CAPÍTULO 31

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Era noite de festa, muita bagunça , muita produção, pessoas desconhecidas se beijando em todos os cantos previsíveis e não previsiveis. Não havia álcool, não com o consentimento do nosso diretor, mas não significa que os alunos não davam um jeito de se entupirem de bebidas.

Dylan estava dançando na pista de dança ao som da Madonna, o estilo anos 80 foi o tema escolhido para a festa do mês.  Precisei pedir um vestido florido da minha tia Eliza, e um par de botas brancas. Ela me obrigou a fazer um penteado esquisito no cabelo, mais parecido com um ninho de pássaros. Foi doloroso me olhar no espelho. Aliás, é doloroso passar por cada parte do colégio onde é possível ver meu reflexo.

—  Você não parece estar se divertindo! —  Dylan engancha seu braço em meus ombros.

—  É porque eu não estou mesmo. —  respondo com o óbvio.

Dylan me dá um sorriso, parecendo estar cheio de ideias ao qual eu não vou concordar, e me puxa para a pista de dança.

—  Não...  —  Tento fincar os pés no chão, mas acabo sendo arrastada. —  Não, não, Dylan!! —  continuo choramingando.

Dylan nem se importa e começa a dançar de forma esquisita ao mesmo tempo que balança meus braços. Olho ao redor e percebo algumas pessoas me olhando como se um alien acabasse de pousar na pista. Dylan deixa um de meus braços e me puxa pelo queixo para que o olhe.

—  Não se importe com os olhares, Lice! —  diz em tom de repreensão. —  Estamos nos divertindo, e é isso que importa.

—  A gente bem que podia se divertir comendo, né? —  Dylan revira os olhos.

—  Deixa de ser careta. Vem, eu sei uns passos bem legais que aprendi na Internet.

Dylan parece mesmo ter estudado uma coreografia, uma música nova começou, nosso DJ anunciou Give it Up, foi o suficiente para que Dylan se empolgasse com seus passos. E como se não bastasse, me balançava junto. Num determinado momento, ele ameaçou me erguer segurando minha cintura. Dei um grito tão estridente que me surpreendi de não ter quebrado ao menos uma das janelas ou objetos de vidro. Não pareceu ser o suficiente para Dylan já que, em questão de segundos, meus pés já não estavam mais no chão. Recebi mais olhares do que antes e senti meu rosto esquentar por ter tanta atenção.

Dylan me ergueu e me abaixou com tanta facilidade que até me senti uma pluma, meus olhos raivosos o alcançaram, mas ele soube apaziguar a situação depositando um beijo em minha testa. 

—  Foi muito bom compartilhar desta dança com você, parceira!!

Ele solta uma piscadela e consegue retirar um sorriso de mim, mesmo não estando totalmente de acordo.

—  E desde quando meu parceiro virou o Hulk? —  Cutuco seus braços misteriosamente fortes.

—  Ah, isso?! —  Ergueu seus braços e forçou os músculos. Uma atitude bem desnecessária, eu diria.  —  Ah eu ando malhando.

—  Você? Malhando? Por essa eu não esperava mesmo. —  desdenho.

—  Tá na cara que você não sabe nada sobre minha nova fase. Aliás, vou começar a fazer Muay Thai, só estou esperando iniciar a turma.

Franzo o cenho. 

—  Cada dia que passa eu te estranho mais.

Dylan aperta uma de minhas bochechas.

—  Eu adoro surpreender. Você sabe! Ah, eu vou buscar um refrigerante, você quer?

—  Hm... Pode ser...

ENCONTRE-ME -  OS LOBOS (LIVRO 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora