Capítulo 14

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Quando menos se espera, ela vem e você não se livra dela tão cedo. É uma consequência de quem soube amar mas não soube ser amado. Solidão...

Londres; Dockland; Quarta-feira; 9:13 da noite;

- Alô? - uma voz feminina nasalada surgiu do outro lado da linha, fazendo o coração de Tom palpitar por um segundo.

Estava sentado em sua cama desarrumada, olhando as luzes da cidade que, vez ou outra, substituíam as sombras através da vidraça. O cachorro parecia olhar na mesma direção, com um olhar entediado.

- Martha? - sua voz transpareceu seriedade.

- Senhor Thomás? - pareceu espantada.

- Já disse que não precisa me chamar de senhor...

- Thomás, mas o que...?

- Não pergunte nada. - disse áspero, mesmo que educadamente. - Preciso da sua ajuda.

A mulher ficou uns segundos em silêncio, depois respondeu:

- O que o senhor quiser.

Tom deu um sorriso sombrio com a resposta.

- Preciso da ficha de uma paciente. - falou devagar.

Sabia que era um pedido sério demais a se fazer, mas precisava daquilo mais do que qualquer outra coisa.

- O senhor sabe que não posso fazer isso. - Martha sentiu-se ofendida.

- Disse que faria o que eu quisesse...

- Seu pai sabe disso? - ela interrompeu.

- Não devo explicações a ele. Irá me ajudar? - franziu o cenho, com medo da resposta.

Os instantes silenciosos que se passaram foram agonizantes. O rapaz sentia o batimento cardíaco acelerado apenas com a expectativa daquela resposta. Precisava disso.

- Que paciente? - a mulher suspirou com a derrota, fazendo com que Thomás abrisse um amplo sorriso.

- Sally Andersen.

- Posso pelo menos saber o motivo? - indagou desconfiada.

- É um motivo pessoal. - esclareceu. - Manter isso em segredo é imprescindível.

- O que você não pede sorrindo que eu faço chorando? - rolou os olhos. - O que quer exatamente, senhor Stein?

- A princípio... Quando será sua próxima consulta.

Londres; Highgate High School; Quinta-feira; 11:17 da manhã;

Todos os alunos da turma B estavam sentados em dupla e distraídos com conversas sobre o trabalho de cálculos, enquanto o professor, senhor Johnson, lia alguns papéis amontoados em sua carteira. Thomás estaria observando a todos com olhar de tédio, se não fosse pelo nervosismo de estar novamente ao lado de Maria Luiza. A menina parecia estranhamente confortável, deixando-o ainda mais tenso se possível.

- E então, o que me diz, Tom? - ela disse olhando-o fixamente nos olhos, como se tivesse acabado de falar alguma coisa.

'Deve ser porque ela acabou de falar alguma coisa.' Thomás concluiu o óbvio, percebendo que sua ansiedade se transformara em desatenção.

- Desculpe, sobre o quê? - o garoto perguntou juntando as sobrancelhas.

Maria Luiza suspirou pesadamente antes de prosseguir seu raciocínio. Sabia que Tom estava com a mente em outro lugar, apesar de não imaginar exatamente onde. Pensou que talvez ele pensasse em Ivane, mas esse era um pensamento que ela mesma não queria que rondasse sua cabeça. O porquê? Bom, era um mistério.

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