Capítulo 52

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Jessica pegou a caixa, e se aproximou da cama. Em seguida despejou seu conteúdo nela. Uma cobra, vermelha e preta. Furiosa pelas cutucadas que recebeu.

- NÃO! - Gritou, se encolhendo ainda mais.
- Medo, Scarlett? - Ela riu - Sinto muito. - Fingiu-se de triste, e se afastou, indo em direção ao berço de Rosalie.
- Jessica! - Chamou, batendo na porta. A mulher abriu. Scarlett olhava a cobra, apavorada, enquanto o animal avançava pra ela. - Eles estão ai embaixo!
- Quem?
- Evans e Downey! Vamos logo!
- Mas a menina...
- Maldição, deixe a menina! - Rosnou. Jessica encarou Rosalie uma última vez, e saiu, batendo a porta. A menina olhava a mãe, confusa. Scarlett observou a cobra se aproximar dela, nauseada. Era o seu fim.
- Pelo amor de Deus, nós estamos esperando há mais de 20 minutos. - Se queixou Downey, encostado no balcão da recepção.
- Eu não vou deixar ela fugir, não de novo. - Ele olhou uma lista que estava atrás do balcão, e saiu, rumando o quarto de Scarlett.

Um dos homens contratados por Evans seguiram Hunter, e encontraram Scarlett. Evans não hesitou em ir até lá, e Downey insistiu em ir também. Os dois subiram as escadas como em um voo.

- Scarlett, abre essa porta! Eu sei que você está ai! - Chamou, após minutos batendo na porta. Nessa hora Rosalie começou a chorar - Vamos, Scar.

Nessa hora ouviram um gemido sufocado, fraco de Scarlett. "Evans..." ela chamou. Ele se desesperou. Ela não estava bem.

- Sai. - Pediu Downey, rápido, e deu um pontapé com tudo na porta, que abriu com força.

A cena foi nauseante. Scarlett estava amarrada, amordaçada na cama, com a perna ferida em vários pontos, e a cobra em cima da cama. Enquanto Evans observava, o animal feriu Scarlett com mais uma mordida. Evans foi ajudar a esposa rapidamente. Puxou a cobra com tudo, e a jogou no chão sem medo algum. Downey esmagou a cabeça do animal com uma pisada.

- Tire Rosalie daqui. - Ordenou, e Downey assentiu, tirando a criança rapidamente de lá. - Scar. - Murmurou, tirando a mordaça dela.

Scarlett não respondeu. Ele fez o óbvio. Abaixou-se á perna de Scarlett, e começou a sugar os ferimentos. O único gosto ali era do veneno. Nem um vestígio do sangue da loira. O rosto de Evans estava contorcido na mais completa dor. Meu Deus, não. Ele ia, de ferimento em ferimento, sugando até conseguir sentir o gosto doce do sangue, depois cuspia fora. Ele checou a perna dela, até todos os ferimentos estarem limpos. Quando a Scarlett, estava afogada na mais completa escuridão. Tentava caminhar, mas suas pernas eram pesadas. Tentava gritar, mas não havia voz. Sem contar a queimação absurda que sentia por todo o corpo. Até que, de longe, uma voz foi lhe chamando.

- Scar, acorde. - Ele segurou o rosto da loira, olhando-a. Estava fria, mole. O único sinal de que estava viva era sua respiração. - Acorde. - Pediu de novo. - Que diabo, eu te amo. - Murmurou, desesperado.
- E...Evans. - Ela conseguiu murmurar, perdida na escuridão.
- Você está viva. Ah, Deus. - Ele deu vários beijos no rosto dela.
- Era tudo mentira... - Murmurou, ainda de olhos fechados.
- Não importa, eu amo você. - Disse, com os olhos cheios d'água, erguendo o rosto dela. A loira tinha os olhos entreabertos, fraca.
- Eu estou morrendo. - Constatou em um sussurro, quando não tinha mais forças pra falar. Então a escuridão a engoliu novamente. Era mesmo o final?

Evans entrou em desespero quando Scarlett desmaiou novamente. Pense, seu idiota. Um médico. Era disso que ela precisava. Ele carregou o corpo mole da esposa, e saiu como um raio pelo corredor do hotel. Em poucos minutos, entrava no hospital mais caro da cidade (Obviamente, era onde os irmãos se tratavam quando adoeciam), levando ela no colo. Uma enfermeira levou Scarlett, e deixou Evans sozinho.

- E então? - Perguntou Mark, entrando na sala onde Evans estava, acompanhado por Kate, Lizzie e Jeremy - Downey chegou em casa com Rosalie, e disse que Scarlett estava ferida. O que houve?
- Uma cobra. - Murmurou, lembrando-se do animal. - Eu vou matar quem prendeu ela ali. - Disse pra si mesmo - Vou matar com as minhas mãos.
- Prendeu? - Perguntou Elizabeth, confusa.
- Prendeu. Estava amarrada a cabeceira da cama, e amordaçada. Alguém fez isso com ela.
- Mas quem? - Perguntou Jeremy.
- Senhor Evans? - Chamou, entrando na sala. O médico era novo em Seattle, por isso não conhecia o rosto de Evans.
- Aqui. - Respondeu, se erguendo da cadeira - Minha mulher?
- Ficará bem. - Evans suspirou, sentindo um alívio violento se apossar dele - Está dormindo, agora. Foi muita sorte ela ter sobrevivido. A maioria dos ferimentos está na perna direita, mas eu verifiquei, e está tudo limpo. Eu sedei ela, pra evitar a dor dos procedimentos, por isso ainda está adormecida.
- Quando ela acorda?
- Daqui à umas... 5 horas, por ai. - Evans assentiu.
- Eu posso ver ela?
- Agora, não. As enfermeiras estão cuidando dos outros ferimentos dela, aproveitando seu sono. Ela tem a boca ferida, e os pulsos também, ao que parece forçou eles demais. Mas logo o senhor será liberado para vê-la. - Evans assentiu, e o médico, após pedir licença, saiu.
- Obrigado, meu Deus. - Murmurou pra si mesmo. Mas nessa hora, um gritinho animado e inocente inundou a sala. Evans se virou, com o coração pulando de saudade. Downey entrava no hospital, trazendo uma Rosalie que só faltava bater no tio, querendo ir pro colo do pai. A menina dava gritinhos, pulava, ria, batia palmas. Evans sorriu de canto. Sonhou tanto em ver aquele sorriso novamente.
- Rose. - Murmurou pra si mesmo, enquanto avançava pra filha.

Downey entregou a menina a Evans, que se agarrou com força ao pai. Evans aspirou o cheiro da filha, como se dependesse disso pra viver, enquanto a acolhia em seu peito. A saudade era tanta que fazia ele querer gritar. Ele encheu o rostinho e o pescoço de Rosalie com beijinhos estralados, fazendo ela rir.

- O que foi? - Perguntou, sorrindo, enquanto a filha ria nos braços dele. Rosalie tapou os olhinhos com as mãos por um momento, e depois destampou-os depressa, fazendo carinha sapeca, e tocou o peito de Evans. Evans se derreteu com isso. - É, o papai está aqui, minha sapeca. - Rosalie bateu palminhas, enquanto Evans beijava ela de novo.

O sorriso de Evans se fechou ao ver a expressão da filha. Ela varria a sala de espera do hospital, com um olhar ansioso e curioso. Procurava a mãe.

- A mamãe não está aqui. - Respondeu, acariciando os cabelos da menina, que estavam com um penteado fofinho - Não está, meu amor. - Rosalie fez bico - Não, não chore. Nós vamos ver ela daqui a pouco, sim? - Rosalie continuou com bico - Mas não pode chorar. - Avisou, olhando-a.

Era incrível. A cor dos olhos de Rosalie era minuciosamente idêntica ao seus. Era como se olhar num espelho pequeno e loiro. Rosalie abraçou o pai de novo, e ele ninou ela. Passará tanto tempo imaginando o momento que poderia nina-la de novo, que agora que podia fazê-lo, era surreal.

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