Salvation

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M I N N A R I

Estou pasma. Não só eu como a maioria das garotas restantes que jazem perto de mim. Aria e Yoon-soo são as únicas que pareciam esperar por isso, e confesso que eu também, mas não deixa de ser chocante. Melissa Gliacon, alguém que conviveu conosco por meses, agora estava condenada à forca.

Meu corpo parece paralisado e tento decifrar a expressão de Taehyung, que está distante. Logo, percebo que seu olhar mira Katherine, que está alguns metros à minha esquerda. A Petrova parece que vai entrar em colapso a qualquer momento. Como eu, acha que a sentença da filha do gelo é pesada demais. Contudo, que outro destino ela poderia ter? Chibatadas? Exílio? Nenhum dos castigos é bom. Resta saber se ela prefere a morte a eles.

— Fraca. – Ouço alguém murmurar do meu lado. Viro-me para Yoon-soo, cuja face tem uma expressão de nojo.

— O quê?

— Katherine é fraca.– esclarece. – Não serve para ser rainha se não aguenta uma condenação. O mundo é cruel e sombrio, e ela não pode levar suas luzes para onde quer que vá.

Eu não respondo, mas tenho o ímpeto de me levantar, e é o que faço. Vejo Kat sumir pela multidão, fugindo do aperto do príncipe, e me sinto mal pelo Calore que tanto a ama e a valoriza. A Haven, por mais que o ame, o faz sofrer muito.

Meu vestido pesa e quero me livrar desses quilos de tecido o quanto antes, mas não o faço. Subo para o andar dos quartos e espero na frente da porta da Petrova, ciente de que virá aqui em pouco tempo. É um costume que se refugie em seu quarto, e espero que possamos conversar assim que a vejo se aproximar pelo corredor. Felizmente, ela não me dispensa. Convida-me para entrar e tomar um chá.

— Camomila e maracujá, por favor.

A criada parece ter decorado o sabor e logo traz o bule e duas xícaras. As mãos de Kat ainda tremem, e me pergunto por quanto tempo tem sofrido de ansiedade e pânico como agora. Posso sentir vibrações desesperadas vindas de si, resultado de feridas antigas e sedimentos emocionais que se acumularam ao longo de sua vida. Ela ainda não havia sido capaz de lidar com toda aquela bagagem, e Taehyung, junto a tudo isso, apenas piorava seu estado.

— Tente se acalmar, sim? – Eu murmuro vagarosamente. Ela assente com um sorriso torto e falso, e toma o chá no intervalo de respirações. Eu a incentivo com minhas palavras. – Isso, muito bom.

— Desculpe. – Ela diz, sentindo-se culpada pelo jeito que está. – Estou muito nervosa.

— Não precisa pedir desculpas. Eu... entendo o seu nervosismo. A notícia é chocante.

Ela concorda novamente com a cabeça, mas não diz nada. O silêncio que perdura no quarto é sereno e reconfortante, e aproveito o chá para acalmar meus ânimos. Sinto que não consigo respirar com tanto tecido me apertando.

— O pior de tudo é que o entendo. – Ela diz de súbito. – Sei que Taehyung precisa de uma conclusão, e sei que não pode deixar Heitor vivo. Mas... condenar Melissa a morte? Soa extremo demais.

— Eu concordo, mas... é uma decisão de Tae.

— Eu sei. – Suspira, cansada. – Sei que é. Mas simplesmente não consigo ficar parada enquanto o vejo caminhando em direção ao abismo.

— Abismo? Como assim?

— Ele vai cair, Nari. – diz, angustiada. – Condenar Melissa a morte não foi justiça, foi a sede que ele tem por vingança. Aquela que está escondida em seu inconsciente. Logo, Taehyung vai buscar por mais. Vai querer mais sangue. Futuramente, irá condenar mais pessoas por mais crimes. E esse ciclo nunca acabará. – Explica. – Isso irá destruí-lo, e eu não suportaria isso.

Queenstrial  -  [Kim Taehyung]Onde histórias criam vida. Descubra agora