Love doesn't need to be painful

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20 – T A E H Y U N G

Nos mexemos pelos túneis até que eu consiga achar uma passagem que nos leve de volta para os cômodos do castelo. Acabamos por sair dentro da biblioteca, e dispenso todos os meus amigos alertando-os da importância de manter silêncio sobre tudo. A parte mais importante seria agora: conversar com meus pais.

Eu era o príncipe herdeiro e detinha de muito poder e influência pelo reino e dentre os nobres. Sempre gostaram de mim. Sempre disseram que eu seria um bom rei e levaria a Nova Ásia à prosperidade, principalmente se tivesse Rosalie ao meu lado. Mas ela não estava mais neste mundo e minha vida havia se tornado tão caótica que eu duvidava até mesmo do meu potencial como rei. Contudo, havia uma coisa que eu nunca duvidaria em mim mesmo: minha capacidade de conseguir que todos pagassem por um crime.

Era comum que houvessem julgamentos especiais a cada ano, mais especificamente no dia do meu aniversário. Estes eram assistidos pela corte inteira, sempre esperando que eu tomasse a decisão correta e sentenciasse o prisioneiro. Qual era a decisão correta, no final das contas? Fazê-lo pagar por seus crimes.

Prisão perpétua, açoitamento, pena de morte das mais diversas formas... normalmente eram esses os resultados. Não necessariamente um presente de aniversário legal, mas considerado viável para um futuro rei, ainda mais aquele que precisaria defender o mantra de "Força e poder" pelo resto da vida.

Os corredores parecem me sufocar, mas finalmente sinto a tensão dispersando pelos membros do meu corpo, indicando que irei relaxar logo. O pior já passou, e tento me convencer disso conforme avanço para o quarto do rei e da rainha.

No entanto, mamãe me intercepta no meio do caminho.

— Taehyungie!

Sua expressão feliz parece indicar que não está ressentida com a discussão que tivemos há alguns dias. Ela parece menos preocupada que naquele dia, também, e uma pequena chama de esperança nasce dentro de mim com essa constatação. Eu sorrio para ela, tentando disfarçar meu nervosismo.

— Olá, mãe. Como a senhora está?

— Estou bem. – Ela segura minhas mãos. – Correndo um pouco. Resolvemos preparar uma surpresa para o seu aniversário deste ano.

As palavras me fazem congelar. Surpresa? Aniversário? Com tantas coisas em minha cabeça, a última coisa que eu pararia para pensar era que completaria vinte e dois na sexta-feira. Eu inclusive tentava veemente afastar esse fato. Ter 22 anos implicava que eu tinha que escolher uma esposa e finalmente ser coroado. Ademais, o treinamento militar me fez criar um intenso desgosto por surpresas. Não saber o terreno onde eu pisava era angustiante e evitado ao máximo por minha pessoa.

— Surpresa? – indago. – Que surpresa?

— Se eu te contasse não seria uma, filho! – Ela ri, à medida que meu nervosismo aumenta. Eu estava tentando falar com ela sobre ter conseguido uma confissão da Casa inimiga e ela ali, tonteando sobre a celebração da minha patética vida. – Mas tudo bem, posso te soltar um pouquinho. Como estamos no meio da Seleção, Eun Jin achou que seria uma boa ideia colocar como "prova" que as moças fizessem uma festa para você. As que sobrarem, claro. Aliás, já sabe quais vai dispensar?

Eu já tinha os nomes em mente havia muito tempo; o duelo não era necessário. Lá no fundo tinha consciência das duas finalistas. E da vencedora também, apesar de haver uma (grande) chance de ela não me querer.

Eu não culpava Katherine Petrova. Ficar ao meu lado era difícil, era perigoso e exigia muitos sacrifícios. Muitas vezes, comandar um reino podia extinguir sua saúde mental.

Queenstrial  -  [Kim Taehyung]Onde histórias criam vida. Descubra agora