Capítulo 37

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Scarlett acordou no dia seguinte, recebendo beijos de lábios frios na pele nua de suas costas. Ela sorriu, se espreguiçando.

- Bom dia, bela adormecida. - Chamou, e Scarlett o encarou, fazendo manha. Ele já estava vestido, e ela, coberta por um lençol até o busto - Odeio te acordar, mas temos que ir, se quisermos chegar em casa antes do almoço.
- Evans vai me matar. - Constatou, rouca, fazendo uma careta.
- Eu sei que vai. - Ele riu, e selou os lábios com os dela. Scarlett riu e jogou um travesseiro nele.

Os dois tomaram café, e se vestiram. Scarlett, achando espalhafatoso demais pro dia, não vestiu as luvas, guardando-as no bolso do paletó de Mark, e deixando a pulseira de diamantes em contato com sua pele. Penteou o cabelo do mesmo jeito, e os dois partiram pra casa. Horas depois chegaram na mansão. Cada um foi pro seu canto depois disso. Scarlett passou na cozinha antes, e pegou uma torrada. Estava morrendo de fome.

- Pensei que havia fugido. - Comentou, duro, quando ela entrou no quarto.
- Ah, bom dia. - Acenou com a cabeça, puxando as botas com o pé.
- Que diabo significa isso, Scarlett? - Rugiu, jogando um jornal de um bolo que tinha nas mãos. Scarlett agarrou o papel antes que atingisse seu rosto, e olhou. Ela e Mark, dançando abraçados. Na primeira página. Inferno, será que até lá iam seguir ela?
- Então você provou do seu próprio veneno. - Ela sorriu, após morder a torrada - Então, como se sente? - Perguntou, ainda sorrindo, enquanto tirava a tiara da cabeça, e a pulseira, colocando-as na penteadeira.
- O que eu sinto? Eu sinto que está na hora de Brie vir pra casa. - O que ele disse atingiu Scarlett como um tapa na cara, e o sorriso dela sumiu - Mark esteve só tempo demais pro bem dele.
- Chame quem você quiser. Não vai alterar o que já foi feito. - Sorriu, provocando, e olhou a testa dele, sugestivamente.

Evans se lançou pra ela, que correu. Se ele a pegasse, estaria morta. Sentia ele vindo bem atrás de si. Entrou no banheiro e bateu a porta com tudo. Evans rugiu de raiva e deu um murros o que fez a madeira tremer, e saiu do quarto, ouvindo o riso ofegante da loura.
Os dias foram se passando, normalmente. Nada mudou. Só o apetite de Scarlett, que estava mais aguçado. Ela vinha tendo ataques de histeria também, o que divertia Mark.

- Scar. - Chamou, certo dia, após abrir uma carta.
- Oi? - Respondeu, olhando pra ele.
- Evans.

Scarlett sentiu uma pontada no estômago ao ouvir o nome do marido. Nada bom seria.

- O que ele fez agora? - Perguntou, tentando se preparar.
- Ele mandou trazerem a Brie. - Constatou, se levantando. - Volto logo. - Ele avisou e saiu, pisando forte.

Scarlett ficou na sala, com a boca amargando de ódio. Então ele realmente mandou trazerem Brianne? Ótimo. Era só do que ela precisava. O ciúme tomou conta do seu corpo ao pensar em Brie, dividindo quarto, dividindo uma vida com Mark. Enquanto isso Evans lá, traindo ela a vontade com Macarena... digo Jéssica rsrs. Se não fosse ela, sua vida ainda seria um conto de fadas. Scarlett, antes que pudesse calcular, se levantou e subiu as escadas correndo. Mas não parou no segundo andar. Chegando no corredor, direcionou-se a esquerda e andou rapidamente pra escada do terceiro. Pela segunda vez os olhos do quadro de Jéssica focalizaram ela, irônica e provocadoramente. Scarlett ofegava de ódio. Havia uma lamparina ali, já que Evans não deixou de instalassem luz. Ela foi até a estante e pegou o primeiro arquivo de cartas. Sorrindo maldosamente, pôs-se a rasga-las, uma por uma. Logo um monte de papel picado se fazia no chão. Ela rasgou todas, não deixou nenhuma inteira pra deixar recordação. Depois, puxou a estante com toda sua força. A estante emborcou no chão com um estrondo, e Scarlett ouviu o vidro das delicadas portinhas se quebrarem.

- Senhora! - Chamou do andar debaixo. Nem sob o indicio evidente da destruição tinha coragem de desobedecer Evans.
- Saia daqui, Mirta. Mande todos saírem. - Ordenou, pegando a lamparina, e quebrando-a em seguida. Jogou a querosene em cima da enorme pilha de papel picado e acendeu, fazendo uma fogueira.

Mark entrou no escritório como um furacão. Evans estava sentado em sua mesa, escrevendo algo. Downey, que estava de pé, entrou no caminho do irmão, que ia golpear Evans, que estava distraído.

- MARK - Rugiu Downey, entrando no caminho de Mark.
- QUE PALHAÇADA É ESSA? - Perguntou, erguendo a mão com a carta amassada.

Downey pegou o papel, e olhou. Evans já havia se levantado. Se ia brigar com Mark, queria estar de pé. Sabia da capacidade destrutiva do irmão, quando ele queria fazê-lo.

- Mandou trazer Brie? - Perguntou Downey, confuso, ainda segurando Mark.
- Já havia passado da hora. - Concluiu, sereno - Vamos ver se assim ele passa a cuidar mais da mulher, e deixa Scarlett em paz.

A próxima coisa que Evans sentiu foi algo acertando-lhe a testa, causando uma dor que lhe cegava. Ouviu Downey gritar com Mark. Sua visão escureceu, e ele caiu ajoelhado no chão. Sentiu a mão que tocava sua testa se enchendo de sangue. Quando Evans estava respondendo, Mark aproveitou a distração do irmão e pegou um peso de papel na mesa de Downey e lançou com toda a força no irmão, acertando-lhe a testa.
Longe dali, Scarlett abriu as janelas do terceiro andar. A fumaça estava lhe deixando tonta. Pegou um caco da lamparina quebrada, e pôs-se a acertar os quadros de Jéssica com tanta força que o vidro cortava sua própria mão. As telas, por fim, estavam completamente destruídas. Scarlett pegou o vestido preto que usará anteriormente, e o rasgou em cada pedaço, a mão, jogando-o em um canto. Pegou um pedaço de papel em chamas com a ponta dos dedos, e tacou no vestido, que prontamente começou a queimar. Rasgou a tapeçaria do chão, o papel que decorava as paredes, tudo. Iria acabar com tudo!
Enquanto isso, na cidade, Downey levou Evans ao hospital. Evans levou 6 pontos na testa, ganhando um curativo ali. Jéssica apareceu até hoje não se sabe de onde, e não desgrudou de Evans nem um segundo, irritando Downey e enojando um Mark que só estava ali porque Downey o obrigou. Por fim, seguiram pra casa. A surpresa se criou quando chegaram a mansão. As janelas do terceiro andar estavam abertas, e cuspiam fumaça pro vento.

- Scarlett. - Murmurou, com um sorriso crescendo no rosto.

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