Frio. Foi tudo o que Luna sentiu naquele instante.
Frio.
Tudo estava acabado. Não havia mais como voltar atrás, e isso, até certo ponto, era reconfortante. Ter finalmente seu descanso eterno junto de seus antigos amigos. Junto de sua segunda família.
Seu corpo despencou assim que Larissa retirou sua espada de dentro de seu corpo, já nem ferindo tanto quanto antes. Com um sorriso triste, Luna despencou para o abismo e para a morte certa. Fechou os olhos, preparando-se para o impacto e para o silêncio que o vazio traria. Porém, o que sentiu foi justamente o chão frio de madeira e o doce toque dos lábios de uma garota.
–Não vou permitir que morra, Luna. –Disse a Rainha dos Mortos, segurando seu rosto, os olhos vermelhos e marejados. –Ainda não.
Ao notar o que acontecia, Luna arregalou os olhos, afastando Larissa. Estava respirando, seu coração batia novamente, acelerado. Estava viva e bem. O ferimento mortal parecia um sonho, exceto pela sensação de queimação que existia em sua mão direita. Seu Selo de Clã havia se tornado o da Rainha dos Mortos.
–Como pôde...? –Disse, a voz chorosa carregada de arrependimento. –Era tudo que eu ainda tinha deles.
–Você não me deu opção. Mas isso também não é verdade, Luna. –Segurou a mão direita dela, colocando-a junto ao seu peito, para que ela sentisse também seus batimentos. –Você tem a mim. Tem todo o Clã Monarquista lhe apoiando de agora em diante. –Começou a aproximar-se. –Chega de ficar se escondendo. Chega das mentiras, da solidão. Chega de sofrer.
Uma mistura de sentimentos e sensações inundavam o corpo e a mente de Luna. De repente, era como se voltasse todos aqueles anos, para quando tudo estava bem. O beijo de Larissa veio lento e sem pressa, dando tempo para que seus lábios recordassem o que deveriam fazer naquela situação. Mesmo com a dor, mesmo com a tristeza e todo o ódio que sentia, Luna não conseguia fugir daquela sensação tão nostálgica e mágica.
Suas mãos correram pelo corpo de Larissa, buscando o calor do prazer humano. Larissa a atacava, cada vez mais lasciva e provocante. Luna observou enquanto ela erguia o corpo para retirar sua camisa de caveira, revelando os pequenos seios, eriçados devido à excitação. Ela havia amadurecido naqueles três anos, agora era possível perceber.
Então, em um momento de lucidez, antes de retornarem para o que estavam fazendo, Luna a afastou.
–Não. –Forçou-se a dizer. –Isso não está certo, Larissa. Não posso continuar com isso.
A Rainha congelou por um momento, entendendo o significado daquelas palavras.
–Luna, eu juro que não sou mais aquela de antes. Tive muito tempo para pensar em você, em mim e no que fiz. –Tentou uma última vez apelar para o passado. Pegou na mão de Luna com as suas, tocando de leve seus dedos. –Tudo o que quero é uma segunda chance de demonstrar meus sentimentos. Volte comigo. Vamos ser uma dupla de novo, como nos velhos tempos.
Como nos velhos tempos, Luna repetiu em sua mente. Observou a antiga companheira, a garota que traíra seu Clã, sua confiança e seu amor há tanto tempo.
–Desculpa –Disse, devolvendo a camisa para que ela voltasse a se vestir. –, mas quero que saia da minha casa.
–Mas... –Hesitou, abaixando a cabeça. –Tudo bem. Se é o que quer, então eu vou.
Larissa pôs novamente a camisa de caveira e cortou a sala a passos rápidos, alcançando a porta e saindo antes que qualquer outra coisa pudesse ser dita.
Luna ouviu a porta bater, sentindo as pernas fraquejarem por um momento e o equilíbrio deixando seu corpo. Apoiou-se na cadeira ao seu lado, mas já era tarde para se arrepender.
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O Ballet da Garota Mágica
Fantasy"𝙎𝙚𝙧 𝙪𝙢𝙖 𝙂𝙖𝙧𝙤𝙩𝙖 𝙈𝙖́𝙜𝙞𝙘𝙖 𝙚́ 𝙘𝙤𝙢𝙤 𝙖𝙥𝙧𝙚𝙣𝙙𝙚𝙧 𝙗𝙖𝙡𝙚́: 𝙧𝙚𝙦𝙪𝙚𝙧 𝙥𝙚𝙧𝙨𝙚𝙫𝙚𝙧𝙖𝙣𝙘̧𝙖, 𝙙𝙞𝙨𝙘𝙞𝙥𝙡𝙞𝙣𝙖, 𝙛𝙤𝙘𝙤 𝙚, 𝙥𝙧𝙞𝙣𝙘𝙞𝙥𝙖𝙡𝙢𝙚𝙣𝙩𝙚, 𝙩𝙧𝙚𝙞𝙣𝙖𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤". Abordando a mitologia e o folclore j...