Capítulo 26

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Maria Luiza prendeu seus cabelos em um largo coque.

Seu rosto e unhas, nunca antes tão bem pintados, só faziam com que o estômago de Malu gelasse mais quando ela pensava para quem estava se arrumando.

Observou o longo vestido vermelho de chiffon que tinha comprado dois dias antes para a ocasião. O corpete drapeado e bordado com alguns enfeites dava àquela roupa a distinção necessária.

Maria Luiza perdurou um colar de prata em volta do pescoço, e assim que terminou todos os ajustes do cabelo, observou-se.

- Perfeita. - Rod disse, fazendo-se notar escorado no batente da porta.

Maria Luiza sorriu para o primo, voltando-se para o próprio reflexo para admirar ainda mais o sucesso de sua tentativa cosmética. Ela estava linda. Cílios grandes e pesados escondendo seus olhos brilhosos, bochechas devidamente rosadas, lápis e delineador tão bem passados que davam àquela pintura um ar de profissionalidade. Malu observou o topete que tinha deixado para fora do coque, enrolado na testa e dando um charme a mais ao penteado.

Tudo em sua perfeita ordem.

- Você acha que o Stein vai gostar? - perguntou ao primo, que apenas revirou os olhos com o nervosismo da garota.

Rod encarou-a como se ela fosse tola.

- Não existe uma chance sequer de ele não se sentir o maior felizardo do mundo ao vê-la assim, Malu. - ele caminhou até se sentar na cama.

- Eu nunca fui a uma ópera. - comentou ansiosa, sentando-se do lado dele. - Como deve ser?

- Pessoas cantando em tons agudos ou graves demais. Uma suposta história dramática contada. Bem, imagino que seja isso. Um drama musical... Literalmente. - sorriu bobo, fazendo a prima gargalhar.

- Eu aposto que vai ser ótimo.

- Tudo bem, podemos apostar um lanche na Starbucks se você quiser. Eu acho que vai ser uma droga. - deu de ombros.

Malu levantou a mão para apertar a do primo.

- Vai ser uma excelente ópera.

Rodrigo aceitou o cumprimento com um sorriso satisfeito, só então parando para se lembrar do que tinha ido fazer no quarto dela anteriormente.

- Hm... Malu?

- Oi?

- Você por acaso viu por aí meu celular? Não o vejo desde a escola...

Maria Luiza sorriu.

- Você é sempre avoado, Rod. Não, molengo, eu não vi seu celular.

Rodrigo suspirou em derrota, postando-se de pé.

- Ah, droga. Acho que vou ligar pro Cristopher e ver se por algum motivo eu deixei com ele. - andou até estar fora do quarto, antes recebendo um desejo de "boa sorte" da prima.

Maria Luiza caiu deitada em seu colchão, fechando os olhos por um momento para pensar sobre a semana que tivera. Thomás estava mais afastado durante os últimos dias, mas ela sabia que o motivo era porque ele não queria passar a impressão de que estava querendo pressioná-la a aceitar sua proposta.

"Namora comigo". Essas tinham sido suas palavras exatas. O pedido mais bonito e sincero que Maria Luiza acreditava já ter recebido na vida. E ainda da boca do homem por quem ela era tão pavorosamente apaixonada.

Como dizer não a um pedido desses? Ela sabia que era impossível. Seu coração nunca quis tanto alguma coisa do que ter o de Tom junto ao seu. Sua alma e corpo pediam desesperados por ele, e essa era uma súplica a qual Maria Luiza pretendia atender. Ser de Thomás e ele seu. Namorados.

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