Miranda desceu numa das ruas mais movimentadas do centro da cidade. Não era sua primeira vez ali, mas era a primeira em que sentia receio de pisar naquele lugar. Ali era agora um território de guerra. Qualquer coisa poderia acontecer a qualquer momento.
Todo cuidado era pouco, ainda mais em um dia tão importante.
Avistou Alexandre parado ao lado do ponto de ônibus, mexendo em seu celular. Estava com as mesmas roupas que havia usado no primeiro encontro, com destaque para seu cachecol que, Miranda agora sabia, era a manifestação física de seu youkai. Aproximou-se dele com um sorriso, tocando em seu ombro.
–Oi. Esperou muito?
–Muito. –Disse com seu jeito brincalhão. –Estava quase desistindo e indo pra casa.
Miranda fez um muxoxo, batendo de leve no ombro dele. –Droga, você devia dizer que não! Onde está seu cavalheirismo?
–Acho que tem razão. Do que gostaria? Um jantar, uma massagem, um banho?
–Não, seu bobo! –Respondeu, rindo das bobeiras de Alex. –Só vamos juntos até o local da audiência. Depois decidimos o que fazer.
–Por mim, tudo bem.
Seguiram pelas ruas principais, guiando-se pelas placas e pelo GPS. Era incrível como havia uma infinidade de locais, cada qual com nomes igualmente confusos e difíceis de se localizar.
–A propósito, por que ainda está de uniforme? –Questionou o amigo.
–Ah, isso? Não tive tempo de ir em casa me trocar. –Explicou Miranda. –Mas talvez seja melhor assim. Quanto mais normal eu parecer, mais meu som vai parecer melhor. Ou assim espero. Isso faz sentido?
–É uma boa teoria. –Disse. –Vai usar seu youkai?
–Não tive muita escolha. Tenho que carregar o Tenshi comigo sempre, caso algo aconteça. Liguei para a gravadora e perguntei se teria algum problema se eu tocasse guitarra ao invés de violão e eles disseram que não havia.
–Bom, boa sorte, embora, na minha opinião, você já seja uma excelente guitarrista.
Miranda corou, esboçando um leve sorriso. Era bom ser elogiada.
–Que nada. –Disse nervosa. –Isso tudo é por causa do meu desejo. Pode perguntar para a Luna, eu era uma péssima guitarrista.
–Mesmo assim. Não foi o seu desejo que fez você ser aceita para uma audiência. Adoraria ouvir você tocar seu violão alguma hora.
–Posso providenciar esse desejo. Em troca, você mata uns youkais pra mim.
Alex riu da ironia da piada. –Parece um bom negócio.
Finalmente chegaram até o endereço especificado na carta. Era um dos milhares de prédios e edifícios que preenchiam São Paulo, enormes pilares de concreto e vidro que pareciam sustentar o próprio céu. Passaram pela portaria e subiram de elevador até o décimo quinto andar.
Ainda no elevador, Alexandre disse:
–Vou ficar de vigia, como prometido. Não sei se a distância vai interferir na ocultação de sua magia, então vou estar alerta.
–Ocultação? Como assim?
–Como você ainda não sabe ocultar sua magia, meio que eu camuflei você com a minha enquanto estávamos na rua. Desculpe, devia ter te avisado.
–Tudo bem, Alex. Pelo menos chegamos inteiros.
–Espero que continuemos assim.
O elevador indicou através de uma voz robótica e feminina "Décimo quinto andar. Cuidado com as portas ao sair".
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Ballet da Garota Mágica
Fantasy"𝙎𝙚𝙧 𝙪𝙢𝙖 𝙂𝙖𝙧𝙤𝙩𝙖 𝙈𝙖́𝙜𝙞𝙘𝙖 𝙚́ 𝙘𝙤𝙢𝙤 𝙖𝙥𝙧𝙚𝙣𝙙𝙚𝙧 𝙗𝙖𝙡𝙚́: 𝙧𝙚𝙦𝙪𝙚𝙧 𝙥𝙚𝙧𝙨𝙚𝙫𝙚𝙧𝙖𝙣𝙘̧𝙖, 𝙙𝙞𝙨𝙘𝙞𝙥𝙡𝙞𝙣𝙖, 𝙛𝙤𝙘𝙤 𝙚, 𝙥𝙧𝙞𝙣𝙘𝙞𝙥𝙖𝙡𝙢𝙚𝙣𝙩𝙚, 𝙩𝙧𝙚𝙞𝙣𝙖𝙢𝙚𝙣𝙩𝙤". Abordando a mitologia e o folclore j...