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Quando Tuck virou a terceira dose seguida, Ben soube que não seria apenas Jack a dormir na sua casa aquela noite. Os três riam e conversavam alegremente sobre todas as coisas que homens conversam em bares – mulheres, esportes, trabalho – exceto por Jack que falava só dos esportes.

-Cara, a Tessa ta me deixando louco esses dias – Tuck desabafou.

-O que aconteceu? – Ben perguntou dando um pequeno gole em sua Heineken.

-Ah, eu não sei. Ela ta insuportável. Deve ser o trabalho, sei lá, só sei que não to aguentando.

-Relaxa, cara – Jack falou.

-Já tentei, garoto. Ela não deixa – Tuck disse.

-É só uma fase ruim – Ben comentou. – Vai passar, eu tenho certeza. Vocês são um casalzão.

-Eu não tenho certeza de mais nada, Ben – o baixinho falou. – Eu amo aquela mulher, amo mais que tudo nessa vida. Mas casamento não é fácil. As vezes tudo o que você menos quer é ver a pessoa, mas quando chega em casa lá está ela e ela começa a reclamar e gritar com você do nada.

-Aí, Tuck – Jack disse. – Eu acabei de te conhecer, não sei nada sobre vocês dois. Mas se você ama ela, cara, o resto é detalhe. Fazer dar certo é consequência.

Tuck olhou confuso para o garoto.

-Quantos anos você tem mesmo?

Ben sorriu e disse:

-Se tem idade pra dar conselhos então já tem idade pra beber. Uma cerveja por favor! – Ben pediu ao garçom.

Jack deu uma golada na cerveja e quase vomitou depois.

-Isso é horrível! Como vocês conseguem? – O garoto disse limpando a língua na camisa.

Tuck e Ben gargalharam e Tuck virou mais uma dose.

-Vai com calma, cara – Ben pediu.

-Minha mulher já me regula em casa, você quer me regular aqui também, mamãe? – Tuck disse visivelmente alterado.

Ben apenas levantou as mãos e virou-se para olhar o restante do bar. Seus olhos pousaram em uma moça de cabelos ruivos como o fogo e olhos verdes intensos. Ela parecia uma modelo, uma das mulheres mais lindas que ele já havia visto.

-Se vocês me dão licença – Ben disse para os rapazes. – Preciso fazer uma coisa.

Antes que ele pudessem protestar, Ben já estava cochichando algo no ouvido da ruiva que sorriu maliciosamente e deu a mão ao rapaz que a conduziu até o banheiro.

Dez minutos depois, Ben voltou com a boca incrivelmente vermelha.

-Sério, cara? Pensei que era a noite dos rapazes – Jack disse.

-É isso aí, mulheres não são permitidas – Tuck levantou a voz.

-Ok ok, foi mal – Ben disse pedindo outra cerveja.

...

Já era quase de manhã quando os três saíram do bar, completamente bêbados exceto por Jack.

-Eu não acredito que sou a babá de vocês – Jack disse ajudando Tuck a andar e segurando o braço de Ben do outro lado.

Ele puxou as chaves do carro de Ben e colocou os dois no banco traseiro, assumindo o lugar do motorista. Dirigiu devagar até o apartamentos de Ben temendo que um dos dois vomitasse no carro. Quando estacionou na garagem às 4h da manhã, amaldiçoou brevemente o engenheiro ou arquiteto, que seja, que havia projetado aquele prédio sem um elevador. Arrastar aqueles idiotas pelas escadas havia sido uma enorme catástrofe.

K . I . D . SOnde histórias criam vida. Descubra agora