Assim que a campainha tocou, Rodrigo abriu imediatamente a porta, dando de cara com Tom. Ambos estavam com olheiras e os cabelos bagunçados, indicando que nem tinham se olhado no espelho depois de acordar.
Os dois se olharam com uma preocupação e frustração mútua, sem conseguir palavras para expressar o que sentiam ou ideias de por onde deviam começar as buscas.
- Quando - foi Tom quem começou, com a voz agora baixa e rouca. - você a viu pela última vez?
Rod abriu a boca para falar, mas suas bochechas coraram instantaneamente, fazendo-o perder a linha de pensamento por alguns segundos. Sentia-se envergonhado e constrangido por ter perdido a prima que tanto jurara proteger.
- Foi... Eu estava no palco. Ela estava aplaudindo. A Mel estava lá. - começou a falar depressa, seus olhos se enchendo d'água. - Depois quando desci eu não a vi mais. Eu tentei não ficar muito preocupado porque ela já tinha passado a noite com o goleiro uma vez e...
Depois dessa frase, Tom não conseguiu escutar mais nada do depoimento de Rod.
'Já tinha passado a noite com o goleiro?', ele se perguntou. Seus olhos se encheram de mágoa, confusão e decepção. Ela tinha dormido com o Duan? Logo o Duan? Seu melhor amigo e companheiro?
Mas eles estavam juntos na época, então nada mais normal que... Bem, Thomás não conseguia completar. Não achava nada normal. Sentia o peitoral esmagando seu coração e estômago, sua respiração ficar mais aceleradas e imagens mentais de Malu com o amigo se misturando em sua mente.
Só voltou a realidade quando Rod estalou os dedos em frente a seus olhos.
- E então? O que fazemos? Pra onde vamos? - perguntou irritado.
Thomás pensou por alguns segundos, depois respondeu friamente:
- Entre no carro.
Desceram as escadas da casa numa postura tão elegante e rígida que qualquer um que os visse poderia acreditar que eram agentes secretos. A determinação de encontrar a garota os faziam inflar o peito e levantar o nariz.
Por mais que seu coração estivesse ferido, Tom ainda a queria junto a ele. Mataria qualquer um que tivesse posto suas mãos nela.
Pensando nisso, ligou o motor agressivamente enquanto Rodrigo passava o cinto por seu colo.
- Pra onde estamos indo? - Rod quis saber.
- Para a DJ Yog.
Londres; DJ Yog; sábado; 9:45 da manhã;
Tom observou inflexível a versão dos fatos que Rod contava para o segurança do local. Por mais que por fora Rodrigo parecesse completamente destemido, sua voz esganiçada de desespero entregava o quão aflito estava.
O segurança ouviu com atenção, e quando o garoto magro terminou sua fala, ele disse:
- Não tivemos nenhum indício de violência aqui ontem à noite. - Isso tranquilizou um pouco os batimentos cardíacos de Rod. - Sem brigas, sem ambulâncias, sem sangue. Um ou outro saíram carregados em função da bebida. Outros esqueceram alguns objetos por aqui, mas nada que tenha indicado um sequestro ou o que quer que estejam sugerindo.
- Podemos ver os objetos deixados aqui? - Tom perguntou.
O homem esguio mirou-o dos pés a cabeça, antes de dizer "Sigam-me" e seguir com os dois para dentro de uma pequena sala na DJ Yog.
Rodrigo pôde observar que a faxina ainda não havia sido feita no local, já que o chão estava imundo, sujo de pedaços de copo, salgados e balões. Alguns confetes também estavam espalhados por ali.
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Ópera
Teen FictionOlhou-se no espelho, tendo certeza que estava sozinha. Examinou-se de cima a baixo: Seus cabelos claros caiam pelos seus ombros como cascatas, cobrindo as alças da pequena camisola cor-de-rosa e o meio sorriso escondido. Ah, o sorriso. Aquele sorris...