir ele descendo para o pé e meu rosto naturalmente pálido perder mais cor. Eu olho para a silfo, desesperado, a procura de algum ferimento. Há apenas alguns pequenos cortes na região da barriga, mas não sangram muito. Então por que ela parece tão mal? Ela está pálida também, e seus lábios estão roxos e trêmulos. Parece que teve a vida sugada para fora do corpo, e isso me arrepia.

— Tragam cobertores! E soro com extra de vitamina B!

Não sei o que está acontecendo, mas estou atônito demais para perguntar. A ideia de perder minha melhor amiga – talvez minha única amiga – faz meu estômago revirar e eu sinto dor no peito. Caio de joelhos, impotente, sentindo-o doer cada vez mais intensamente.

— Alteza? O que aconteceu com o senhor? – Alguém que não identifico me pergunta. – Alteza! – A pessoa grita mais alto. Não tenho forças para responder. – Será que alguém da Skonos pode vir aqui, pelo amor de Deus?

Quando uma curandeira que olha Aria faz menção de sair, eu a paro com um grito.

— Não! N-não, cuide dela primeiro! – Digo com dificuldade. Minha garganta parece que vai explodir. – Cuide de Aria.

E é tudo tão martirizante que mal percebo quando Yoon-Soo coloca uma mão em minhas costas e acaricia essa região, transmitindo conforto. Ela não diz nada e não faz perguntas. Gosto disso. E com sua atitude, sou capaz de relaxar e não surtar. Sussurro um obrigado a ela, que me retribui com um sorriso terno. E então eu fico ali, aguardando até que algo possa ser feito.

Apenas uma pergunta paira em minha cabeça: quem fez isso?


A R I A

Eu acordo com um barulho que vem do lado de fora. São os grilos que cantam naquele cri-cri irritante que eu detesto. A luz do quarto está fraca, mas ainda consigo ver Taehyung sentando em uma cadeira qualquer, dormindo. Ele provavelmente está na enfermaria esperando pelas outras há mais tempo do que gostaria de admitir.

Mas... enfermaria? Não sei como vim parar aqui, apesar de meus braços, tronco e pescoço doerem como o inferno. Já minhas pernas...

Minhas pernas...

— NÃO! – O grito que solto é estridente e suficiente para acordar o príncipe herdeiro. Ele dá um pulo na cadeira e seu olhar procura pelo meu. Está aflito. Mas me ver acordada parece ter algum efeito tranquilizante em si e ele relaxa, vindo para perto de mim com cautela.

— Que bom que acordou. – Ele diz com sua voz rouca, ainda mais do que o normal visto que acabou de acordar. – Como está se sentindo?

— Taehyungie – Eu choramingo, tentando segurar as lágrimas. – Eu não sinto minhas pernas.

— Aria, se acalme. – Ele diz, segurando minha mão. Mas eu não me acalmo. Faço justamente o contrário: me desespero ainda mais. Começo a bater em minhas próprias pernas em busca de algo; qualquer sensação. Ela está ali, certamente. Existe. Mas é tão sutil que eu mal consigo perceber. Os vergões roxos causados pelos socos parecem ser mera maquiagem, porque não sinto dor. Não sinto nada.

Queenstrial  -  [Kim Taehyung]Onde histórias criam vida. Descubra agora