Capítulo 8: Novos Aliados

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Um fato curioso sobre os paulistanos: Eles amam pizza.

São mais de 5 mil pizzarias espalhadas por toda a cidade, o que contabiliza metade de todos os estabelecimentos do tipo em todo o Estado de São Paulo. Estima-se que sejam preparadas mais de 700 pizzas por minuto e, ao longo do dia, esse número pode ultrapassar um milhão de unidades.

A Pizzaria 1908, uma das mais desconhecidas da região, possuía um estranho ar retrofuturista e steampunk, com canos de cobre e válvulas de aço espalhados por todo o ambiente, e que juntos transportavam os clientes para outro mundo, em outro século, ao som de músicas experimentais de bandas inglesas. Tudo isso, é claro, enquanto se comia uma deliciosa fatia de pizza.

–Devo admitir, você tem um gosto peculiar, Anjo Negro. –Disse o rapaz que abordara Miranda, referindo-se ao local. –A estética desse lugar é incrível,

Ele a chamara para conversar, mas, como toda pessoa em sã consciência faria, Miranda recusou o convite. Então, o rapaz se ofereceu para levá-la para o lugar que ela escolhesse, se isso fosse fazer com que se sentisse mais à vontade e menos desconfiada a seu respeito. Além disso, como que para mostrar do que se tratava a conversa, mostrou as costas de sua mão direita, exibindo um selo mágico com o desenho de um coração.

–Acho que devo me apresentar. –Disse o rapaz com certa timidez. –Meu nome é Alexandre. Mas pode me chamar só de Alex. –Estendeu a mão por cima da mesa, aguardando um cumprimento receoso de Miranda. –Eles me chamam de Vaqueiro Fantasma, mas eu acho esse nome meio idiota, se quer saber. –Miranda concordou com a cabeça. –E você? Qual o seu nome?

–E por que eu deveria lhe dizer?

–Eu salvei a sua vida há algumas horas. Mas, se preferir, posso continuar chamando você de Anjo Negro.

Alexandre era particularmente bonito. Tinha a pele cor de oliva, o cabelo crespo cortado curto e ostentava um ar de perigo e inocência no rosto brincalhão e sorridente. Usava um cachecol no pescoço, apesar do calor que fazia no interior da pizzaria.

–Como me encontrou?

–Eu a segui depois do ataque, enquanto seu youkai a guiava. É uma habilidade de "piloto automático" bem útil, por sinal.

–Como sabia que não era eu?

–Acabei de descobrir pela sua reação. –Brincou. –Você estava chorando naquele ponto de ônibus e, do nada, parou e entrou num ônibus como se fosse um robô. Pessoas normais não devem ter notado, mas, modéstia à parte, meus olhos são especialmente sensíveis às coisas.

–Você... –Hesitou, mas decidiu continuar ao ver que nada tinha a perder. –Conhecia aquelas duas?

–As Gêmeas Shinigami? –Bufou. –Elas me odeiam de verdade. Meu passatempo atual é matá-las sempre que tenho a chance. Foi assim que consegui te salvar a tempo, aliás. Eu as vi te seguindo quando saiu do shopping.

O rosto de Miranda corou conforme ela encolhia-se em sua poltrona, buscando as palavras certas para o que queria perguntar.

–Então –Começou. –Obrigada. Por me salva, e tal.

–Só fiz o que achei certo. Já testemunhei o quanto aquelas duas podem ser cruéis. O que fizeram com você foi pouca coisa.

–Pouca coisa? –Miranda irritou-se. –Eu podia ter morrido!

–Calma, menina, calma. Não quis dizer que não foi perigoso, nem que foi certo, apenas que foi bastante brando comparado ao que elas normalmente fazem. –Falou, brincando com um sache de ketchup como se fosse um skate em miniatura. –Você deu sorte. Acho que elas gostaram de você.

O Ballet da Garota MágicaOnde histórias criam vida. Descubra agora