Capítulo 30

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Os dias se passaram a fio. Não havia sinal de Pedro, em lugar nenhum. A situação na mansão era desesperadora.

- Eu vou com você, então nós... - Disse Evans agitadamente, entrando as pressas em casa.
- O que houve? - Perguntou Kate, ansiosa, indo até Evans, Jeremy e Downey.
- Achamos um rastro. Tá levando pro Sul, nós achamos que ela está indo pra Forks. Eu vou atrás dela. - Disse Downey, decidido.
- Tome cuidado. - Pediu, atordoada. Não aguentaria perder Downey agora.
- Eu vou achar ele, Kate. Nem que seja a última coisa que eu faça, eu vou trazer ele de volta pra você. - Disse sério, olhando a mulher. Kate se atirou nos braços do marido e o beijou apaixonadamente. Não sabia quando ia poder fazer aquilo de novo.

Longe dali...

- Eles vão seguir o rastro. Vão ganhar uma viajem grátis a Forks. - Riu, divertido.
- Qual o seu problema, Alba? - Perguntou, irritada.
- Eu não gosto disso. Não gosto. - Disse, ninando o menino.
- Uma prostituta com instinto maternal. - Disse melancolicamente - Francamente.

Os dias foram se passando, e duas semanas se completaram. Após a ida inútil a Forks, Downey seguiu a Portland, e Evans e Jeremy a Port Angeles. Mark não estava lá. Kate estava adoecendo de saudade do marido e do filho.

- Kate, carta do Downey!
- Lê pra mim. - Pediu, quieta, mas seu olhar era um tantinho animado.

"Kate.
Estou em Portland há 2 semanas. Nosso bebê não está aqui. Segundo me informaram, há indícios de que ela tenha ido a Utah. Eu estou indo pra lá amanhã de manhã. Se não houver nada, voltarei a Seattle, pra começar do zero. Tenho esperanças, minha Kate. Vou encontrar nosso filho. Te amo, Kate. Toda noite, antes de dormir, sinto falta de você, da sua voz, do seu corpo. Conto os segundos pra esse pesadelo acabar. Eu te amo.
Esperando que esteja bem,

Downey."

- Utah? - Seus olhos estavam inundados, e sua sobrancelha, franzida.
- Nevada. - Constatou Scarlett.
- Ele está longe. Mais longe que eu pensei. - Ela disse, e as lágrimas transbordaram.

Scarlett e Elizabeth não sabia mais o que dizer a irmã.
Longe dali...

- Estou cansada desse joguinho. - Disse, soprando o ar do cigarro - Sairemos amanhã de manhã, e quando voltar, eu quero esse assunto resolvido, Alba. - Disse, fria.

Alba olhou preocupada pro bebê. Ela mataria, caso a própria Alba não o fizesse. Tinha se apegado ao menino nesses dois meses. Não era capaz de fazê-lo. Ah, pobre Pedro.
Mais dias se passaram. Nada de noticias. Scarlett estava andando pela fazenda. Sofria pela saudade do marido. Quando passou pelo estábulo, um cavalo branco, alvo como nada mais relinchou pra ela.

- Ah, Seth. - Ela foi até o cavalo, acariciando-lhe a crina. Seth pareceu gostar de ver a dona. - Não... - Ela se afastou quando o cavalo se abaixou, dando a ela espaço pra montar. - Eu também sinto saudade. - Disse, sincera. O cavalo continuou abaixado.

Mas porque não? Sentia saudade de Evans, de Pedro. Sua vida estava um caos. Se ela ainda tinha Seth, porque não? Ela colocou a cela no cavalo, que pisou no chão, animado. Montou nele, e saiu, a galope baixo. Mas Seth queria mais. Scarlett sorriu, e cutucou ele com a pontinha da bota. O cavalo disparou, feliz. Scarlett se sentiu viva de novo. O vento frio bombardeava seu rosto, seu cabelo voava no vento. Enquanto galopava, se lembrou mentalmente que nunca chegará a outra extremidade da mansão. Ela guiou o cavalo, e avançou. Tinha que ter um final. Aquele lugar era enorme. Alguns empregados viravam-se pra olha-la quando ela passava, e nada do final da fazenda chegar.

- O que eu vou fazer com você? - Murmurou Alba, cansada, após pular o enorme muro da mansão - Não posso deixar aqui. Podem haver cachorros. Insetos, cobras. Ah, Pedro. - Murmurou pro bebê, atordoada.

Scarlett estava desistindo de achar a outra ponta da mansão, quando viu uma mulher embrenhada nas árvores. Tinha cabelos pretos que batiam nos ombros. Era branquinha, pálida. Usava um vestido simples, nada comparado aos vestidos simples de Scarlett. Em seu braço havia uma trouxinha azul.

- Pedro. - Murmurou pra si mesma, enquanto atiçava Seth, que se lançou pra frente - EI! - Berrou, descendo do cavalo as pressas. Alba se virou, assustada - Não fuja. - Avisou, avançando. - Scarlett usava um vestido azul fumê, e duas luvas curtas, que eram usadas pra montaria. A morena parecia apavorada, agarrada ao bebê.

Scarlett se preparou pra gritar, mas Alba avançou pra ela calmamente, como quem ergue uma bandeira de paz.

- Quem é você? - Perguntou na defensiva - Porque levou o menino?!

Mas Alba apenas balançou a cabeça negativamente. Seus olhos estavam cheios d'água. Ela ofereceu o menino a Scarlett, que o carregou, confusa.

- O-obrigado. - Disse, rouca pela surpresa.
- Me perdoe. - Murmurou. Ela olhou Pedro por uma última vez, e em seguida fugiu, deixando Scarlett confusa, e atônita. Não sabia porque, mas sentia pena daquela mulher.

Scarlett abraçou Pedro, que pareceu conhecer a tia. Em seguida montou em Seth, e segurando o cavalo com apenas uma mão, por estar com Pedro na outra, disparou de volta a mansão. O menino não pareceu se incomodar com a velocidade, aparentemente sabia que estava seguro nos braços de Scarlett.

- KATE! - Berrou Scarlett, entrando em casa.
- Quê? - Perguntou, desanimada no andar de cima.
- Vem aqui! - Pediu. Estava ofegando de ter subido as escadas correndo, não tinha pique pra subir até o segundo andar.
- Pra que?
- GWYNETH KATE PALTROW, VEM LOGO! - Apressou.

Scarlett ouviu Kate resmungar, e os passos da mesma no assoalho do segundo andar. Sorriu por antecipação. Era como tirar uma cruz de suas costas.

- Você é insuportável sabe que não quero sair, pedi pra que não me chamasse, só por notícias de Downey, mas você insist... - Travou chegando ao patamar da escada, vendo o embrulho azul nos braços de Scarlett - Pedro. - Murmurou, e Scarlett viu o sangue voltando ao rosto da irmã. Kate estava corando de felicidade, depois de meses. - Meu filho. - Sorriu, enquanto os olhos se enchiam de lagrimas.

Kate desceu a escadaria em um segundo. Scarlett entregou o bebê a ela, feliz. As coisas poderiam voltar ao normal agora. Ou assim pensava Scarlett. Kate chorou, abraçada ao filho. Era como se lhe devolvessem o oxigênio.

- Como? Onde ele estava? - Perguntou, atônita, abraçada forte ao filho, que ria dos beijinhos que recebia da mãe.

Scarlett hesitou por um momento. A morena parecia arrependida. Se desculpou. Devolveu o menino.

- Encontrei ele... do outro lado da fazenda. Perto de uma árvore. - Mentiu.
- Obrigado, meu Deus. - Ela soluçou no choro, e Pedro passou a mão no rosto dela - Avise Downey. Peça que volte. Já acabou. - Ela sorriu, dizendo isso, e Scarlett estava plena novamente. Plena no que podia se dizer. Não se podia estar completamente plena se alguém de olhos verdes e cabelos loiro estava longe, sem dar notícias.

Longe dali, a morena que salvou a vida de Pedro não estava nada bem. O homem espancara ela quando soube do que tinha feito. Ela aceitou a dor de bom grado, pelo menos o menino estava bem. Tinha abandonado a vida, mas não tinha pra onde ir, então era forçada a ficar com ele e a mulher.
Scarlett recebeu uma carta de Evans naquele dia. Mandou um mensageiro urgente pra ele, avisando que havia encontrado. Evans prontamente foi atrás de Downey, no fim do mundo. O irmão quase não acreditou quando ele avisou que Pedro estava em casa. Pedro dormia em seu berço, e Kate caminhava pelo jardim, tranquila, quando uma carruagem preta se aproximou.

- Kate. - Murmurou correndo até a mulher. Kate correu ao encontro dele, e quando se chocaram, ela se abraçou a ele, que a beijou, cheio de saudades. Evans e Jeremy preferirem ficar na carruagem, não queria interromper. Downey deu ordens pra que eles fossem na frente. Scarlett estava em seu quarto, quando duas mãos firmes lhe cobriram os olhos.
- Se adivinhar quem é, ganha um beijo. - Murmurou no ouvido dela, e sorriu olhando a pele da mulher se arrepiar, enquanto ela sorria.
- Hum... Sr. Evans, talvez. - Disse entrando no jogo. Evans riu gostosamente - Que saudade de você. - Disse se virando pra ele, atirando-se em seu pescoço em seguida. Evans cambaleou pra trás e caiu de costas na cama, com Scarlett em sua barriga. Ela sorriu e o beijou, com saudade.

Tudo estava bem, bem demais... Isso não assusta vocês?

Destinados ao amorOnde histórias criam vida. Descubra agora