K . I . D . S

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Claire passava os dias enfurnada em seu apartamento. O único trajeto que fazia era de seu prédio para o trabalho e vice-versa. Escutou boatos de que Noah havia se mudado. Por um lado, ficou aliviada por não precisar vê-lo e encarar a vergonha, mas por outro, ela se sentia mal. Realmente tinha magoado o rapaz. Até pensou em ligar para ele mas deixou para lá.

Certo dia, depois do expediente, ela e seu amigo Max, que ainda trabalhava lá fielmente, conversavam animados. Eles tinham acabado de fechar o café, lá pelas 21h da noite.

-Depois que você fez esse corte militar você parece ainda mais o seu tio – Claire comentou.

-Nem vem – Max riu passando a mão pelo cabelo curto. – Eu sou muito mais bonito.

Era verdade. Max também tinha os cabelos tão claros como a areia, os olhos azuis claros e o rosto arredondado de Gunther, mas era mais forte e bonito. Tinha um charme incomum e seu perfume era muito bom, mesmp depois de um dia de trabalho, Claire ainda podia sentir a essência sobre sua camisa.

-Aí, Max – ela disse. – O que acha da gente sair pra beber?

Max levantou uma sobrancelha e disse:

-Por que sair se podemos encher a cara aqui mesmo?

Claire franziu a testa confusa enquanto Max se abaixava atrás do balcão. Tirou de lá duas garrafas de vodka, três conhaques e disse:

-Faço uns drinques maravilhosos.

-A gente não vai se encrencar por causa disso? – Claire perguntou, preocupada.

-Não, se deixarmos tudo limpo e ninguém ficar sabendo – Max piscou.

Claire riu e disse:

-Manda a ver então, gatinho.

A amizade entre os dois era bela. Max não tinha nenhum interesse amoroso em Claire, ao passo que ela também não o via com esses olhos.

Enquanto o rapaz fazia drinks e mais drinks, Claire bebia e ria, conversando alegremente com ele. Havia meses que ela não se divertia daquele jeito. Já de madrugada, os dois completamente bêbados disseram:

-A gente tem que ir embora.

Riram em seguida e pegaram os copos sujos da bancada, enfiando dentro da bolsa de Claire.

-Dá pra chegar em casa? – Max perguntou totalmente alterado.

-Claro que dá, eu moro aqui – Claire disse apontando para cima.

-Ok – ele disse.

Abriu a porta do café para Claire passar, fazendo uma reverência. Os dois caíram na gargalhada novamente.

-Você é um amigo, amigo – ela disse com o braço sobre o ombro de Max.

-E você é uma gostosa, amiga – Max retribuiu.

Claire olhou para ele, séria, para depois rir tanto que quase molhou as calças.

-Ok, ok, tchau pra você – ela disse e subiu as escadas.

Levou uns três tombos ao longo da subida, mas em todos ela se levantava rindo e mandando a si mesma fazer silêncio.

-Eita – ela disse quando parou na frente da porta de Joey. – Eu não moro aqui mais não.

Soltou uma risada abafada e estava prestes a descer as escadas para ir embora, quando a porta da frente se abriu.

-Claire?

-Oiiii, Beeen – ela disse mal se mantendo em pé.

-O que ta fazendo aqui? – Ele perguntou. – Aconteceu alguma coisa?