She would be disappointed at you

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13 – T A E H Y U N G

ALGUMAS HORAS ANTES

Com Aria se recuperando na enfermaria, resolvemos fazer alguma atividade leve para entreter o povo que nos assistia avidamente através do Jornal Oficial. As entrevistas até agora eram muito curtas e eu tentava ao máximo não falar sobre a Seleção, ainda que algumas meninas vez ou outra comentassem algo.

Escolhemos jogar croquet. Era descontraído e tradicional, visto que esse jogo existia desde meados de 1830. Eram muitos anos de lá até aqui. E o principal de tudo era que o jogo não incitaria a raiva de ninguém.

Raiva. Sentimento destruidor de vidas, esse. É o veneno que tomamos na esperança de que o outro morra, como diria o poeta William Shakespeare. Eu tentava manter isso em mente toda vez que ameaçava perder o controle, juro que tentava! Mas era extremamente difícil, principalmente quando as pessoas ao meu redor insistiam em fazer besteiras.

— Bravo, Justine! – Gritei para a platinada que tinha acabado de acertar uma bola através do arco. Ela sorriu, orgulhosa de si.

Eu estava relativamente longe de todas as garotas, e sabia que mamãe iria me repreender por isso depois. Tinha que dar uma boa imagem para as pessoas, afinal. O que pensariam de um rei que é distante de suas opções para futura esposa? Mas no fundo eles não entendiam o que se passava dentro de mim, e sequer se esforçavam para entender. Contanto que eu fosse o príncipe e o rei que desejavam que eu fosse, sem problemas. Eu sempre fui a argila que seria moldada pela vontade dos outros.

O fardo era pesado, sim... mas costumava ser mais fácil de aguentar. Com apoio, carinho e... e amor. É, amor. Eu tinha isso de alguém que não vinha da minha família e que não estava interessado na minha coroa.

Só que não importava mais. Eu precisava esquecer. Seguir em frente, como Eun Jin dissera. Três anos se passaram, Taehyung! Uau, nem parecia. A saudade ainda é a mesma, e sinto que a dor não diminuiu muito desde que tudo aconteceu.

Mas sobreviverei. Tenho que sobreviver. Por ela. Pelas promessas que fiz.

— O senhor está bem, Alteza?

Me envergonho de dizer que dei um pulo para trás com a aproximação de Helloyse. Ela tinha sido sorrateira ou eu que estava distraído demais? De qualquer forma, não podia baixar minha guarda. Ela era uma Merandus, afinal.

— Estou ótimo. – Sorri amarelo.

Ela deu um sorriso gentil também, mas algo me dizia que não acreditava. Será que estava lendo meus pensamentos? Eu não conseguia mais dizer. Talvez fosse só paranoia da minha cabeça...

— E a senhorita?

— Vou muito bem, obrigada. O jogo está muito interessante. – Comentou. – Mas estou chateada que ainda não tivemos um encontro.

Era verdade. Eu só havia tido encontros com Katherine, Aria (que não foi bem um encontro, apesar de o Jornal e toda a Nova Ásia considerarem isso) e Nari, hoje de manhã, com uma caminhada agradável nos jardins. Eu precisava me apressar e ter mais encontros, mais análises, mais jeitos de achar uma esposa e futura rainha. Mas, ela? Helloyse?

— O que tem eu, Alteza?

Você lê a porra da minha mente.

— Leio, sim. Mas não costumo fazer isso. – Admitiu. Ela percebeu minha feição fechada e completamente desacreditada. – Meus poderes psíquicos são bem inativos. Não gosto de usá-los.

— Então não os use em mim, por favor. – Pedi, mais soando como uma ordem. – Não tenho boas experiências com isso.

— Eu entendo. – Disse. – Mas não posso sequer ganhar uma chance para lhe mostrar que sou diferente?

Queenstrial  -  [Kim Taehyung]Onde histórias criam vida. Descubra agora