Capítulo 26: A Noite das Garotas Mágicas

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Luzes vibrantes, sons digitais e mecânicos, cheiro de fritura no ar e muita, muita gritaria. Essa era a definição de Kelly para um "lugar divertido": O Fliperama Punk-Rock&Burger – Onde a melhor diversão encontra a melhor comida.

O local em questão ficava em um dos infinitos shoppings de São Paulo, curiosamente localizado no exato ponto entre a praça de alimentação e a área de jogos e recreação infantil. As portas eram pesadas, de ferro, e o ambiente era todo iluminado por luzes vermelhas e espaçadas, com rápidos lasers multicoloridos cortando o interior vez ou outra. Tudo isso, é claro, ao som de Punk-Rock e das músicas de jogos clássicos como Street Fighter, Mortal Kombat, Fatal Fury, Metal Slug e muitos outros, filas e filas de jogos que pareciam não ter mais fim, e com opções de lanches como hambúrguer com babata frita, cachorro quente, pizza, milk-shake e outras comidas de fast food.

–Bem-vindas ao paraíso! –Gritou Kelly ao passarem pela porta, a música alta quase abafando sua voz. Quase. –O que vão querer primeiro?

Ir embora seria uma resposta inteligente e engraçada, Miranda pensou, mas não estava a fim de chatear a amiga. Além disso, a música não era de todo ruim. Uma versão pesada de Happy Days tocava a um volume que abafava até mesmo os pensamentos mais sombrios que Izanami poderia pôr em sua mente, o que por si só já era motivo para comemorar.

–Por que não nos mostra o seu favorito, Kelly? –Sugeriu Luna, tirando o peso da escolha dos ombros das demais.

Os olhos da Dama de Ferro arderam com aquele brilho de quando estava animada com alguma coisa. Naquele momento, ela deixou de ser a adulta responsável do grupo e tornou-se mais uma das jovens delinquentes que o formavam.

Guiou-as até um dos balcões, onde estavam as placas mostrando os diversos recordes das máquinas e as premiações de diversas competições que já haviam ocorrido. Em quase todas elas o nome de Kelly era o primeiro, até mesmo na competição de beber um litro de milk-shake em menos de quinze segundos. O olhar de satisfação e orgulho que tinha em seu rosto era ao mesmo tempo admirável e cômico.

–Você é uma estrela e tanto. –Comentou a Rainha dos Mortos. –Como conhece esse lugar? Pensei que não pudesse jogar jogos assim em casa.

–E não posso. –Admitiu. –Flávio que me indicou esse lugar. Ele trabalha aqui.

–Espera aí. O Flávio trabalha? –Larissa parecia mais assustada com essa parte especifica do que com o resto. –Essa eu só acredito vendo. Aquele vagabundo não trabalha nem com magia, imagina sem!

Kelly os levou até a parte de jogos de tabuleiro. Algumas mesas espalhavam-se como ilhas, algumas com tabuleiros de War e Banco Imobiliário montados com famílias e grupos jogando. Uma das mesas tinha um grupo de RPG que pareciam estar enfrentando um dragão vermelho em miniatura. Alguns rapazes e moças andavam de um lado ao outro levando comida e bebida às mesas e oferecendo opções de jogos. Um deles, um jovem loiro de cabelo liso e franja ficou surpreso ao ver o grupo de garotas aproximar-se.

–Que surpresa, Kelly. E quem são... –Seus olhos saltaram assim que caíram sobre a figura de Larissa, que o encarava com olhar desconfiado e perverso. –Minha rainha? –Gaguejou, levantando a franja para conseguir ver melhor o rosto da pequena garota a sua frente. Então, num gesto completo de submissão, curvou-se. –Perdão, minha rainha! Não pude reconhecê-la!

–Tudo bem. –Respondeu Larissa, um pouco envergonhada por ser tratada daquela forma em público. –Não precisa exagerar. Mas devo dizer que essa roupa cabe bem em você.

Flávio, assim como os outros atendentes, usava um conjunto de camisa social branca, colete risca de giz e calça preta, com uma plaquinha com seu nome presa à esquerda de seu peito e um brinco dourado em forma de serpente em sua orelha esquerda.

O Ballet da Garota MágicaOnde histórias criam vida. Descubra agora