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-Garrett? – Ela se levantou assustada.

O garoto de alto de cabelos pretos encaracolados e olhos cinzentos também se levantou.

-Meu Deus! Eu não acredito! É você mesma? – Ele perguntou com um sorriso de orelha a orelha que demarcava suas covinhas.

-Sim, meu Deus. Eu devo estar tendo uma visão – ela disse.

-Está tudo bem? Como vão as coisas? O que faz aqui? – Ele perguntou sem jeito.

Claire riu. Garrett sempre fazia muitas perguntas, era sua característica principal.

-Muitas perguntas, G – ela disse.

-Desculpe, é que fiquei até nervoso – ele riu.

-Garrett, cara! Vem, a gente vai se atrasar! – Alguém chamou por ele.

-Droga – ele disse. – Foi muito bom te ver, Claire. A gente podia fazer algo um dia desses – ele sugeriu.

-Ah, desculpe, G, eu não moro mais aqui – ela disse.

-E vai ficar quanto tempo aqui? – Ele perguntou.

-Só esse fim de semana – Claire respondeu.

-Então, se você quiser, claro, me passa seu telefone. Vamos marcar algo pra amanhã, que tal? – Garrett estava esperançoso.

Claire não queria dar seu telefone à ele para que não tirasse conclusões erradas, mas ela queria tanto saber o que tinha acontecido com ele durante esses anos que seu coração falou mais alto que a razão.

-Claro – ela sorriu e disse seu número enquanto ele anotava em seu smartphone.

-Caramba, Garrett, se você não vier pra cá em dois segundos eu vou te bater! – A voz parecia realmente brava.

Garrett riu e ergueu o telefone.

-Está salvo. Eu te mando mensagem mais tarde. Foi... surpreendente te ver, Claire. E claro, foi muito bom – ele sorriu e virou as costas.

Quando Garrett já estava longe, Claire disse para si mesma:

-Foi bom te ver também, G.

Logo em seguida, Emma voltou mordendo uma salsicha empanada em forma de 8 – ou 0.

-E aí – ela disse.

-An? – Claire disse, perdida.

-Eu disse "e aí?" – Emma repetiu.

-Ah. E aí? – Claire respondeu.

Emma olhou para ela e ergueu uma sobrancelha.

-Ok. Essa foi uma conversa estranha.

Ela continuou mordendo sua salsicha enquanto Claire olhava para longe, em direção ao caminho que Garrett havia saído.

Ela não podia acreditar. Garrett Jones estava ali novamente. Quando ele foi embora, seu coração havia se partido em mil pedaços. Por que ele voltou? Era a pergunta que mais martelava em sua mente.

Também notou que ele estava mais forte. Entrou em alguma academia, talvez? Ela não sabia, mas estava curiosa a respeito da vida do antigo namorado. E ela iria descobrir tudo quando se encontrasse com ele.

...

A Olimpíada correu bem. Erica disse ter se saído bem em sua prova e, quando o resultado saiu, duas horas depois do fim da mesma, se foi comprovado que ela havia mesmo ido bem. Ela havia passado para a segunda fase, que ocorreria no domingo.

No final da tarde, com o fim do primeiro dia da Olimpíada, as três meninas voltavam para seu quarto de hotel. Emma pensando em como Boston era diferente do que ela imaginava, Erica pensando em seu sucesso na Olimpíada e Claire pensando em Garrett.

Entraram no quarto, cada uma deitou-se em suas camas em silêncio, até que o telefone de Claire pegou. Ela atendeu rapidamente e ouviu Ben do outro lado da linha:

-Oi, linda.

-Oi – ela sorriu ao escutar a voz dele.

-Não me mandou mensagem o resto do dia, fiquei preocupado – ele disse.

Claire saiu do quarto para ter mais privacidade com o namorado e respondeu:

-É que eu fiquei ocupada, desculpa – ela disse. Resolveu não citar Garrett, pois Ben teria um ataque de ciúmes e era capaz de voar de NY até Boston só para não deixar que ela visse o ex namorado.

-Tudo bem. Como foi seu dia?

-Foi bom. Erica passou na prova. Fiquei andando com a Emma. E o seu?

-Cansativo – ele disse. – Vou ter que trabalhar amanhã até de noite.

-Eu sinto muito, amor – Claire falou.

-Eu também.

O barulho de mensagem no celular de Claire cortou a ligação dos dois e a garota ficou ansiosa para ver se era de Garrett.

-Vou tomar um banho – Ben disse, sua voz parecia realmente cansada.

-Tá bom – ela disse apressada.

Eles se despediram e desligaram o telefone. Claire baixou rapidamente a barra de notificações de seu celular e viu uma mensagem de um número desconhecido.

Desconhecido: Oi, é o Garrett :)

Claire: Oi, G

Garrett: Então, nossa pequena reunião está de pé?

Claire: Claro

Garrett: Ótimo. O que você prefere?

Claire: Volto pra casa amanhã às 21h, então tem que ser antes disso.

Garrett: O que me diz de um almoço então? Amanhã, 12h no Café do Doyle?

Claire: Ok

Garrett: :)

Ela entrou no quarto sorrindo e Erica disse:

-O papo com o Ben foi bom, hein.

-O quê?

-Você aí toda sorridente. Tenho até medo – Emma disse.

Claire mostrou língua para elas e se sentou em sua cama.

-Amanhã não vou poder almoçar com vocês – ela anunciou.

-Por que? – As duas perguntaram em uníssono.

-Um velho amigo me chamou pra almoçar com ele.

-Tá certo – Erica disse.

-Já vai nos trocar pelos amiguinhos de Boston, né? – Emma falou, ciumenta.

-Jamais – Claire disse. – Ele era meu único amigo aqui. Meio que devo isso à ele.

Emma assentiu, entendendo a situação.

Claire mal dormiu naquela noite, ansiosa pelo almoço com Garrett.

K . I . D . SOnde histórias criam vida. Descubra agora