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-É só um café, por favor! – Noah disse à Claire se colocando em seu caminho.

Era a terceira vez naquela semana que Noah a barrava para chamá-la para sair.

-Noah, eu já disse que não estou muito no clima – Claire tentou refutar.

-Mas não precisa estar no clima pra um café – Noah retrucou.

Claire revirou os olhos. Ele era chato, irritante e persistente.

-Eu não tenho que te contar nada da minha vida mas vamos lá. Quero que você me deixe em paz. Eu acabei de sair de um relacionamento longo e complicado e não estou nem um pouco a fim de me envolver romanticamente com alguém agora.

Noah deu uma risada. Não, não foi uma risada. Ele gargalhou bem alto.

-O que é isso? – Claire disse indignada.

-Quem disse que eu quero me envolver romanticamente com você? – ele perguntou.

-E não quer? Você vem atrás de mim todo santo dia e já perdi as contas de quantas vezes me chamou pra sair.

-Sabe, Claire – Noah disse dando um passo para trás e deixando o caminho livre para ela. – Esse é o mal da sociedade. Todos fazem pré julgamentos sem nem mesmo conhecer as pessoas direito.

Claire abriu a boca para dizer algo mas se manteve quieta.

-Fica tranquila. Não vou mais te incomodar.

Noah saiu e entrou em seu apartamento, deixando Claire com um pouco de pesar na consciência. Será mesmo que ele não estava interessado nela?

Ele era fofo e gentil, um pouco inconveniente mas muito sincero. Claire bufou e olhou para cima, franzindo o cenho. Caminhou desajeitadamente até a porta de Noah e respirou fundo antes de bater.

Ele atendeu assim que ela encostou na porta e Claire disse:

-Tá legal. Um café e só. Se você insinuar alguma outra coisa eu levanto da mesa na hora e vou embora.

Noah sorriu e disse:

-Fechado.

-Te encontro às 9h na cafeteria da esquina. Não se atrase.

Claire virou as costas e Noah sorriu mais ainda, orgulhoso de seu drama que havia dado certo.

...

No dia seguinte, às 9h, Claire se encontrava na cafeteria da esquina de seu prédio com uma xícara de café posta sobre ela. Se Noah se atrasasse ela teria que correr, pois seu turno no Central Perk começaria às 10h.

Noah entrou na cafeteria com uma jaqueta de couro, camisa branca por baixo e calças jeans azuis que marcavam seus quadris. Ele foi até onde Claire estava e disse:

-Fui no seu apartamento pra gente vir junto mas você não estava lá.

-Eu disse pra gente se encontrar aqui – Claire respondeu dando um gole em sua xícara de café.

Noah assentiu e se sentou junto à ela.

-Então – ele disse. – Me conte sobre você.

-Não sou boa em contar histórias. Trabalho com perguntas – Claire sorriu.

-Beleza – Noah assentiu. – Vamos fazer assim: eu te faço uma pergunta e você tem o direito de me fazer outra, tá legal?

Claire paralisou se lembrando de seu primeiro encontro com Ben. Ele havia feito a mesma coisa com ela.

-Claire, você ta aí? – Claire foi retirada de seu transe pela mão de Noah que se agitava à frente de seus olhos.

-Ah sim, claro – ela respondeu afugentando seus pensamentos. – Pode começar.

-Certo. Você é de onde mesmo?

-Boston. E você?

-Moscou – ele sorriu.

-Uau – Claire se espantou. – Como veio parar em Nova York?

-Bem, depois que mamãe morreu eu não tinha muito o que fazer lá. Eu era bem novo quando meu pai me trouxe pra cá. Aliás, ele nem sabia da minha existência até os meus 15 anos, mas quando soube fez questão de cuidar de mim – Noah respondeu.

-Ah meu Deus – Claire falou.

-O quê?

-Sua história parece um pouco com a minha – ela disse e lhe contou sobre sua mãe e Joey.

-Qual a probabilidade de duas pessoas com histórias tão parecidas se encontrarem assim? – Noah disse sorrindo.

-Eu não sei, mas deve ser bem baixa – Claire sorriu também.

-E quantos anos a senhorita de Boston tem? – Ele perguntou.

-Fiz 24 uns meses atrás. E você?

-Tenho 29 – ele abriu um sorriso amarelo.

Claire sorriu e brincou:

-Não é tão velho quanto parece.

Noah colocou a mão no coração e fez uma falsa careta de dor.

-Essa doeu – ele riu.

Ambos continuaram conversando até que o relógio de pulso de Claire apitou.

-Droga! São 9h45! Eu vou me atrasar! – Ela disse se levantando bruscamente.

-Calma, calma – Noah deixou o dinheiro dos cafés em cima da mesa e a seguiu para fora da cafeteria, onde Claire já chamava um táxi.

-Clama nada! Eu nunca me atrasei!

-Relaxa, eu te levo – Noah apontou para uma Mercedes Benz conversível prateada estacionada em frente ao prédio em que moravam.

Claire até esqueceu seu atraso quando viu o carro perfeitamente limpo, brilhoso e luxuoso. Os bancos de couro bege davam um toque ainda mais sofisticado àquele carro que era de tirar o fôlego.

Ela se aproximou tocando levemente a lataria do veículo.

-Não brinca que esse carro é seu – Claire falou.

-Claro que não. O meu é o Chevette azul aí na frente – Noah disse.

Claire olhou para o carro antigo estacionado logo a frente da Mercedes e seu rosto demonstrou desapontamento na hora. Noah percebeu e começou a rir.

-Eu to te zoando! Entra logo – ele ainda ria muito quando deu a partida e o ronco do motor fez Claire estremecer.

Eles chegaram ao Central Perk com menos de cinco minutos e Claire ainda estava extasiada com o carro quando desceu.

-Você gostou mesmo dela né – Noah disse se referindo ao carro.

-Tá brincando? Eu amei! É tipo o carro mais lindo que eu já vi na vida!

-Pode dirigir um dia desses – ele deu uma piscadinha e pegou óculos escuros no porta luvas, arrancando o carro em seguida.

Claire entrou atordoada no Central Perk. Noah não era lindo nem mesmo charmosos, mas era fofo, calmo e gentil. Ela fez uma nota mental de sair com ele algum outro dia.

No final das contas, ela havia gostado dele. Só não tanto quanto ela gostou de Ben na primeira vez que o viu.

K . I . D . SOnde histórias criam vida. Descubra agora