You were never the same, Taehyung

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8 – T A E H Y U N G

— Mandei Viollet, Nina e Kara para casa. – Digo assim que entro no escritório de meu pai, que contém a presença do mesmo e do restante da família.

— Rhambos, Osanos e Eagrie. Você mandou uma Osanos para casa? – Eun Jin questiona.

— Sim. – Respondo, ríspido. – Não tinham porte de rainha. O que eu posso fazer? Quero dar a melhor para o povo da Nova Ásia.

Mamãe se mexe na cadeira, desconfortável. Sei exatamente o que está pensando, e não preciso ser um Merandus para tal feitio. Ela e seu coração materno se importam comigo, com a minha felicidade. Ela quer que eu me apaixone. Que eu case por amor.

— Então restam doze. Sendo assim, podemos fazer o primeiro duelo hoje. – Diz o rei. – Nove horas em ponto. Não esqueça, Taehyung.

Eu assinto e saio do local, e logo sinto a presença de Eun Jin atrás de mim. Desacelero, esperando pelos questionamentos que eu sei que virão.

— Pensei que fosse mandar a Arven para casa depois do que aconteceu. – Comenta.

Seo Da-Yeong, a menina que me silenciou e disse que eu precisava de ajuda. Era um verdadeiro absurdo.

— Sou misericordioso, fazer o quê. – Respondo sem rodeios.

— Acho que não é isso. – Rebate. – Acho que, lá no fundo, você sabe que ela está certa. Que você precisa de ajuda. Ademais, ela só te silenciou para evitar um incêndio...

— Chega! – Minha mão direita pega fogo, e eu tenho que forçar meus músculos para baixo para evitar brigar com minha irmã. Sinto o suor escorrendo pelo meu pescoço, como uma lembrança do meu autocontrole. – Eu não preciso de nada disso, porra! Ajuda?! Isso é besteira!

— Você nunca mais foi o mesmo, Taehyung!

Ouvi-la falando meu nome desperta algo dentro da minha cabeça, e eu recuo. Não quero ter essas memórias. Não quero me lembrar de como eu era e nem de toda a felicidade que eu tinha. Felicidade esta que me foi roubada. E que não voltará nunca mais...

— Você está certa. – Minha mão se abaixa completamente e o fogo se extingue. Eun Jin me olha com tristeza, compadecendo-se. – Eu nunca mais fui o mesmo depois de tudo. E sabe por quê? – Ela não responde. – Porque estou morto por dentro, Eun Jin. Nada mais faz sentido.

— Você precisa dar a volta por cima, irmão. Precisa continuar vivendo...

— Vivendo? Como posso viver?! – Rebato. – Eu apenas sobrevivo, no máximo. Agora, meu único objetivo na vida é ser um bom rei. Só isso.

Eu continuo meu caminho para o quarto e deixo a princesa de fogo para trás.


Y O O N – S O O

Quando fui comunicada do duelo, fiquei empolgada. Eu gostava de desafios e a ideia de mostrar meu valor – e esfregar a cara de Melissa no chão – me eram muito satisfatórias. Tudo o que eu fazia devia ter êxito.

Lady Arven passou no quarto de cada uma das selecionadas, dando breves instruções e entregando-nos o traje para o duelo, que era nada mais que uma camiseta e um short de malha, ambos pretos. O cabelo deveria estar amarrado e não poderíamos usar nenhum tipo de joia. E, mais importante de tudo, deveríamos estar preparadas para qualquer coisa.

Despeço-me de minhas criadas, todas muito gentis, e sigo para o centro de treinamento onde o príncipe Taehyung e os outros nobres fazem seus exercícios diários. Não tenho medo. Ando de cabeça erguida, mostrando a todos que não irei ceder.

A maioria das garotas já está aqui, mas não noto Viollet e concluo que ela foi mandada embora. Restaram apenas doze. Talvez seja por isso que decidiram fazer um duelo agora. Realmente, é um momento oportuno.

Corro meus olhos pelo local, procurando uma pessoa em especial e, finalmente, o noto: o príncipe está afastado de todos, cabisbaixo até. Suas roupas são similares as nossas, mas a camiseta que ele usa ressalta seus músculos. Ele é bonito demais. Esse pensamento faz meu rosto esquentar. Mas mesmo assim, não deixo de notar que seu semblante está tristonho.

Não tive chance de falar com vossa Alteza propriamente. Pelo menos, não depois de Da-Yeong estragar tudo. Aquela inconsequente tinha que silenciá-lo? Para melhorar, acabei me irritando com a filhinha da Gliacon. Eu queria muito, muito lutar com ela para mostrar-lhe o seu devido lugar.

Mas algo naquele garoto me atrai, e tenho vontade de conhece-lo por completo. Não ser apenas rainha, mas também ser sua esposa.

Resolvo que é a hora de finalmente me aproximar e iniciar uma conversa, portanto, me aproximo e sento-me ao seu lado. Ele, notando minha presença, endireita sua postura e recoloca a armadura, para que ninguém possa ver o que tanto esconde. Eu não sei o que é. Ainda.

— Por que está tão afastado, Alteza? – Eu questiono, verdadeiramente curiosa.

— Perdão. Acredito que ache isso indelicado, como a maioria das pessoas.

— Maioria?

— Os jornais. As Casas. Vocês, até. Pensam que eu sou um príncipe distante e indiferente com as selecionadas, dentre as quais uma se tornará minha esposa e rainha da Nova Ásia. Pensam que eu sou um homem problemático, ou então obcecado com a coroa, que está fazendo essa Seleção somente para conseguir ascender ao trono de uma vez, visto que já passei do ponto...

— Permita-me discordar. – Apresso em dizer, e ele para, olhando-me surpreso. – Primeiro, não acho que o senhor é distante ou indiferente. Na verdade, algo me diz que tem receio de se apegar demais, não é mesmo? – Não espero que me responda e continuo. – E não acho que o senhor é problemático. Muito pelo contrário: é um homem centrado e muito bem preparado para assumir o trono. Sinceramente, é meio patético ter de se casar para tal, mas...

Eu sou parada por um som extremamente bonito, que é similar a uma harpia sendo tocada por anjos. Eu viro a cabeça para o lado, lentamente, e encaro o príncipe Taehyung com espanto.

Ele está rindo.

Rindo de verdade! E ele é muito mais do que bonito quando ri. Seus dentes são branquinhos e perfeitamente alinhados, e ele seus lábios desenham uma forma quadrangular que encaixa perfeitamente com ele. É incrível. O príncipe riu comigo.

— É muito patético. – Ele fala, mais para si mesmo do que para mim. – Mas não é como se eu simplesmente pudesse jogar tudo pro alto e deixar para lá, não é? É realmente uma grande merda. – Diz. – Ops... não diga que eu xinguei para ninguém, ouviu?

— Não direi. – Sorrio de canto, feliz por tê-lo animado um pouco. – Mas me prometa que vai sorrir mais vezes, Alteza. Você fica muito mais bonito assim.

Eu me levanto, pois escuto a chamada das selecionadas até o centro da arena. Mas antes que eu complete o quarto passo, a voz dele me para.

— Taehyung. – Ele diz. – Pode me chamar de Taehyung.

Queenstrial  -  [Kim Taehyung]Onde histórias criam vida. Descubra agora