Londres; Segunda-feira; 5:11 da tarde;Maria Luiza observava as figuras embaçadas passarem rapidamente através do vidro do carro em movimento. Estava escorada na porta, e os únicos sons audíveis no ambiente eram o de sua respiração e o da respiração dele.
Thomás, como todo dia depois do treino, estava vestindo o uniforme do time. Seu rosto e pescoço estavam suados, o que o fazia ter uma leve sensação de calor. Uma sensação que se intensificava com aquela garota ao seu lado...
- Essa escola me intriga. - ela disse em meio a um suspiro, fazendo-o olhá-la.
Thomás sentia um agradável sentimento no peito quando mirava a figura doce de Malu. Talvez porque ela se parecesse com Ivane. Mas, não... Tinha algo a mais...
- Por quê? - voltou a prestar atenção na estrada.
- É apenas... Intrigante.
"- Você viu o assassino, Mel? - perguntou surpresa, e ao mesmo tempo, aterrorizada. - Quem é? Por que você não chamou a polícia?
- E do que ia adiantar? - a menina deu uma risada histérica. - Malu, eu o vi. E eu teria o entregado pra polícia, se não fosse...
- O quê? - a amiga perguntou preocupada, segurando o ombro da garota.
- Eu fui atropelada naquele dia... - fechou os olhos, sentindo as lágrimas se formarem. - Bati a cabeça e perdi parte da memória. - duas lágrimas gordas rolaram por suas bochechas. Maria Luiza sentiu as pernas tremerem, ficando estática. - Eu não sei quem era o motorista. Só sei que Cristopher me encontrou na rua poucos minutos depois.
- Mel... - a menina disse, sentindo a dor da amiga e ajoelhando-se pra abraçá-la. Melanie correspondeu o abraço fracamente. - O que eu posso fazer pra ajudar?
- Você parece muito a Iv. - soluçou, apertando suas mãos nas costas de Malu. - Você me estimula a captar as lembranças perdidas. Por favor. Por favor, fique perto pra que eu possa relembrar aquela semana... A semana do assassinato. - sua voz estava alterada e seu rosto vermelho.
Maria Luiza emocionou-se, fechando os olhos, que também começavam com uma leve ardência. O sentimento de Melanie deveria ser horrível. Na verdade, o de todos. A morte era uma coisa definitiva. Não se dava pra voltar atrás. Era o conceito do "nunca mais ver" o qual as pessoas dificilmente se acostumam, ainda mais estando relacionado aos parentes, ou aos amigos... Ivane era nova demais pra morrer. Saudável demais pra morrer. Viva demais pra morrer..."
- Chegamos. - ele disse, após a viagem silenciosa.
- Obrigada, Tom. - ela respondeu, abrindo a porta e se impulsionando pra fora do veículo.
- De nada, Malu. - encarou-a por alguns segundos.
Thomás ainda era apaixonado pela Ivane. Maria Luiza sabia que sim, apesar de ele não ter dito com palavras. Sentia o coração apertar toda vez que o olhava, e pensava em como ele deveria se sentir querendo vê-la e simplesmente... Não podendo. Nunca mais.
Ficaram um tempo olhando um pro outro enquanto ela segurava a porta.
A garota sentiu os joelhos renderem, caindo ajoelhada no banco novamente. Seus olhos estavam marejados, e os impulsos de sua mente misturados com os apelos de seu coração fizeram com que ela estendesse a mão esquerda na direção de Thomás e puxasse seu rosto, encostando rapidamente seus lábios macios em sua bochecha suada. Seu coração acelerou ao fazer isso, sentindo um leve formigamento na boca ao contato com a pele do rapaz.
Thomás tampou a respiração durante o tempo em que ela estava próxima. Muito próxima. Sentiu o sangue passar quente por suas veias nessa hora. Sua vontade era de tomá-la nos braços... Mas, espera! O que diabos ele estava pensando? Como podia sequer cogitar uma coisa dessas?
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Ópera
Teen FictionOlhou-se no espelho, tendo certeza que estava sozinha. Examinou-se de cima a baixo: Seus cabelos claros caiam pelos seus ombros como cascatas, cobrindo as alças da pequena camisola cor-de-rosa e o meio sorriso escondido. Ah, o sorriso. Aquele sorris...