16 – K A T H E R I N E
Tenho vergonha de admitir que chorei copiosamente quando cheguei no quarto. Caí de joelhos no chão, que graças a Deus era um tapete, e enterrei meu rosto em minhas mãos, desatando a chorar. Meu coração doía tanto e eu finalmente parecia ter me dado conta do porquê. Cada parte de mim gritava, formigava, como se quisesse esfregar a verdade na minha cara: Eu gostava de Taehyung.
Não sei em que momento passei a olhá-lo com outros olhos. Depois do nosso encontro, talvez? Quando eu pude ver uma pequena parte de si que parecia estar enterrada há muito. Ele era como um quebra-cabeça de milhares de pecinhas, complicado de ser montado – mas, uma vez completo, formava a mais bela imagem. Era diferente de tudo o que eu já tinha visto e sentido. Céus, eu olhava para ele e... imaginava uma vida ao seu lado. Uma nova vida. Diferente da que eu vivi anteriormente.
Entretanto, ele havia se tornado um príncipe amargo e incapaz de sorrir porque perdera alguém importante. Alguém que ele amava. A tal de Rosalie, que Tae afirmara eu ser parecida.
O herdeiro já possuía alguém em seu coração.
E a constatação caiu com tanta força em minha cabeça que precisei fugir, escapar daquele escritório que parecia me sufocar, apenas por estar na presença de Taehyung. Eu tinha sido uma idiota, possuía plena consciência, mas meu corpo me traiu. E eu não podia permitir que o primogênito visse minhas lágrimas. Ninguém via minhas lágrimas.
Não dormi naquela noite, entorpecida demais com meus pensamentos. Revirei-me na cama, taquei o edredom no chão, pedi para Nina cantar uma canção de ninar ou contar uma história; tentei até mesmo contar carneirinhos, estrelinhas, trevos de quatro folha. Mas nada adiantou.
Acordei péssima. Minha cabeça doía e meus olhos estavam inchados. Felizmente, Cara sabia esconder minhas imperfeições com maquiagem, e algumas camadas de rímel à mais fizeram-me parecer saudável para todos.
Só que Taehyung não apareceu no café da manhã.
A rainha Sunmi conversou mais conosco desta vez. Ela é realmente muito gentil e amorosa. Há carinho em cada palavra que jorra por sua boca, e ela parece ser o tipo de pessoa genuinamente boa, diferente de noventa por cento da corte. Mas eu estava alheia às coisas ao meu redor, querendo apenas saber o que tinha acontecido com o príncipe – se meus atos haviam sido imprudentes demais e o magoado, ou pior, o enraivecido.
Taehyung também não apareceu no almoço.
Eu já estava ficando preocupada, e algumas das garotas também. Nari parecia nervosa, e alternava seu olhar entre a rainha, o rei e a princesa, como se procurasse alguma explicação. Eun Jin disse que seu irmão estava se sentindo indisposto, com fortes dores de cabeça, e preferiu comer no silêncio e na paz de seu quarto. Contudo, não acreditei. Algo me dizia que eu tinha uma parcela de culpa em tudo.
Droga, droga, droga! Como você é burra, Katherine!
É assim que pretende conquistá-lo?
Espere... você vai conquistá-lo? Prometeu a si mesma que não forçaria a barra. Que não iria impor seus sentimentos, nem o forçaria a amá-la.
Amá-la? Quem amaria alguém como você? Uma prostituta.
Você é imunda, Kat, e nada pode mudar isso. Nem mesmo as joias, a maquiagem, os vestidos caros e o ar de realeza. Nada pode mudar o que você se tornou!
— Calem a boca! – gritei alto.
Só percebi que estava no meio do almoço quando todos olharam para mim, incluindo os membros da Família Real. Merda! Eu mandei todo mundo calar a boca! As vozes, malditas vozes que pertenciam à minha consciência culpada, só me metiam em problemas.
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Queenstrial - [Kim Taehyung]
FanfictionO príncipe Kim Taehyung era um homem frio, e em sua cabeça, apenas duas coisas importavam no mundo: força e poder. Ele faria de tudo para conseguir sua coroa. Por essa razão, o rapaz aceita a proposta dos seus pais de realizar a Seleção, na qual tr...