Capítulo 6: O Mar de Nuvens

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Mikaella despertou com o som dos pássaros do lado de fora de sua janela. Foi a primeira noite em que pôde dormir sem o som constante dos diversos aparelhos médicos. Haviam sido todos desligados no dia anterior, já que não eram mais necessários. Apenas um auxiliador, ainda preso ao nariz, servia como uma medida de segurança caso ocorresse alguma recaída.

A jovem voltara a ser alegre e otimista. Todos diziam que, se continuasse assim, voltaria para casa dentro de alguns dias. Todos estavam felizes à sua volta. Aquilo era um verdadeiro milagre.

Era o seu desejo se realizando.

A porta do quarto abriu-se e a enfermeira adentrou carregando uma bandeja de café da manhã. Junto da sopa, dessa vez, veio um pedaço de pão fresco e uma caixinha de suco de uva com um desenho fofo de um ursinho estampado.

–Bom dia, Mikaella. –Cumprimentou a enfermeira, depositando a bandeja no espaço ao lado da cama enquanto montava o apoio para refeições e punha a garotinha sentada. –Como estamos nos sentindo hoje?

–Com fome! –Disse, batendo na cama com as mãos de forma alegre.

–Muita fome?

–Muita fome!

–Hoje o médico disse que não precisa mais tomar seus remédios, está bem? –Ela depositou a bandeja sobre o apoio. –Eles não fariam mais bem para você em seu estado.

Mikaella atacou o prato de sopa junto com o pão. Fazia tanto tempo desde que comera algo além da sopa de vegetais que o pão parecia a coisa mais deliciosa do mundo naquele momento.

Entre uma colherada e outra, perguntou. –Eu ainda tô doente?

–Não, querida. –Respondeu a mulher mais velha, passando a mão pela cabeça ainda lisa da menina, mas que em breve voltaria a ver seu cabelo crescer grande e forte. –Você está mais saudável do que alguns dos médicos, se quer saber.

A criança não entendeu a piada, mas acompanhou a enfermeira em seu riso.

–A propósito –Continuou. –, tenho uma surpresa para você assim que terminar de comer.

–É sério? –Perguntou com os olhinhos brilhantes.

–Muito sério.

–Então vou comer tudinho!

Com a esganação que somente uma criança ansiosa poderia ter, Mikaella terminou a sopa, o pão e esvaziou a caixinha de suco quase que numa golada só. Suas mãos balançavam de ansiedade e ela batia os pezinhos em baixo dos lençóis brancos.

A enfermeira, enquanto isso, armara uma cadeira de rodas para acomodar a garotinha. Era o primeiro caso em que viam uma recuperação daquelas, então não havia um protocolo de segurança confiável. Todo o cuidado era pouco com Mikaella.

Cruzaram os corredores, recebendo cumprimentos de diversos médicos e enfermeiros que já conheciam Mikaella. Para a garota, era como estar em um parque de diversões. Cada curva, cada corredor e sala novos pelos quais passavam era excitante e despertava sentimentos que não sabia mais que existiam dentro de si.

–Chegamos. –Esticando um braço para abrir a porta, a enfermeira a empurrou calmamente para dentro de uma sala escura e, aparentemente, vazia. –Ué, mas está tão escuro. Acho que vou acender essa luz...

SURPRESA!

Mikaella pulou em sua cadeira, assustada com o aparecimento repentino de tantas pessoas. Seus pais, tios, avós e alguns primos estavam ali, além de algumas outras pessoas de que não se lembrava, mas que sabia já ter visto vez ou outra em algum lugar. Todos batiam palmas e rodeavam uma mesa colorida com um grande bolo a enfeitando.

O Ballet da Garota MágicaOnde histórias criam vida. Descubra agora