Capítulo 15- parte 2

880 52 1
                                    




Tom sabia muito bem que nenhum dos amigos gostava de falar no assunto. Nenhum dos dois gostava de falar sobre o assassinato. Mas não os culpava, afinal, ele mesmo era assim.

Muitas vezes preferia ignorar a existência daquele acontecimento, mas, por mais que tentasse, era impossível. Aquilo tinha estragado sua vida para sempre.

- No dia em que a Mel foi atropelada. - Josh concluiu, engolindo em seco.

- Sim. Mas eu não estou falando da Missy. - Duan alternou seu olhar de Josh pra Tom, que estava cabisbaixo. - Desculpe não ter estado lá pra te ajudar, margarida. - estava pesaroso.

- A culpa não foi sua. - murmurou.

- A culpa foi minha, na verdade. - Josh disse chamando repentinamente a atenção dos dois. - Se eu não tivesse bebido até desmaiar, o Duan não precisaria ter me arrastado pra casa, e nós poderíamos ter estado lá.

- Isso não importa mais. - Thomás balançou os ombros, fingindo completo desinteresse. - Eu não ligo.

- Mas então, - Josh mudou de assunto, virando-se para o outro amigo. - quem é a vítima?

Tom girou os olhos com a impaciência, enquanto o loiro voltava ao seu semblante alegre.

- Ela não é vítima. - Duan respondeu tranqüilo. - E ela se chama Maria Luiza MARQUES. - Thomás prendeu a respiração por um momento.

- Da sala do Tom? - Josh apontou e o rapaz consentiu. - Ela realmente é um pedaço... Mas quem diria que daria bola pra você! - riu com gosto.

- Por que seria diferente? - o loiro retrucou.

- Ela tem cara de que daria bola pra um cara igual a mim, agora igual a você... - brincou, enquanto o outro dava o dedo.

- Ah, calem a boca. - Thomás caiu deitado sobre o palco, sentindo-se extremamente incomodado. - Odeio quando começam com papos fúteis ou infantilidades... É ridículo.

- Qual parte exatamente foi a da infantilidade, Judd? - o moreno de cabelos curtos e crespos levantou uma sobrancelha. - A parte que eu falei que ela era gostosa ou a parte que eu falei que ela não daria bola pro Duan?

- Aí você se enganou nas duas suposições, amigo. - o loiro disse cheio de si. - Primeiro porque sim, ela não só daria como deu bola pra mim, e segundo porque ela não é apenas gostosa, ela é muito gostosa. Precisava ver ela na festa, dude. Minha boca até salivava! - deu uma risada.

- Ridículo. - Thomás revirou os olhos.

- Eu, hein. - Josh disse, encarando-o confuso. - Que bicho te mordeu?

- Eu sei que bicho é esse. - Duan disse com ar de conhecimento. - Se chama "tensão sexual reprimida". Já a minha - sorriu. - está completamente satisfeita desde ontem à noite. - Josh deu um assobio de aprovação.

- Cala a boca, porra! - Tom estourou, surpreendendo os dois amigos. - Vai à merda com essa sua tensão. Eu não dou a mínima. - levantou-se rapidamente. - Quer saber? Eu vou embora. Não aguento nem mais um segundo falando dessa babaquice.

Andou decidido até fora do portão da garagem, descendo o mesmo rapidamente até batê-lo. Quando o ambiente ficou em silêncio, Duan e Josh se olharam estáticos e completamente confusos com a atitude do garoto.

- O que será que deu nele? - Josh perguntou e o loiro balançou levemente os ombros, desentendido.

Enquanto Tom andava a passos largos em direção ao Audi, sua cabeça trabalhava em busca de motivos para sua irritação instantânea.

'Estúpido.' Pensou consigo mesmo.

Costa Oeste da Inglaterra; Sábado; 12:47 da manhã;

Mel foi conduzida por Cristopher em um carro de aluguel até uma pequena casa na praia. Por mais que a casa não fosse grande, estava obviamente bem localizada e sua decoração era impecável. Conseguia misturar perfeitamente simplicidade e excentricidade em um só lugar.

Era amarela com um pequeno jardim em frente, tinha escadas de madeira, uma varanda com duas cadeiras, e por dentro era mais do que aconchegante. Mel se sentiria melhor se, além da conveniência da casa, o clima também fosse conveniente.

A costa oeste estava apresentando ventos fortes e o clima fresco, inadequado para um dia no mar.

- Droga, amor. - ela disse de braços cruzados, olhando as ondas agitadas através da janela. - Devíamos ter pesquisado como estaria o clima, antes de vir. - suspirou. - Agora os seus planos de pegar sol foram todos pro espaço...

- Quem disse que eu tinha planos de pegar sol? - o rapaz falou apoiando seu queixo no ombro da namorada, que se arrepiou com seu toque. - Aliás, quem disse que eu não sabia como estaria o clima?

- Você sabia? - ela se virou pra ele, abraçando seu pescoço apesar da expressão confusa.

- Desculpe se eu te decepcionei, Mel. - respondeu encarando os olhos da menina com um olhar terno. - Mas nem sempre faz parte dos meus planos te ver corada, por mais que eu te ache linda quando está assim. Dessa vez, a única coisa que eu queria com essa viagem era te aquecer do frio.

Ao ver a namorada sorrir, não teve duvidas em beijá-la.

Precisavam se recuperar do ano difícil que tiveram, tanto fisicamente quanto emocionalmente. E fariam isso com êxito.

Ópera Onde histórias criam vida. Descubra agora