Londres; Oxford Street; quarta-feira; 10:54 da manhã;- Mas por que - Rod enfatizou dramaticamente. - repito: por que elas dopariam o Austin pra terminar com seu namoro?
Tom olhou hipnotizado para o tapete da sala, em sinal claro que estava imerso em pensamentos. Maria Luiza, segurando sua mão, apenas encarou o garoto, como se ele pudesse se lembrar de algo que ela mesma não sabia...
...e estava certa.
- Eu sei por quê. - Tom disse vagaroso, erguendo a curiosidade dos companheiros. - Austin e Caroline iriam à mansão naquela noite. Assim como Cristopher e Melanie. Iv pretendia oferecer um jantar aos amigos...
- Que por motivos óbvios - Malu interrompeu, seguindo a linha de raciocínio. -, não puderam comparecer. Caroline e Austin por terem terminado de uma forma tão... Fatídica. E Cristopher, claro, porque Mel fora atropelada naquele mesmo dia.
Eles ficaram um tempo em silêncio, observando um o rosto do outro.
O mistério em que se encontravam chegava até a ser... Literário. O que não era literário, de fato, era o medo que tinham. Era o gelar de suas mãos, o apertar de seus estômagos toda vez que pareciam estar perto de uma conclusão.
Rod respirou fundo, sentindo mais frio do que havia sentindo ao longo de toda aquela manhã. Com o olhar baixo, disse o que todos ali pensavam:
- Seja lá que tiver sido... não agiu sozinho.
Na segunda-feira da semana seguinte, Rod sentou-se a mesa de café da manhã inquieto. Até sua gravata vermelha do colégio, usualmente frouxa, agora estava apertada de uma forma estranha. A blusa social branca estava parte para dentro e parte para fora da calça de pregas.
Borbulhou com a boca seu café com leite, observando atentamente as horas em seu relógio de pulso. Depois de tomar uns dois goles e dar uma mordida cheia no pão doce, respirou fundo: o fato da cadeira a seu lado estar vazia era um excelente sinal.
Apressou-se em terminar o lanche, e assim que o fez, subiu as escadas. Caminhou a passos de formiga no corredor, dando o máximo de si para não pisar em nenhuma tábua solta ou nada que pudesse fazer o menor barulho.
Assim que parou na frente do quarto da prima, abriu a porta devagar, que, apenas para aborrecê-lo, rangeu baixo. Rod murmurou alguns palavrões ao ouvir o barulho feito pela guarnição, mas, para sua imensa felicidade e alívio, Maria Luiza não acordou.
Ela ainda estava lá, enrolada no edredom verde. Sua respiração regular e baixa aqueceu o interior do primo. Rodrigo sorriu, voltando até a escada com cautela, e assim que desceu o último degrau, sentiu-se livre para ir à escola: Maria Luiza estava dormindo e não o seguiria.
Rod se lembrava de, juntamente com Tom, ter pedido a ela encarecidamente para que não frequentasse mais a Highgate. Sentiu que, no fundo, a prima estava relutante com relação àquela ideia, mas na situação inconsciente em que se encontrava, não poderia reivindicar seu direito de ir à aula.
Rod girou a chave nos dedos, alargando seu sorriso e sentindo-se mais confiante. Primeiro porque tinha combinado de buscar mica em casa, para que pudessem tratar de um assunto sério durante o caminho. Segundo por que, até onde sabia, a prima estaria a salvo.
Assim que ouviu o motor do Civic roncar, Maria Luiza abriu seus olhos. Sentou-se na cama espiando o quarto, certificando-se de que nem o primo e nem o tio estariam vigiando-a.
Jogou o edredom pra longe, deixando a mostra o uniforme que vestia: uma blusa social branca afinada na cintura e uma saia vermelha plissada. Colocou rapidamente os tênis brancos que estavam do lado contrário a porta e levantou-se do colchão, abaixando-se para alcançar a gravata vermelha que tinha escondido embaixo da cama.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ópera
Teen FictionOlhou-se no espelho, tendo certeza que estava sozinha. Examinou-se de cima a baixo: Seus cabelos claros caiam pelos seus ombros como cascatas, cobrindo as alças da pequena camisola cor-de-rosa e o meio sorriso escondido. Ah, o sorriso. Aquele sorris...