Capítulo 10

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Londres; Oxford Street; Sábado; 7:17 da noite;

"Ei, Nick.
Você deve estar estranhando minha demora pra lhe escrever alguma coisa. A verdade é que eu não sabia exatamente o que escrever. Agora eu sei...
Se há alguma coisa que mexeu comigo e que eu aprendi vindo pra Inglaterra é que você deve cuidar muito bem do seu amor... Antes que ele escape por entre seus dedos ou se vá para sempre. É uma lição bonita, não? Pra quem ainda tem tempo de aplicá-la... Eu, felizmente, tenho.
Hoje mesmo estava lembrando de você. Não que eu já não faça isso frequentemente, mas hoje foi especial. Era como se você estivesse aqui... Fiquei com saudades. Queria te ver...
Bem, acho que já tenho que ir. Rod e o tio estão me chamando na cozinha.
Espero notícias e... Nick...
Nunca se esqueça que eu te amo,

Malu."

A garota desligou o computador, passando os dedos entre os cabelos lisos e suspirando. Estava sentada à cama, onde tinha passado um bom tempo pensando nas palavras de Tom: "Somos separados por um abismo muito maior que o oceano".
O namorado estava no Brasil. Ainda pensava nele antes de dormir, e era uma figura que sempre aparecia em seus sonhos.
Não podia dizer com toda certeza que o amava, afinal, o que era o amor? Mas com certeza ele era alguém que significava algo especial pra ela. A quem ela tinha um carinho imenso.
Calçou os chinelos e desceu as escadas para a cozinha, assim que tio John gritou por ela novamente.

Londres; Dockland; Sábado; 7:23 da noite;

"Você em seu mundo, separado do meu por um abismo. Ouça, me chame e eu voarei para seu o mundo distante." Estava sentado à frente da vidraça, com o cachorro Spike.
A voz de Maria Luiza ecoava por sua cabeça, traduzindo uma música que tinha um significado tão peculiar pra ele. 'Voarei para o seu mundo distante.' Pensou, fechando os olhos e se perdendo em lembranças.

"- Hey, qual é. Pare de se fazer de difícil. – disse, dando um sorriso tarado, seguindo-a em direção aos fundos do ginásio. Era após um jogo de campeonato de futebol dos Eagles. Estava completamente escuro.

A garota vestia o uniforme azul e branco de torcida da escola: colado e curto. Esboçava um sorriso maroto, fazendo sinal com o dedo para que ele a acompanhasse.

- Nem vem, Stein. Você acha que tem alguma chance comigo? – deu uma gargalhada alta. – Sou demais pro seu caminhãozinho.

O garoto viu-a escorar na parede, postando-se a sua frente. Estavam sozinhos ali, e os únicos sons que preenchiam o local, fora a voz dos dois, era da música do campo, bem longe de onde estavam.

- É isso o que vamos ver. – Tom espalmou as mãos em sua cintura, juntando seus lábios. Sentia a garota sorrir enquanto suas línguas se tocavam rapidamente."

- Acabou, amigão. – observava as luzes de Londres. A vidraça era como um grande espelho que ocupava uma parede inteira. Olhou os carros passando andares abaixo... Muito abaixo. Teve um pensamento que fez o coração acelerar. É... Talvez fosse o que devesse fazer.

"- Você não sabe nada sobre mim.
- Que tal começar a me contar? – ela deu um sorriso doce."
'Essa garota...' Sorriu sombriamente, passando as mãos pelos pêlos dourados do cachorro.

- Tudo é negro para minha vista se você não está comigo, aqui. – traduziu outra parte que lembrava da música, cerrando os olhos antes que começassem a arder.
O cômodo ficou em silêncio durante um largo momento, até que uma voz conhecida e esganiçada rompesse por seus ouvidos.

- Mar-ga-ri-da! – ouviu pancadas na porta do apartamento. – Trouxe pizza pra gente comer. Vai abrir ou não?

Levantou-se amargamente, dando passos pesados naquela direção.
- Às vezes você é um pouco irritante demais, Duan. – disse abrindo a porta e já vendo o rapaz entrar à vontade. Thomás estava sem camisa, com uma calça de pijama longa e cinza.

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