CAPÍTULO 7

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Eu já tive machucados feios e já ralei meus joelhos muitas vezes, caramba, aquilo doía, eu sempre corria para os braços da minha tia, chorando feito um bebê, e agora,  simplesmente entendo que aquilo não era tanto.

Considerando a dor imensa no meu tornozelo, os arranhões em todo o corpo não significavam nada. No resumo de tudo, eu voltei para casa com o tornozelo enfaixado, utilizando muletas, e ouvindo minha tia dizer que eu estava encrencada.

Soube que Dylan está preso em casa, e pelo que imagino, será por muito tempo.

— Tia, eu vou subir para o meu quarto! — digo ao chegar na ponta da escada.

— Antes quero conversar com você! — Ela se sentou e apontou para o sofá, pedindo-me para acompanhá-la.

Deixei minhas muletas encostadas no corrimão, e, dando pulos, sentei-me de frente para ela.

— Primeiro de tudo, eu quero que saiba que estou decepcionada com você. — Cruzou as pernas e os braços na tentativa de parecer mais responsável. Em respeito ao seu esforço segurei o riso. — Sorte sua que os polícias foram bonzinhos com a gente.

Ela tem razão, o chefe da polícia de Daley Hill é um dos admiradores da tia Eliza. Na verdade todos são, minha tia deve ter alguma poção poderosa do amor, mas acho ótimo porque em consequência disso, tenho passe livre para algumas coisas.

— Estamos todos preocupados com o sumiço do garoto, e não precisamos que vocês se arrisquem por aí como se fossem os salvadores da pátria!!

— Eu já pedi desculpa, tia. — lembro, enquanto solto um suspiro baixo.

— Também tem sorte de ter uma tia legal, vou te poupar de qualquer castigo, mas... — Sempre tem um "mas". — nada de filminhos na casa do Dylan!

— O quê?... — Demonstro meu total espanto. — Qual é, tia Liza?!

— Sinto muito, meu bem! Mas acho que o Carson pai, não quer saber de visitas para o filho. Achei um exagero, mas não posso fazer nada a respeito!!

Pego meu celular no bolso do meu short e destravo a tela com uma rapidez extraordinária para alguém como eu.

— Não adianta, Alice! — Ergo meus olhos para ela. — O cara não está para brincadeira, o celular do Dylan foi confiscado.

Ah! Ótimo.

— Que droga! — murmuro indignada. — Bem que eu disse para ele que toda essa aventura era maluquice.

— Deveria tê-lo feito mudar de ideia! Vocês dois ultrapassaram os limites desta vez.

— Eu tentei convencer o Dylan, mas ele estava tão certo do que queria. Eu também não poderia deixá-lo ir sozinho! — Ergo os ombros.

— Embora tenha sido perigoso, eu estou orgulhosa da amiga que você é para o garoto! — Sorriu fraco. — Mas, por favor, não saia por aí, não quero que pensem que não puni você por ter fugido.

— Você fala como se eu pudesse andar desse jeito. — Aponto para o meu pé.

— Assim está ótimo! — Ela se levanta, lançando uma piscadela rápida. — Vou preparar um chá, pode subir agora, se quiser.

Sem dúvidas eu tinha sorte em tê-la como responsável por mim, embora seja triste não ter a companhia dos meus pais, eu tenho uma tia incrível que não mede esforços para cuidar de mim. É claro que ela não é tão exemplar quanto as pessoas esperam que seja, mas pelo menos está tentando.

ENCONTRE-ME -  OS LOBOS (LIVRO 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora