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Assim que Claire entrou em casa, Joey que estava sentado em sua poltrona, virou-se bruscamente.

-Ei! Como foi o encontro? – Ele disse.

-Foi bom. Ben é um cara legal.

-Você é a primeira mulher que diz isso dele. Mas e aí? Rolou algo?

-Não. Até achei que ia, mas ele me perguntou sobre a minha mãe e isso me desestruturou totalmente – Claire disse parecendo chateada.

-Quer conversar sobre isso? – Joey disse.

Claire se sentou no sofá, sendo acompanhada por Joey e disse:

-Eu... eu não sei, Joey. Será que já está na hora de eu me abrir com vocês? Quer dizer, vocês tem sido todos tão amáveis comigo...

Joey segurou a mão da filha que tinha os olhos marejados e disse:

-Você pode conversar comigo sobre qualquer coisa.

Claire assentiu. Pelo menos Joey tinha o direito de saber.

-É que, bem, eu e a mamãe éramos bastante próximas. Fazíamos tudo juntas, tudo mesmo. Ela era minha melhor amiga. Na verdade, era a única coisa que me prendia em Boston e nós vivíamos discutindo sobre isso. No dia que ela morreu... – Claire deixou que uma lágrima rolasse pela sua bochecha. – eu estava no carro com ela e a gente começou a discutir de novo sobre a minha vontade de me mudar. Ela perdeu o controle do carro por minha causa Joey. E isso está me corroendo por dentro, porque ela se foi por minha culpa e eu não consigo parar de pensar nisso.

Joey tinha um olhar compadecido no rosto, compartilhando o sofrimento da filha que a essa altura já chorava bastante.

-Eu tento me manter forte na frente de vocês, eu sorrio e brinco e finjo estar bem, mas eu não estou. Tudo o que eu mais queria é trocar de lugar com a minha mãe – Claire continuou e Joey a puxou para um abraço.

-Eu sinto muito, Claire. Mas eu tenho que te dizer, não foi sua culpa. Não tinha como você saber e muito menos como evitar. Não fique remoendo isso – Joey disse.

-Eu estou tentando, eu juro. Mas cada dia que passa algo me faz lembrar dela e tudo volta de novo – Claire falou.

Joey ficou ali amparando a filha até ela se acalmar. Ele enxugou as lágrimas dela, levantou seu queixo e disse:

-Você não precisa ser forte o tempo todo, Claire. Pode chorar, pode ficar de luto. Você tem esse direito. Somente não se culpe, porque você não é culpada de nada. Você é uma ótima menina e eu tenho sorte de te ter como filha.

-Sabe – Claire disse já parando de chorar. – O único erro da minha mãe foi não ter me dito o seu nome antes. Eu ia amar ter tido você na minha vida desde o começo.

-Ela teve os seus motivos. Mas a gente acabou se encontrando e é isso que importa – Joey disse.

-É, é sim... pai – Claire disse.

Joey percebeu que, pela primeira vez, Claire o tinha chamado de pai. Pai. Uma pequena palavra. Três letras, uma sílaba. Algo tão pequeno mas que, para Joey significou o mundo. Ele puxou Claire para si e a abraçou. Agora era ele quem deixava uma lágrima cair pelo seu rosto.

-Obrigado – ele disse por fim.

-Eu que tenho que te agradecer – Claire respondeu.

Eles se desfizeram do abraço e terminaram a noite vendo um jogo de beisebol que passava na televisão, conversando e bebendo algumas cervejas.

K . I . D . SOnde histórias criam vida. Descubra agora